sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Provedor Confessa Relação com Plano de Saúde


Publiquei mais cedo texto sobre a alteração do plano de saúde dos funcionários do Hospital Margarida. O provedor, José Roberto Fernandes, que não tem papas na língua, resolver respondê-lo num grupo do Facebook onde postei o link da matéria. Disse ele : (sic) “alguém avisa esse cidadão que alugar a parte residencial de um imóvel a uma pessoa e a parte comercial a uma empresa é uma prática de mercado totalmente lícita, inclusive a questão já foi avaliada pelo Ministério Público que arquivou denúncia semelhante deste cidadão”.
Primeiro, o que o provedor tem que entender é que ele se encontra gestor de recursos públicos e não agente do mercado. Segundo, quando a questão foi avaliada pelo MP, o plano Top Vida Card ainda não havia sido contratado pelo provedor. Tentei prevenir o MP, mas ele não quis se precaver. Agora vai ter que remediar. E terceiro, como sempre fala demais, o provedor acabou confessando que o plano de saúde contratado por ele para atender os funcionários do Hospital Margarida mantém sede em sua residência no Bairro Areia Preta.
Ao que parece, a maior dificuldade do provedor é, justamente, compreender que ele é gestor de recursos públicos e que, portanto, não se encontra subordinado apenas às leis de mercado. Ele deve submeter suas práticas aos princípios constitucionais da administração pública, entre eles o da impessoalidade que proíbe o provedor de hospital subvencionado pelo poder público de manter relações de interesse pessoal com particular que presta serviço para a casa de saúde.

Provedor Faz Filantropia com Plano de Saúde


Há exatamente um ano, escrevi  aqui no Monlewood sobre a absurda confusão entre o público e o privado que se verificava em anúncio (imagem) que circulou muito nas redes sociais, recrutando vendedores para um plano de saúde denominado Top Vida Card , para qual os interessados deveriam encaminhar currículo para o endereço onde até então residira o atual provedor do Hospital Margarida, José Roberto Fernandes (foto), no número 369 da Av. Getúlio Vargas, Areia Preta.
O provedor do HM, enquanto gestor de recursos públicos, não pode manter qualquer relação de interesse com plano de saúde. É imoral e potencialmente pernicioso!
Vejamos agora, um ano depois, que José Roberto Fernandes na “qualidade” de provedor do HM rescindiu o contrato de plano de saúde para os funcionários que o Margarida mantinha com a Unimed e contratou sabe qual outro plano no lugar? Adivinha! O Top Vida Card, que estava recrutando vendedores na casa dele, na Areia Preta.
Na semana passada, recebi telefonema de um grupo de funcionárias do hospital, relatando o ocorrido e completando que o atual plano de saúde do HM, o Top Vida Card,  não tem cobertura e que elas não conseguem sequer agendar consultas com ele.
Está aí a filantropia do José Roberto.  Muito parecida com a filantropia que ele fez com o Bingo do Hospital.   

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Gatuno age livremente em Carneirinhos



Um gatuno especialista em furto de telas de computadores e notebooks atua, livremente, na região central da cidade, há pelo menos 02 anos.
Seu alvo predileto são escritórios de advogados, contadores e demais profissionais liberais, localizados nos prédios comerciais de Carneirinhos . Ele age em qualquer dia da semana, preferencialmente, após o expediente comercial e costuma freqüentar o mesmo prédio em espaços curtos de tempo. É ágil, leve e atua munido de um alicate de pressão com que quebra as fechaduras, arrombando as portas discretamente. Também desparafusa grades com muita habilidade. É daqueles que não ficam mais de 05 minutos no local do crime.

E se age há tanto tempo, com tanta desenvoltura e periodicidade, é porque tem receptador certo e recorrente, além da acobertação necessária.          

segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Antes de Monlevade tudo Era Impossível



Logo na virada para o segundo quartel do sec. XIX , o ouro de aluvião,  aquele minerado artesanalmente na superfície solo, nas bancadas de sedimentos, nas encostas  dos morros ou mesmo aquele extraído dos veios das galerias argilosas das encardideiras, já  apresentava vertiginosa queda na produção há algum tempo.  Era, então, necessário minerar os filões de ouro formados na rocha dura de quartzito.  Mas, como separar o ouro da rocha dura? Com um incrível esforço para a adoção de novas tecnologias jamais visto nas Minas.  Concedido pelo Barão de Eschwege, o engenho homônimo prometia processar o quartzito aurífero,  empregando força hidráulica para o funcionamento de pesados trituradores de ferro a fim de esmagar a rocha, para, então, se proceder à lavagem do metal precioso . Faltava apenas quem os produzisse  em escala industrial, pois cada unidade do Engenho de Eschwege, contava com uma fileira de cerca de uma dezena deles que, em razão do desgaste provocado pelo trabalho contínuo de trituração da rocha dura, ainda necessitariam ser substituídos a cada 90 dias.  As companhias mineradoras inglesas que se fundavam às dezenas por toda a Minas Gerais demandariam pela produção anual de centenas de trituradores de ferro, pesando 80 quilos cada um.
Àquela altura, Monlevade, jovem engenheiro francês, formado em mineralogia e metalurgia pela Escola Politécnica de Paris, já se encontrava a percorrer e a estudar as jazidas minerais de Minas Gerais há quase uma década. Inclusive,  tendo instalado fundições de ferro em Sabará e Caeté, onde experimentara grande dificuldade diante da ausência de matas abundantes para o fabrico do carvão, insumo indispensável à metalurgia. Em Sabará, fôra pioneiro ao realizar a primeira corrida brasileira de ferro gusa, na Fazenda da Barra do Rio Preto, onde fundira bastante ferro com que fizera muitas bigornas, aguilhões (eixos), almofarizes, tambores, vasos,  etc . Não existia, portanto, em Minas outra pessoa que, por sua formação, experiência metalúrgica local, conhecimento científico sobre a imensa riqueza ferrífera do subsolo mineiro e espírito aventureiro, pudesse topar aquela empreitada.  Foi o homem certo na hora certa. 
O único senão era  que  as empreitadas assumidas por Monlevade naquele momento, jamais haviam sido tentadas até então e para o óbvio eram encaradas como, virtualmente,  impossíveis de serem realizadas  naquela sociedade barroca, escravocrata, conservadora e desiludida com o declínio da Ciclo do Ouro . Como estabelecer na Minas Gerais do sec. XIX uma pioneira indústria capaz de produzir em escala os trituradores de ferro e de transportá-los por grandes distâncias até as diversas Minas de Ouro? O primeiro passo também  seria outro feito, até então, julgado como de impossível  realização, uma verdadeira epopéia:  importar da Inglaterra para a alfândega do Rio de Janeiro e de lá transportar para o coração da Serra do Espinhaço  algo jamais visto no Brasil, o Martelo de Forja a Vapor de Monlevade, seguramente, a primeira máquina a vapor a ser empregada em método industrial do Brasil, cujo apenas um dos malhos pesava 1.200 quilos de peso, numa época em que não existiam ferrovias, estradas minimamente carroçáveis e as cargas eram conduzidas nos lombos das mulas em vias que, em muitas da vezes, passava apenas um animal por vez.
E Monlevade inicia sua empreitada já, de pronto, vencendo o impossível.  Em 1828, chega a São Miguel do Piracicaba uma inédita e intrépida expedição que, iniciada a bordo de um barco a vela de dois mastros, escoltado por duas embarcações de guerra a fim de dissuadir a ação de piratas, havia zarpado do Rio de Janeiro, em setembro de 1827, levando a Martelo de Forja a Vapor e todos os outros equipamentos industriais que equipariam sua Fábrica de Ferro, rumo a foz do Rio Doce, onde em Regência, no Espírito Santo,  o  total de 7.500 quilos de carga foi distribuído entre 12 imensas canoas militares cuja a força motriz seriam os braços e as pernas de mais de uma centena de índios Botocudos que, em 7 meses de exaustiva e arriscada viagem rio acima, ultrapassando todas as cachoeiras, corredeiras, obstáculos e perigos da selva tropical, entregaram a preciosa encomenda a salvo, sem nenhuma perda para a maquinaria.  
A partir daí, o Martelo de Forja a Vapor e demais equipamentos  funcionariam, incessantemente, por 50 anos, fazendo da Fábrica de Ferro de Monlevade a mais importante do Brasil Imperial e a principal fornecedora de artefatos de ferro para a última fase do ciclo da mineração do ouro em Minas Gerais, que se deu mediante a implantação de companhias de mineração Inglesas, produzindo em escala para elas não apenas os tão demandados trituradores de ferro, como também tantas outras ferramentas utilizadas na mineração e no cotidiano da província, além de peças muito maiores, algumas com mais de 900 quilos de peso, as quais fazia transportar em carretões de 4 rodas, que também os fabricava, puxados por várias juntas de bois, através de uma vasta rede de estradas carroçáveis que mantinha, dotadas de pontes e pousos, até seus variados clientes, alguns a mais de uma centena de quilômetros de distância de sua fábrica, como a Companhia do Morro Velho, em Nova Lima.
Os registros históricos revelam que não há exagero algum em afirmar que antes de João Antônio de Monlevade, era considerado impossível transportar do Rio de Janeiro para as terras altas de Minas Gerais uma carga de 7.500 quilos de peso de equipamentos industriais, inclusa a Máquina a Vapor. Também não é exagero dizer que antes de Monlevade era considerado impossível estabelecer no coração da Minas Gerais carola, conservadora e escravocrata do sec.  XIX uma indústria moderna, apesar da mão-de-obra cativa, capaz de atender em escala a grande demanda por artefatos de ferro que se impunha pela florescente mineração mecanizada do ouro que se iniciava, resolvendo também a questão nevrálgica da produção em escala do indispensável carvão vegetal . A Fazenda Monlevade produzia muitas toneladas diárias de carvão. Ainda não seria exagero dizer que antes de Monlevade era considerado impossível de se produzir no Brasil peças de ferro de mais de 900 quilos de peso e transportá-las por estradas carroçáveis a paradeiros, relativamente, distantes, como  a Mina de Morro Velho, em Nova Lima. Em outras palavras, antes de Monlevade , tudo era impossível! Mas tudo o quê? Tudo o que é fundamental para a formação da identidade monlevadense e para a necessária revisita que todo monlevadense deve fazer junto à  lição histórica de modernidade deixada por  João Antônio de Monlevade,  traduzida sempre pela imprescindibilidade do emprego da ciência, da inovação e da  tecnologia para se realizar  o impossível. Foi o advento da máquina a vapor que inaugurou a Era Moderna e ter no Município um exemplar desta revolucionária tecnologia e algo muito especial.   
 O Martelo de Forja a Vapor de Monlevade representava a tecnologia de ponta existente na época em matéria de metalurgia. Além de baratearem em 50% o custo da produção das forjas, a inovação representada pelo martelo vapor possibilitou a produção em escala de peças de ferro cada vez maiores, de peso limitado apenas aos tamanhos dos próprios martelos que aumentaram consideravelmente ao longo dos tempos.  Monlevade é sinônimo do emprego da ciência e da tecnologia para se realizar o impossível!

Hoje, o Martelo de Forja de Monlevade (fotos) e demais equipamentos chegados na expedição de 1828 integram o acervo do museu fechado e destelhado mantido pela siderúrgica Arcelormittal, cujas outras peças de madeira do acervo estão se perdendo pela ação das intempéries, tendo já parte de uma das máquinas de Monlevade - um engenho hidráulico de pilar borras de ferro – desabado em decorrência das ultimas chuvas.