terça-feira, 15 de setembro de 2015

80 Anos da Usina e uma Reflexão

Nesta ocasião em que a Usina Monlevade completa 80 anos, mais fechada do que nunca, muitas reflexões se fazem necessárias. Entre elas e talvez a mais importante, a relação da Arcelormittal com a Imprensa local.
Não é possível que a Arcelormittal siga a ser tratada pelos órgãos de imprensa local como se fosse uma padaria ou uma bodega qualquer. A atividade siderúrgica trata-se de indústria pesada de transformação e, no caso de Monlevade, tudo que a Mittal faz ou deixa de fazer tem implicações diretas no centro histórico do Município, no meio ambiente, na qualidade de vida dos munícipes e na economia local. 
O modelo vigente de comunicação inaugurado ainda na década de 80, a partir do ingresso de co-fundador do Jornal A Notícia na Assessoria de Comunicação da Usina, só tem feito retroceder a dialética que existiu entre a Siderúrgica e o Município, nos tempos da saudosa Companhia Siderúrgica Belgo Mineira. Para citar um exemplo devastador: foi esse modelo de comunicação o maior responsável pela destruição dos edifícios históricos e do casario neo-clássico da Praça Ayres Quaresma, ocorrido no final dos anos 80. E de lá, pra cá, a Usina se fechou ainda mais para o Município. Até a era Mittal, então, o monlevadense jamais havia convivido com uma Usina tão hermética e autista. Nem mesmo o Museu instalado no Solar Monlevade encontra-se disponível à visitação. Os edifícios que compõem a identidade monlevadense, como o prédio do Antigo Cassino, se encontram em estado preocupante de deterioração, apresentando até pichações. Isso, sem falar na poeira emitida pela atividade siderúrgica que toma conta dos bairros no entorno da Usina.
O fato é que qualquer modelo de comunicação que insira a poderosa Arcelormittal dentro de uma redoma de cristal, como tem ocorrido há décadas, não pode estar apto a contribuir para o desenvolvimento e a qualidade de vida de João Monlevade. Já viu, por exemplo, alguma foto de efluente da Usina escorrendo pela sarjeta de Avenida Getúlio Vargas estampar a coluna “Casa da Mãe Joana” do Jornal A Notícia? Enquanto a imprensa local não pautar tais situações, elas não serão resolvidas e, por conseguinte, não haverá qualidade de vida no Município.Uma imprensa que não colabora para o desenvolvimento da sociedade não tem razão de existir.  

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