terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Duplicação da BR-381

Recentemente, o presidente Lula assinou o termo de concessão da BR-381, que prevê a finalização da duplicação da rodovia, a instalação de praças de pedágio, entre outras coisas.

Tristemente alcunhada de Rodovia da Morte, apenas no trecho entre João Monlevade e Belo Horizonte, tido como o mais perigoso, existem 200 curvas. Em toda a sua extensão, de São Paulo a Governador Valadares, a BR-381 mata perto de 200 pessoas por ano.

Boa parte do trecho da 381 entre João Monlevade e Belo Horizonte que conhecemos hoje foi instalada na década de 1950 pela Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira (vídeo anexo), seguindo o traçado dos antigos caminhos das tropas e dos carros de bois existentes deste o século XIX entre a Fábrica de Ferro Monlevade de 1828 e Sabará. Por isso aquele trecho tem tantas curvas.   Para as tropas as retas não importavam, mas sim a topografia capaz de firmar as quatro patas da mula no chão. Não existem retas nos diversos ramos da Estrada Real.  Eles foram sempre abertos obedecendo a topografia dos contornos das numerosas serras existentes, o que produzia muitas curvas e quase nenhuma reta. E a Belgo-Mineira nunca foi especialista em aberturas de estrada. Considerando ainda o grande aumento da velocidade média advindo da evolução dos veículos desde a sua instalação, a rodovia delineada pelos caminhos tortuosos das tropas, então se transformou numa carnificina. Não é difícil para qualquer cidadão monlevadense indicar, pelos menos, 10 pessoas conhecidas que perderam a vida na 381.

Situação muito diferente da encontrada nos trechos já duplicados da rodovia, que eliminaram o traçado das tropas com a instalação de viadutos vertiginosos, pontes e túneis. Mesmo as curvas existentes obedecem a um padrão de ângulo aberto que se repete por todo o traçado. As curvas da nova 381 são todas iguais, situação muito diferente do traçado anterior. Aliás, comparando o traçado da nova com o da velha 381 é possível concluir que a região nunca teve uma estrada decente. A nova 381 é quase uma Autobahn, que é o conceito de excelência de rodovia. O novo traçado não ficou livre de acidentes. Nele têm sido comuns, por exemplo, o tombamento dos bi-trens  por excesso de velocidade, que costumam ser fatais.  Mas, as colisões frontais, que eram as mais comuns e mais letais não mais ocorrem nos trechos duplicados.    

Neste contexto, é preciso deixar registrado que foi a presidente Dilma quem iniciou o processo de duplicação da BR-381. E que a partir de seu impeachment, a duplicação foi suspensa, sendo retomada somente agora, quase uma década depois. Assim, o golpe contra Dilma foi especialmente caro para a região. Espero que o Lula termine a duplicação da Rodovia da Morte para que seu terceiro mandato possa deixar algum legado para a região, porque até agora nada de concreto.  Diante da escalada do custo de vida, a impressão que se tem é que não houve mudança de presidente.


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