domingo, 18 de julho de 2010

História das Minas de Ouro e Diamante: a Escravidão nas Minas

Em 1832, circum-navegando a América do Sul, rumo à famosa ilha de Galápagos, onde encontrou a surpreendente fauna que o inspiraria a elaborar a revolucionária Teoria da Evolução das Espécies, o naturalista inglês Charles Darwin passou pela Bahia e pelo Rio de Janeiro, onde escreveu:

... finalmente, deixamos as praias do Brasil. Agradeço a Deus e espero nunca visitar outra vez um país escravocrata... Perto do Rio de Janeiro, morei em frente a uma velha senhora que guardava tarraxas para esmagar os dedos de suas escravas. Fiquei em uma casa onde um jovem mulato era diariamente e a cada hora maltratado, espancado e atormentado, de um modo suficiente para aniquilar o espírito do animal mais miserável. Vi um garotinho de seis ou sete anos de idade ser atingido três vezes na cabeça por um chicote de açoitar cavalos (antes que eu pudesse interferir) simplesmente por ter me alcançado um copo de água que não estava bem limpo. Vi seu pai tremer apenas com um relance do olhar de seu mestre...


Execução da Pena do Fugitivo e Escravos ao Tronco: Debret

Feitor Corrigindo Escravo: Debret

Nas Minas, a escravidão não se distanciou dos moldes cariocas ou baianos. Os primeiros escravos negros chegaram às Minas, logo após a descoberta das primeiras jazidas auríferas, em 1695. Para cá foram trazidos escravos capturados em várias nações africanas, tais como Sudão, Guiné, Angola, Moçambique e Congo. Para o trabalho na mineração havia a preferência por um tipo específico de escravo, pelo qual se pagava caro: o negro-mina. Baixo e forte, o negro-mina vinha da região do Congo. Forte para a brutalidade do trabalho e baixo para melhor se mover nos ambientes apertados dos talhos e das galerias das minas, o negro-mina recebia tal denominação por conhecer técnicas rudimentares de mineração, as quais aprendia em sua própria cultura. A viagem da África ao Rio de Janeiro durava geralmente cerca de 2 longos meses. Nos escuros porões dos navios, os escravos eram amontoados como gado e batizados na fé católica. Os homens recebiam o nome de Chico e as mulheres de Chica ou Maria. A travessia do Atlântico era uma verdadeira provação. Tormentas e naufrágios eram constantes. Devido aos maus tratos, às péssimas condições do transporte e à falta de asseio, comida e água potável, calcula-se que morriam de cinco a vinte e cinco porcento dos negros, durante a viagem.
Mercado de Escravos no Rio de Janeiro:Debret

Os que chegavam vivos e em condições de serem expostos à venda, nos mercados de escravos no Rio de Janeiro, ainda tinham de sobreviver à longa caminhada até as regiões mineradoras. Escoltados por tropeiros armados, o negros eram acorrentados uns aos outros e, descalços, eram conduzidos pela Estrada Real até as principais vilas da capitania como São João Del Rei, Vila Rica (Ouro Preto) e o Distrito Diamantino do Tejuco (Diamantina). Em 1876, quando o ouro de aluvião começa a apresentar sinais de exaustão, a Capitania já contava com o incrível número de 174.135 cativos, numa população de total de 362.847 habitantes. Para a maioria dos negros escravos, a situação de vida na sociedade mineradora não foi melhor do que a do nordeste açucareiro. A brutalidade da exploração do escravo, certamente, foi mais grave nos trabalhos de extração aurífera nas lavagens das várzeas e ribeiros e nas escavações das galerias subterrâneas. O negro era obrigado a trabalhar o dia inteiro em ambientes úmidos, frios e, muitas vezes, claustrofóbicos. Devido à desumana condição do serviço, os escravos morriam com cinco ou sete anos de serviço na mineração. Eram comuns as mortes por soterramento, afogamento, asfixia e por doenças como silicose, dermatites agudas, pneumonia e tuberculose. Mas nem tudo foi barbárie no mundo do escravo mineiro. As Minas foram palco de várias histórias de perseverança, obstinação e liberdade, como a de Chico Rei em Vila Rica (vide postagem Chico Rei, o Rei do Congo no Brasil) e de Chica da Silva no Distrito Diamantino. A grande quantidade de ouro encontrado nas Minas e o fácil acesso ao metal precioso permitiam ao escravo comprar sua liberdade. Era comum na região mineradora permitir que o escravo garimpasse ouro por conta própria, aos domingos e nos dias santos. Assim, era possível ao negro acumular ouro suficiente para comprar sua alforria ou até mesmo comprar outro escravo que era oferecido ao seu senhor em troca de sua liberdade. Uma vez libertos, o escravos alforriados se organizavam em irmandades religiosas, nas quais se ajudavam mutuamente e pagavam pela alforria de outros escravos. As irmandades negras mais comuns eram as da padroeira Nossa Senhora do Rosário. Praticamente, cada vilarejo mineiro possuia um Capela do Rosário. Mas, existiam ainda as irmandades de Santa Efigênia, de Nossa Senhora das Mercês, de São Gonçalo e de São Francisco dos Cordões da Penitência, nas quais se admitiam negros forros. Os escravos libertos encontravam nas irmandades religiosas um espaço para o exercício da sociabilidade e também para a prática sua cultura, sobretudo, a religiosa.Foram nestes locais que a religiosidade da África se fundiu com a do colonizador portugues, dando origem ao sincretismo religioso como o Congado, o Reizado e etc.
Escravos Carpinteiros: Debret
Escravos Cangueiros e Diferentes Nações de Escravos: Debret
Sapataria: Debret
Exploração de Granito: Debret

Os escravos foram responsáveis pela produção de toda a riqueza da Capitania das Minas de Ouro, até a abolição da escravidão, em 1888. Extraíram todo ouro, o diamante e as gemas preciosas. Construíram as ruas, o casario, as igrejas e as cidades. Exerceram os mais diversos ofícios necessários à dinâmica das vilas mineradoras. Foram deles, e das nações indígenas que herdamos os elementos étnico-culturais, que, somados à matriz portuguesa, resultaram na formação da magnífica e incomparável Civilização Mineira.

15 comentários:

  1. perfecto esse texto raquel

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  2. Não eraa perfeitamente o qe eu queria e precisava mas táah muito bom!

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  3. Muito bom. Realmente era o que eu precisava.

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  4. ainda bem que as coisas mudaram porque tanta desumanidade?

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  5. era isso que eu precisava mto bom\

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  6. como eles sofreram.Mas ainda bem que acabou

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  7. parabèns pelo seu blog me ajudou muito e as fotos são perfeitas. bjs

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  8. achei muito bom so precisava da fotos huehue mais ta bom

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  9. esse sit ta almentando mais e mais ki bom ken criou ta de parabéns

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  10. Amei o texto e o site é ótimo, pratico e objetivo. adorei para fazer minhas pesquisas da escola. super recomendo

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