Inicio minha atividade neste ano de 2014, aqui no Monlewood,
com mais uma cena abominável de terror produzido pela BR-381, a Rodovia da Morte.
Desta vez, um carro de passeio rodou na curva do Corte de Pedras
(João Monlevade) e colidiu de frente com um caminhão. Na ocorrência, 2 pessoas
ficaram, gravemente, feridas e uma criança de apenas 5 anos de idade teve sua
cabeça decepada pelas ferragens do que restou do carro em que viajavam e que se
partiu ao meio na colisão.
Durante toda a Guerra do Vietnã morreram 60 mil soldados
norte-americanos. Foi o suficiente para que a sociedade daquele país se
mobilizasse em torno dos movimentos sócio-culturais que sacudiram os Estados
Unidos dos anos 70 e que iam desde o pacifismo hippie, até os protesto das
bandas e dos famosos festivais de rock, o que forçou o Tio Sam a se retirar da
guerra no episódio que ficou conhecido como a Queda de Saigon, talvez, o mais
vexaminoso da historia norte-americana.
Aqui no Brasil, o trânsito mata todo ano mais de 60 mil
pessoas, o equivalente a 8 anos de Guerra do Vietnã e, assustadoramente, não se
percebe nenhuma comoção nacional ou qualquer reação massificada que possa forçar
a sociedade a reverter esse quadro.
E não é apenas o trânsito que mata, absurdamente. O Brasil
registra 50 mil homicídios por ano, dos quais apenas 10% são elucidados pelo
atual modelo de polícia e sabe-sé lá quantos milhares também não morrem na
falta de atendimento, na omissão e nos erros cometidos dentro do sistema de saúde
privado e público deste país.
A ignorância é outra que, certamente, também mata muito. Num
Brasil de 17 milhões de analfabetos e de 40 milhões analfabetos funcionais,
muita gente morre sem saber o que está fazendo. Morre afogada, eletrocutada,
contaminada, de acidentes em casa ou no trabalho que poderiam ser, facilmente, evitados
e etc.O Brasil deve ser o país do mundo, situado fora de uma zona de guerra, em
que mais se morre gente.
São números crescentes que falam por si e revelam apenas uma
coisa: na sociedade brasileira contemporânea a vida não vale, simplesmente,
nada. E nunca será possível se construir uma civilização, verdadeiramente,
humana, se o mais básico dos direitos, ou seja, o Direito à Vida, não for,
efetivamente, garantido, já que para se exercer todos aqueles outros direitos conhecidos (livre manifestação do pensamente, direito de ir e vir, livre expressão
artística ou científica, direito a educação, saúde, cultura, trabalho...) é necessário estar vivo.
Belo texto,bela análise e importante conclusão.
ResponderExcluirÉ necessário esta vivo ,vivo, psicologicamente ,culturalmente ,politicamente,no sentido pleno.