sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Festa do Triunfo Eucarístico (Ouro Preto, 1733), a Origem do Carnaval Brasileiro

Na primeira metade do século XVIII, durante o apogeu da extração aurífera, o processo colonizador nas Minas foi marcado por constantes conflitos entre os colonos e as autoridades metropolitanas, por disputas de interesses entre os próprios colonos e também entre as autoridades. Diante dessa realidade a postura da Coroa portuguesa, não se caracterizou apenas pela adoção de um intenso controle repressivo com vistas à submissão dos colonos. Dada a importância da região mineradora e o conseqüente receio de se perder o controle sobre as tumultuosas Minas, a Coroa tratou de estabelecer uma prática de submissão ligada à prudência para a resolução dos conflitos e das sublevações, pois era fundamental a quietação dos povos, para que as riquezas da Capitania pudessem chegar aos cofres do rei, da forma mais rápida e ordenada possíveis.
Neste contexto, introduziu-se na região Minas uma estratégia de controle político-social, baseada na promoção de laços de identificação entre colonizadores e colonizados, apresentando aos súditos coloniais os códigos culturais da metrópole. O Barroco, movimento cultural destinado a manter o poder temporal do Rei, emoldurou o suntuoso cenário para as fortes manifestações culturais que experimentariam as Minas Gerais. E estas foram as mais variadas possíveis. No entanto, em maio de 1733, Vila Rica (atual Outro Preto) foi palco da maior e mais expressiva festividade barroca do Brasil Colonial: O Triunfo Eucarístico, considerado por muitos historiadores como a origem do Carnaval Brasileiro.
A ocasião era de inauguração da Igreja Matriz de N. S. do Pilar. Toda Vila Rica se preparou para a festa. O Senado da Câmara determinou, sob pena de multa, que os moradores mantivessem luminárias em suas fachadas, durante as noites de festividades. A comemoração preliminar começou vários dias antes. Desde o final de abril dois grupos de pessoas ricamente vestidas, com bandeiras de Nossa Senhora do Rosário e de Nossa Senhora do Pilar, tendo na outra face a custódia do Santíssimo Sacramento, percorriam as ruas da cidade e arredores, anunciando ao povo a futura solenidade. No dia marcado para a procissão, a cidade amanheceu, ricamente, ornamentada. No percurso entre as duas igrejas, as ruas foram atapetadas com flores e folhagens. Como homenagem dos moradores, nas janelas foram colocadas sedas e damascos, em meio a adornos de ouro e prata. Nas ruas, cinco arcos ornamentais, um deles de cera, e um altar para descanso do Santíssimo. Antes da saída do cortejo foi celebrada uma missa, durante a qual o Divino Sacramento esteve colocado em um braço de Nossa Senhora, em lugar do Menino Jesus. Deram início à procissão trinta e dois cavaleiros vestidos, militarmente, como cristãos e mouros, com dois carros de músicos instrumentistas e vocalistas. Logo em seguida, romeiros ricamente trajados, além de músicos com alegorias diversas. Seguiam-se quatro figuras a cavalo, representando os ventos dos quatro pontos cardeais. Todas, profusamente, revestidas com diamantes, ouro, rendas, sedas e plumas. Seguia-se um personagem, representando Ouro Preto, bairro de Vila Rica onde estava situada a nova Matriz do Pilar, para onde se dirigia o cortejo. Ele trajava vestes de tecidos finos, ornamentados com ouro e diamantes. O cavalo que montava era igualmente ornamentado com ouro, prata, esmeraldas e veludo. Vinham depois as esplendorosas figuras representando os corpos celestes: Lua, Marte, Mercúrio, Sol, Júpiter, Vênus e Saturno, todas com deslumbrantes indumentárias e fartamente escoltados. A seguir aparecia a figura que representava a Igreja Matriz do Pilar, com extraordinários ornamentos, portando um estandarte no qual estava, de um lado, a inscrição "Nossa Senhora do Pilar", e do outro a custódia eucarística. Após essas figuras, vinham as irmandades, conduzindo andores com seus santos padroeiros e cruzes de prata. Entre essas confrarias estavam as do Santíssimo Sacramento, da Senhora do Rosário, de Santo Antonio, de Nossa Senhora da Conceição e de Nossa Senhora do Pilar. Todos os participantes portavam trajes esplendorosos com acabamento em veludo e sedas, ouro, prata e pedrarias. Fechando a procissão, o Santíssimo Sacramento era conduzido pelo vigário da Matriz do Pilar, debaixo de um pálio de tela carmesim com ramos e franjas de ouro, sustentado por seis varas de prata. Logo atrás o Conde de Galvêas, Governador de Minas, com autoridades civis e militares da Capitania e de outras vilas mineradoras. Enfim, com toda a população de Vila Rica e arredores presente, foi uma grande apoteose de sinos tocando, bandas musicais, fogos e cânticos em homenagem ao Divino Sacramento. Os festejos prolongaram-se por três dias, com missas solenes, cavalhadas, corrida de touros e fogos de artifício. Nenhum outro acontecimento celebrado em Minas Gerais ou no Brasil Colonial teve tal esplendor, requinte de luxo e pompa.

"Triunfo Eucarístico de 1733, o vigário Felix Simões proclama para toda a cristandade: Eucharisthia in Translatione victrix , a Eucaristia vitoriosa na trasladação. Todo um reboliço de arte e política na religião popular ... ouro e música, fantasias e foguetes, teatros e serenatas, banquetes e danças, janelas com rendas e calçadas floridas...germina, nas minas gerais de Vila Rica, a semente cultural de um novo mundo, em sua mais lídima brasilidade." (Pe. José Simões).

Mas não foi apenas a manifestação do controle do poder real sobre a colônia. Foi também a celebração de um estado coletivo de euforia determinado pelo apogeu da aventura mineradora, nas Gerais, em que o ouro rompia as barreiras de uma sociedade, fortemente, estratificada, e pelo menos naquela ocasião, unia a todos, desde o escravo até o aristocrata, numa grande festa popular como ocorre até os dias atuais com o nosso Carnaval . 

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Pastor: Nada de Novo

Nem se contaram 30 dias de sua posse e o vereador-suplente pastor Carlinhos já voltou a protagonizar de suas conhecidas cenas de destempero e de despreparo para com o exercício da vereança.
Desta vez,  Carlinhos se fez no uso da tribuna para dirigir provocações às galerias populares, o que, de pronto justificou replicas no mesmo tom. Foi o que bastou para o pastor, mais uma vez, perder as estribeiras e armar seu picadeiro.
Nada de novo em se tratando do ex-presidente da Câmara que se fez envolver no caso do Crucifixo, na polêmica do Anexo e em outras mais. É o que acontece quando conchavos eleitoreiros levam para o Legislativo figuras rejeitadas pelo voto do eleitor.  
A questão é que, além de aumentar o descrédito  com o já desgastado Legislativo Monlevadense, neste caso específico, por se tratar de um vereador-pastor, atitudes como essa acabam afetado a imagem da honrosa Assembléia de Deus. Carlinhos deve compreender que ao se expor dessa maneira, ele também acaba expondo o seu rebanho.   




segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A Popularização da Mentira Descarada


Muitas vezes, o silêncio pode ser a melhor resposta. Também não sou de visitar blog que se dedica a explorar tragédia alheia da Rodovia da Morte ou a xeretar os registros  das polícias locais a procura de mais uma manchete sensacionalista, envolvendo algum morto-de-fome, ao passo em que, ao contrário, jamais publicou o que quer que fosse relacionado com a grande e verdadeira chaga brasileira  que, de certa forma, atinge a todos e se materializa por meio da gritante corrupção que se alastra para quase todos os lugares e, principalmente, para a política partidária, com raras exceções.  
Por que ao mesmo tempo em que noticia os crimes comuns de nossa cidade, o Blog Popular não divulga, por exemplo, aqueles crimes ainda maiores - os de corrupção - que repercutem sobre a Saúde, a Educação e etc e que não deixam de ser cometidos por suas referencias político-fisiológicas, como o caso do mensaleiro Mauri Torres que, além de outras coisas, avalizou um cheque no valor atualizado de 1 milhão de reais para a empresa SMP&B de Marcos Valério ou como Carlos Moreira que é protagonista dos maiores escândalos de corrupção da história deste Município? Será por quê, Bell Silva?
No entanto, para quem expõe sua opinião, publicamente, como faço aqui no Monlewood, é preciso saber responder ao senso comum que também é povoado pelo entendimento de “quem se cala consente".
 Portanto não é possível se consentir com a mentira descarada, gritantemente, verificada na postagem veiculada pelo blog O Popular a respeito do Carnaval do Transparência. E pior que a mentira é a prepotência do pseudo-jornalista em considerar que a maneira como o Transparência vai às ruas se manifestar, seja política ou culturalmente, se submete à suposta avaliação de seu baixo senso de moral e de crítica.     
Ao contrário do que desinformou o Blog Popular ao mentir que apenas 30 pessoas se somaram ao Carnaval da Transparência, participaram do aludido ato carnavalesco entre 500 e 600 foliões, como demonstram as fotos acima. E aqui, cito outro dito popular: “uma imagem vale mais do que mil palavras”. Só não houve mais gente porque, para um número maior de participantes seria necessária a instalação de certa estrutura, como palco, banheiros químicos, seguranças e etc, o que demandaria a concessão do alvará específico. E como sabíamos que o governo torresmista embaraçaria de todas as formas nosso carnaval, resolvemos ir às ruas não no formato de um evento propriamente dito, mas como uma simples manifestação cultural. Comprovação deste embaraço foi o auto de infração abaixo, expedido pela prefeitura em nosso desfavor e a mando de Carlos Moreira, com o absurdo subterfúgio de “comércio ambulante não autorizado”. Isto é, fomos autuados enquanto divulgávamos, em praça pública, uma manifestação cultural sem qualquer caráter comercial!
Quando comunicamos o Polícia Militar de nossa manifestação carnavalesca (documento abaixo), estimamos o número de 300 participantes. E como chegaram a participar do Carnaval do Transparência, praticamente, o dobro de foliões entusiasmados, alegres e irreverentes, o sucesso do ato é indiscutível.
O objetivo era não apenas resgatar com artistas da terra um pouco da tradição carnavalesca de João Monlevade, neste ano de seu cinqüentenário, como também comprovar que a justificativa dada pelo governo Torres para não realizar o carnaval na cidade, ou seja, de que “a Prefeitura não tinha dinheiro” só era mais uma grande mentira desta administração. Produzimos um carnaval com pouco dinheiro e muita vontade de fazê-lo.    
E por fim, para poupar o leitor, não vou nem contra-arrazoar  a psicose montada pelo Bell Silva de que Monlevade ficou desguarnecida de policiais e, supostamente, mais insegura por conseqüência do policiamento muito bem efetivado pela Polícia Militar durante o Carnaval do Transparência. Números não mentem. E o número informado para a PM foi o de 300 participantes. Os outros 300 que também participaram são apenas a conseqüência do sucesso.
E ano que vem tem mais...    

      

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

A Frustração que gera Violência nos Protestos

O quebra-quebra e a violência crescente que tem envolvido a chamada Primavera Brasileira apresentam um componente psíquico decisivo: a frustração.
Veja como ocorre. A nova classe média vai às ruas protestar por uma série de mudanças e no final do dia volta pra casa com a sensação de que tudo de nada adiantou. Por que? Porque para que as mudanças se efetivem é necessário que as reivindicações entrem no conteúdo programático dos partidos políticos. No entanto,verifica-se um completa aversão por aqueles que protestam em relação aos partidos políticos. Por que? Porque são filhos da grande mídia que prega, falaciosamente, que a política é um terreno, exorbitantemente, sujo com o qual o cidadão de bem não deve se envolver. Quem assiste ao Jornal Nacional, por exemplo, sai com a exata impressão de que a política é, invariavelmente, podre. Quando que na verdade podre é má política e que a boa política pode ser possível, desde que haja as reformas necessárias.  
Assim, como não enxergam perspectiva de resposta para suas reivindicações, os manifestantes, literalmente, apelam para o quebra-quebra que vai sempre resultar em violência. De certo modo, essa violência que a sociedade agora colhe nas manifestações tem sido plantada pela Mídia Brasileira desde a redemocratização, já que por todo este tempo a classe média nacional tem sido, violentamente, manipulada (manipulação é uma forma de violência) a se abster de participar, ativamente, da democracia brasileira. E qual o interesse por traz disso? A resposta evoca Martin Luther King: "o que me assusta não é grito dos maus, mas o silêncio dos bons".    
É que uma questão já foi definida pela Primavera Brasileira: que as coisas têm que mudar. O problema agora, é como efetivar tais mudanças. E não se iluda, não há outra forma que não passe pelos partidos políticos.    

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Mittal Compromete Futuro da Siderurgia Monlevadense

Lakshmi Niwas MittaL, presidente (CEO) da indiana  Arcelormittal, Foto: divulgação. 

Em 1937, quando da inauguração daquilo que se transformaria numa unidade da  Belgo-Mineira, a primeira denominação da siderúrgica local  foi Usina Barbanson Monlevade, numa conjugação de nomes que tanto homenageava o pioneiro francês, Jean de Monlevade, quanto outra importante e, muita das vezes, esquecida figura da história de João Monlevade,  o belga Gaston Barbanson, a quem coube a decisão de enviar para o Brasil uma missão técnica a fim de encontrar um local viável para a instalação de uma grande siderúrgica capaz de abastecer o crescente mercado domestico de aço e de também dirigir parte de sua produção para esforço de guerra aliado de uma Europa que se preparava para a  II Grande Guerra.
E naqueles idos, para a escolha do local de instalação da nova siderúrgica concorreram, decisivamente, 4 fatores:  a ocorrência de mata densa para a produção do carvão vegetal; a proximidade de um rio que pudesse suprir a nova planta industrial da grande quantidade d’água demandada pela atividade, além de potencial para geração de energia elétrica; a instalação de um ferrovia para escoamento tanto da produção destinada ao mercado interno quanto ao europeu e a existência próxima de ricas jazidas de minério de ferro.
Assim, a Mata Atlântica típica de nossa região, a abundância de água e o potencial hidrelétrico do Rio Piracicaba (Represa do Jacuí) e o compromisso de Vargas em instalar o ramal ferroviário da Central do Brasil, entre Santa Bárbara e Nova Era, somados à ocorrência das riquíssimas jazidas de ferro da Mina do Andrade, deram à circunscrição territorial que abrange o atual município de João Monlevade o posto de local escolhido para sediar o novo empreendimento.
Mais de 70 anos depois, verifica-se que as já quase, totalmente, devastadas matas da região não contam mais na composição da vocação siderúrgica local, vez que, há algum tempo, o carvão vegetal, originalmente, usado na redução do gusa foi substituído pelo equivalente mineral, importado da China. A Represa do Jacuí também já não é mais tão determinante assim, já que o país, atualmente, conta com uma vasta rede de geração e de transmissão de energia elétrica. O ramal ferroviário, que foi substituído pela ferrovia Vitória/Minas, continua indispensável para o escoamento da produção da Usina, apesar do emprego massivo do transporte rodoviário.
Visivelmente, do final da década de 30 até os dias atuais, muita coisa mudou na composição da vocação siderúrgica de João Monlevade. No entanto, nestes anos todos, dentre as várias alterações que se procederam dentro do processo produtivo da Usina,  pode-se dizer que apenas um elemento crucial para a vocação siderúrgica monlevadense permanecia, até então, inalterado: a rica jazida da Mina do Andrade.
Desde sempre, o Andrade produziu minério de ferro de extrema qualidade, exclusivamente, para atender a produção local de aço.
Agora, na era Mittal, isso não acontece mais. Além de atender a demanda local, a Mina do Andrade tem sido explorada à exaustão para atender outros mercados. São dezenas de milhares de toneladas de minério de ferro que, extraídos, dia a dia, vão esvaindo a jazida do Andrade, trazendo incertezas e dúvidas para o futuro da siderurgia do Município, que se desdobram como se segue:
Qual é o tamanho da jazida da Mina do Andrade? Neste ritmo de superexploração, em quanto tempo a Mina se exaurirá? E quando isso acontecer, o que será feito da Usina? Ela fechará ou se suprirá de ferro de outra mina? Qual mina seria essa? Seu minério também seria de extrema qualidade como o do Andrade, apresentando 68% de ferro de ferro?  Em quanto uma percentagem menor do teor de ferro no minério afetaria a qualidade do produto da Usina?  A Usina de Monlevade é, economicamente, viável sem a Mina do Andrade?
Tratam-se de indagações que já deveriam ter sido esclarecidas pela Arcelormittal logo do início da superexploração da Mina do Andrade e cujo silêncio em fazê-lo apenas sugere respostas nada auspiciosas para o futuro da siderurgia monlevadense.  

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

"Tudo como Dantes no Quartel d' Abrantes"




Origem da expressão" Tudo como dantes no quartel d' Abrantes".
A frase surgiu no início do século 19, com a invasão de Napoleão Bonaparte à Península Ibérica. Portugal foi tomado pelas forças francesas, porque havia demorado a obedecer ao Bloqueio Continental, imposto por Napoleão, que obrigava o fechamento dos portos a qualquer navio inglês. Em 1807, uma das primeiras cidades a serem invadidas pelo general Jean Androche Junot, braço-direito de Napoleão, foi Abrantes, a 152 quilômetros de Lisboa, na margem do rio Tejo. Lá instalou seu quartel-general e, meses depois, se fez nomear duque d’Abrantes.
O general encontrou o país praticamente sem governo, já que o príncipe-regente dom João VI e toda a corte portuguesa haviam fugido para o Brasil. Durante a invasão, ninguém em Portugal ousou se opor ao duque. A tranqüilidade com que ele se mantinha no poder provocou o dito irônico. A quem perguntasse como iam as coisas, a resposta era sempre a mesma: “Esta tudo como dantes no quartel d’Abrantes”. Até hoje se usa a frase para indicar que nada mudou.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Cadê o Rabecão?


Já reparou como João Monlevade é carente de instituições estaduais? IML é uma delas.
20 anos no exercício de mandato parlamentar na Assembléia de Minas não foram suficientes para que Mauri lutasse pela implantação de um IML em João Monlevade, pois o que existe no Cemitério do Baú não passa de um bizarro açougue do terror.
Coincidência ou não, agora que o filho de Mauri é prefeito de Monlevade, o endividado governo de Minas envia um Rabecão para o Município. Aleluia: menos mal!
Em João Monlevade, quando ocorre um acidente com vítima fatal ou um homicídio, por exemplo, quem recolhe e faz o transporte do corpo para ser periciado no Cemitério do Baú são as funerárias.
Ocorre que os funcionários dessas funerárias não são capacitados para tal e tão pouco se submetem à responsabilidade funcional própria de um serviço que deveria ser prestado pela autoridade estatal.
No caso de um assassinato, por exemplo, se um corpo é trazido para a perícia por determinada funerária e, entre a cena do crime e a sala de necropsia,  algum objeto de valor portado pelo morto (carteira, celular, relógio) se perde, a ocorrência passa a se afastar do homicídio doloso, que vai a Júri Popular, aproximando-se mais do latrocínio, que é julgado por um juiz singular. Ou seja, muda tudo! Daí a importância não só do Rabecão, como também de funcionários investidos de autoridade e de competência para executar um serviço que é essencial tanto para a elucidação de crimes, quanto para a dignidade post mortem.
Pois é... no ano passado,  o Rabecão chegou a Monlevade, ficou estacionado por 45 dias ao lado do prédio improvisado para abrigar parte da Polícia Civil (foto), de onde só saiu para transportar um carregamento de droga que foi incinerado no forno de uma siderúrgica e, desde então, desapareceu. Cadê o Rabecão, Mauri!?  
    

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Choque de Gestão: Teófilo Entrega Prefeitura a Empreiteiras

Quem considera que o chamado “Choque de Gestão” significa, necessariamente, equilíbrio das contas públicas está, redondamente, enganado.
Minas Gerais é um exemplo disso. O Estado vivencia há quase 20 anos o Choque de Gestão de Aécio Neves e Anastásia, acumulou neste período a incrível dívida de 70 bilhões de reais, que representa, hoje, quase 100% da receita prevista no orçamento de Minas para o exercício financeiro de 2014, que está estimada em 75 bilhões de reais.
Então, que “Choque de Gestão” é este que produziu em Minas uma dívida tão monstruosa e que, para se ser quitada, demandará o correspondente a um ano inteiro de trabalho do povo mineiro? A resposta é simples. “Choque de Gestão” nada mais é do que um nome pomposo para se justificar cortes na Educação, na Saúde e em outros setores sociais, com o intuito exclusivo de se fazer caixa para a contratação de empreiteiras que passam a executar serviços, que antes eram prestados, diretamente, pela Administração Pública.  
E é justamente isso que tem acontecido na gestão Teófilo/Moreira/Laura.
A limpeza pública urbana em João Monlevade sempre foi promovida pela frente de trabalho e por funcionários concursados da Prefeitura. Em breve, uma empreiteira será contratada para tal. A manutenção das vias sempre foi promovida, diretamente, pelo DVO. Agora, já existe uma empresa contratada para tal. Até mesmo uma das atividades fim do DAE – a de manutenção da rede de esgoto doméstico - já está sendo terceirizada para empreiteira. Tudo, ocorrendo ao mesmo tempo em que a Educação, a Saúde, a Cultura e outros setores públicos do Município sofrem com corte de gastos e investimento.
O leitor deve estar se perguntando “E daí ?”. E daí, que toda vez que um serviço público é terceirizado, sob a égide do famigerado “Choque de gestão”, ele, invariavelmente, fica mais caro para o contribuinte já que, ao contrário da Administração Pública, empreiteiro sempre visa o lucro. Assim, além de pagar pelos custos do serviço, o contribuinte também passa a pagar pelo lucro do empreiteiro, que, nestes casos, não chega a ser inferior a 40 ou 50%. Ao mesmo tempo, o contribuinte também segue a arcar com o custo da estrutura (salários, etc) que, institucionalmente, já existia na Prefeitura para prestar o serviço que passa a ser terceirizado, já que muitos funcionários lotados no respectivo setor são concursados e não podem ser demitidos.
De forma que o “Choque de Gestão” chega a dobrar o custo do serviço terceirizado, resultando, inexoravelmente, numa crescente dívida pública. O governo de Minas que o diga.    

    

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Fabrício Lopes e a Última Prandinada

Com apenas um ano de governo, Prandini foi capaz de, literalmente, dilacerar sua própria base no Partido Verde, iniciando, assim, uma crise política que o assombraria durante todo o seu mandato e que também se desdobraria em várias outras crises que lhe renderiam os incríveis 90% de rejeição popular conquistados pelo meteórico e destrutivo ex-prefeito.
E foi neste cenário que Fabrício Lopes caiu de pára-quedas no PV. Egresso da Prohetel - empresa-pivô do escândalo da Farra do Lixo, ocorrido na gestão Carlos Moreira - por ser consorte conjugal da melhor amiga da então primeira-dama, Fabrício foi, rapidamente, conduzido à chefia da Secretaria de Obras do governo pevista, onde construiu sua candidatura a uma cadeira no Legislativo Monlevadense, contando com o apoio incondicional do próprio Gustavo Prandini e com  muito asfalto do BDMG.
Agora, numa manobra eleitoreira para eleger deputado o irmão do prefeito (Tito Torres), Fabrício não nega suas origens e reassume a pasta, desta vez, sob o escudo dos Torres.
Resumo da ópera: mesmo exilado em Juiz de Fora e, felizmente, há mais de um ano longe do poder, o efeito Prandini ainda reverbera pelos dias atuais, produzindo aquilo que pode ser considerado como a última prandinada, ou seja, o fato de o ex-prefeito ter colaborado, diretamente, para a eleição de um vereador que, agora, ao assumir a pasta de Obras, revela que nunca deixou de ser moreirista/torresmista.  Aliás, nunca na história política de João Monlevade, nenhum prefeito contribuiu tanto para a eleição de adversários, como Prandini.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Boi de Piranha e Pára-Choque Político: Clã dos Torres Contraria Vontade Popular na Câmara

A novidade deste início de ano legislativo na Câmara fica por conta da manobra conduzida pelo clã dos Torres, consistente no afastamento do vereador Fabrício Lopes, que deixa a vereança para assumir a Secretaria de Obras, abrindo, assim, vaga para a posse de seu suplente, o ex-presidente da Casa, Pastor Carlinhos.
Não é a primeira vez que movimento desta natureza ocorre na atual legislatura. Logo que tomou posse como vereador, em 2013, Sinval foi conduzido à Secretaria de Serviços Urbanos, a fim de abrir vaga para seu suplente, o vereador Zé lascado.
Erraram duas vezes, daquela feita. Uma, porque investiram no cargo um secretário incapaz de manter a cidade limpa e bem cuidada. Duas, porque, ao mesmo tempo, perderam um vereador, historicamente, combativo em plenário, num cenário de grande insatisfação popular para com a atual administração, em troca de um edil, virtualmente, mudo e, confirmadamente, inabilitado para a vereança.
Tudo em nome do eleitoreiro. Os Torres não enxergam um palmo, sequer, além de seu próprio umbigo eleitoral. Nenhuma destas manobras foi concebida para, por exemplo, dinamizar ou melhorar a prestação dos serviços públicos ou coisa semelhante. Isso não importa. O que importa é o voto.
Os Torres não vêem  Sinval, Zé Lascado, Fabrício ou pastor Carlinhos como potenciais secretários ou vereadores que possam acrescentar algo de positivo ao Município. Na verdade, eles são vistos e manobrados, estritamente, conforme o papel que se dispõem a prestar: o de cabos eleitorais de Tito Torres e nada mais.
O fato é que tudo tem seu preço e em assim sendo, para Fabrício Lopes, o destino não deve guardar algo muito diferente do que  tem trazido para Sinval: o papel de pára-choque político e de boi de piranha do gabinete torresmista.
Já em relação a pastor Carlinhos o efeito também não deve ser muito diferente daquele verificado quando da posse de Zé Lascado: a indignação geral pela posse de mais um vereador rejeitado pelas urnas, ou seja, pela vontade popular.