sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

O Genocídio Brasileiro Contemporâneo

Inicio minha atividade neste ano de 2014, aqui no Monlewood, com mais uma cena abominável de terror produzido pela BR-381, a Rodovia da Morte.
Desta vez, um carro de passeio rodou na curva do Corte de Pedras (João Monlevade) e colidiu de frente com um caminhão. Na ocorrência, 2 pessoas ficaram, gravemente, feridas e uma criança de apenas 5 anos de idade teve sua cabeça decepada pelas ferragens do que restou do carro em que viajavam e que se partiu ao meio na colisão.
Durante toda a Guerra do Vietnã morreram 60 mil soldados norte-americanos. Foi o suficiente para que a sociedade daquele país se mobilizasse em torno dos movimentos sócio-culturais que sacudiram os Estados Unidos dos anos 70 e que iam desde o pacifismo hippie, até os protesto das bandas e dos famosos festivais de rock, o que forçou o Tio Sam a se retirar da guerra no episódio que ficou conhecido como a Queda de Saigon, talvez, o mais vexaminoso da historia norte-americana.
Aqui no Brasil, o trânsito mata todo ano mais de 60 mil pessoas, o equivalente a 8 anos de Guerra do Vietnã e, assustadoramente, não se percebe nenhuma comoção nacional ou qualquer reação massificada que possa forçar a sociedade a reverter esse quadro.
E não é apenas o trânsito que mata, absurdamente. O Brasil registra 50 mil homicídios por ano, dos quais apenas 10% são elucidados pelo atual modelo de polícia e sabe-sé lá quantos milhares também não morrem na falta de atendimento, na omissão e nos erros cometidos dentro do sistema de saúde privado e público deste país.
A ignorância é outra que, certamente, também mata muito. Num Brasil de 17 milhões de analfabetos e de 40 milhões analfabetos funcionais, muita gente morre sem saber o que está fazendo. Morre afogada, eletrocutada, contaminada, de acidentes em casa ou no  trabalho que poderiam ser, facilmente, evitados e etc.O Brasil deve ser o país do mundo, situado fora de uma zona de guerra, em que mais se morre gente.
São números crescentes que falam por si e revelam apenas uma coisa: na sociedade brasileira contemporânea a vida não vale, simplesmente, nada. E nunca será possível se construir uma civilização, verdadeiramente, humana, se o mais básico dos direitos, ou seja, o Direito à Vida, não for, efetivamente, garantido, já que para se exercer todos aqueles outros direitos conhecidos (livre manifestação do pensamente, direito de ir e vir, livre expressão artística ou científica, direito a educação, saúde, cultura, trabalho...) é necessário estar vivo. 

Um comentário:

  1. Belo texto,bela análise e importante conclusão.
    É necessário esta vivo ,vivo, psicologicamente ,culturalmente ,politicamente,no sentido pleno.

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