terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A Crise da Medicina Nacional na Falta de Pediatras do Hospital Margarida

Monlevade tem cerca de 20 pediatras. Destes, apenas 2 ou 3 se dispõem a dar plantão no Hospital Margarida.
O fato é que a medicina nacional a cada dia se reveste mais e mais de forte caráter mercantil.
A histórica e já conhecida crise na saúde pública brasileira, agora, atinge toda a medicina brasileira.   
A falta de investimentos públicos dos últimos 25 anos em novas vagas em cursos de medicina, somada ao forte e, neste caso, míope corporativismo da classe são a receita da atual crise que acomete toda a medicina brasileira. Aliás, os últimos a investirem na abertura equacionada (demanda x oferta) de novas vagas nas universidades de medicina foram os militares.  
É verdade que o país conta com numerosas faculdades de medicina. Mas, também é verdade que elas não formam médicos em número suficiente para atender a demanda  nacional. Assim, uma demanda crescente por médicos, conjugada a 25 anos de uma quase estagnação no aumento de novas vagas nas universidades resulta, inexoravelmente, em escassez de profissionais no mercado de trabalho e, consequentemente,  em altíssimos salários. O Brasil tem a metade de médicos per capta se comparado a países como Argentina, Chile e Uruguai (não vou nem citar país de 1° mundo).
Aí, o médico (não são todos, apesar de ser uma realidade crescente) se esquece do Juramento de Hipócrates, afasta-se da função social da medicina e só quer pegar o filé. Financeiramente, ele não precisa dar plantão no Margarida, acompanhar parto às duas da madrugada, porque a falta de profissionais frente a demanda é tão grande que apenas atuando em seu consultório sua renda mensal chega a 20 ou 30 mil reais. É o efeito da  irrevogável Lei da Demanda e da Oferta que também atua sob os salários.
Para o bolso do médico essa lógica, evidentemente, é excelente. Mas, para o cidadão e para a própria medicina brasileira ela é péssima e desumana.
O lobby dos Conselhos de Medicina em se posicionar contra a abertura de novas vagas em cursos de medicina e de também atuar, contrariamente, ao ingresso emergencial de médicos estrangeiros no país tem se configurado como uma inconsequente reserva de mercado que só faze esvaziar de profissionais o setor da saúde pública brasileira  ao mesmo tempo em que mergulha a medicina nacional numa  profunda crise abastecida por múltiplos cifrões.   


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