terça-feira, 27 de julho de 2021

O Brasil não Pode Perder a Oportunidade Histórica Representada por Bolsonaro


 Imagem:https://blogdopaulinho.com.br/2018/10/23/o-dna-nazista-de-jair-bolsonaro-avo-do-candidato-foi-soldado-de-hitler/


Em se tratando de política, o Brasil é mestre em perder oportunidades históricas.

Em 1888, a Monarquia decretou a abolição da Escravatura no Brasil. Antes que ela pudesse proceder à concessão de bens e direitos aos cativos então libertados, a elite brasileira procedeu a um golpe militar e expulsou do Brasil a redentora princesa Isabel e seu pai, o imperador Pedro II, ambos brasileiros nascidos no Palácio São Cristóvão, no Rio de Janeiro, foram expulsos do país para que a reforma agrária não fosse efetivada entre os ex-escravos. O Brasil, então, viveu mais de três décadas de uma oligarquia desumana e racista a que se chamou de “República do Café com Leite”e que foi responsável pela origem das favelas, a mais grave questão social brasileira.

Em 1930, Getúlio Vargas acendeu ao poder. Vargas fez muito pelo Brasil, mas não fez a reforma agrária que Pedro II fora impedido de fazer. Deixou a Presidência da República morto.

Em 1964, o presidente João Goulart anunciou que faria a reforma agrária, a reforma política, a reforma dos meios de comunicação, a reforma tributária, a reforma educacional, etc. A mesma elite brasileira procedeu ao mesmo golpe militar, impedindo Goulart de efetivar as reformas anunciadas e, igualmente, expulsando-o do país. O Brasil, então viveu mais de duas décadas de um violento e tortuoso regime militar que apenas agravou as questões socais do país.    

Em 1988, o Brasil se redemocratizou do Golpe de 64, mas não puniu os assassinos, os torturadores e os sabotadores da ditadura. Também não colocou em prática as reformas de base anunciadas por João Goulart. Ora, se o Golpe de 64 se deu como forma de impedir as reformas anunciadas por Goulart,  a redemocratização em 1988 não poderia acontecer sem a implementação de tais reformas, o que também não foi feito.

Em 2002, Lula foi eleito presidente do Brasil. Lula também fez muito pelo país, principalmente instituiu o regime de cotas nas universidades públicas e distribuiu uma parte ínfima da renda nacional entre aqueles que se encontravam excluídos nas favelas, desde a República Velha do Café com Leite. Mas, não realizou a reforma agrária que Pedro II fora impedido de fazer, nem as Reformas de Base que João Goulart.

Em 2014, Dona Dilma foi eleita presidente da República. O Brasil, então, se tornara um dos maiores mercados mundiais de automóveis, computadores, celulares, eletro-eletronicos, etc, chegou ao posto de 6ª economia mundial, ultrapassando a Inglaterra.  Mas, a Dona Dilma não realizou a reforma agrária que Pedro II fora impedido de fazer, nem as Reformas de Base de João Goulart. Então, aqueles que deram o Golpe de 64 e nunca foram punidos, reincidiram na conduta e depuseram a presidente.

O impeachment de Dilma conduziu à eleição de Bolsonaro e o desastre do bolsonarismo representa um grande momento histórico para o Brasil reorganizar-se enquanto país e não deixar de proceder às reformas institucionais, cujas oportunidades históricas de realização foram se perdendo ao longo da história, entre golpes. Tudo o que hoje instrui o bolsonarismo era velado no Brasil até a sua eleição: o racismo, o fascismo, o negacionismo, o terraplanismo, etc.   Agora, em meio ao bolsonarismo, as pessoas, sobretudo a classe-média brasileira, são declaradamente racistas, fascistas, negacionistas e terraplanistas. Isto é, agora, quando tudo o que, veladamente, instruía a sociedade brasileira vem à tona, temos a oportunidade histórica para tratá-lo.  E fascismo se trata com formação humanista e filosófica. É hora de o Brasil adotar um novo modelo de formação de seu povo, uma nova escola que prepare o cidadão para o convívio humano e o ensine a pensar.

O bolsonarismo também representa o saudosismo ao militarismo de 64, é em grande parte composto por aquelas viúvas convenientes da ditadura que alegam que o golpe foi bom para o Brasil. Não existe golpe sobre uma democracia que possa ser considerado bom. Todo golpe desferido contra a democracia é algo errado e antiético. No Brasil, muitos consideram o contrário porque os ditadores brasileiros jamais foram punidos e nunca se revelaram todos os atos de assassinato, tortura e sabotagem cometidos pelo regime militar. Eu por exemplo, tenho a convicção de que quem colocou fogo no Colégio do Caraça em maio de 1968 foi a ditadura militar brasileira. Não é por menos que o humanismo que era lecionado no Caraça pode ser considerado ainda hoje a antítese perfeita ao bolsonarimo vigente. Então, caberá ao próximo presidente da República punir os ditadores do regime militar e revelar tudo o que aconteceu naquele período para resolver de vez o engodo do “bom militarismo” no Brasil e para também dissuadir a elite a praticar golpes contra o país. Será que existe alguma dúvida de que enquanto os golpistas não forem punidos exemplarmente, eles não deixarão de dar golpes?

Outra oportunidade criada pela tragédia do bolsonarimo é que com ela se abre mais uma janela histórica para o Brasil realizar as reformas de base de João Goulart.  Veja como estamos atrasados. Em 1964, Goulart anunciou que realizaria as Reformas de Base. A elite então deu um golpe, impedindo-o de fazê-lo, como já mencionado. Ocorre que passados longos 57 anos do Golpe Militar, o Brasil ainda não promoveu as Reformas de Base de João Goulart. Donde, se conclui que o dito golpe atrasou, institucionalmente, o Brasil, até o momento, em 57 anos. Então, o próximo presidente da República terá de realizar as Reformas de Base de João Goulart. Não digo nem a Reforma Agrária, que é algo tão utópico no Brasil, pelo menos, a Reforma Política e a Reforma dos Meios de Comunicação.

        


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