terça-feira, 15 de maio de 2018

Museu Monlevade é Reaberto à Visitação


















Depois de muita reclamação aqui no Monlewood, o Solar Monlevade, aquele pátrio e amplo “sobrado com varandas nas quatro faces, tanto embaixo como em cima, segura com dobrada fileira de esteios”, sede administrativa da Fazenda Carvoeira e da Fábrica de Ferro homônima, foi, recentemente, reaberto à visitação do público. 

Participei da primeira visita agendada para o dia 20 de abril que, por coincidência, ou melhor, por afinidade contou com a presença de meu estimado professor de Língua Portuguesa, escritor e entusiasta da história de Monlevade, Geraldo Eustáquio Ferreira, o querido Dadinho, além de outros.
A visita é conduzida em pessoa pelo assessor de comunicação da Usina, Lucas Vilela, acompanhado de outros funcionários da Arcelormittal, em clima de muita receptividade e percorre o primeiro e o segundo pavimento do Solar, onde podem ser vistas inúmeras pinturas temáticas, mobiliário da época de Luis Ensch e os aspectos gerais do casarão, como o pé-direito avantajado, a singela capela, as amplas varandas, os belos aposentos, etc, etc. Chamam à atenção as finas dobradiças e fechaduras das portas e janelas, muito provavelmente fabricadas pelo próprio Monlevade. Quase todo acervo do casarão é composto por itens posteriores à fundação da Belgo Mineira, em 1935, eis que quando a Fábrica de Ferro foi vendida à Companhia de Forjas e Estaleiros, a família Monlevade levou consigo seus pertences. No entanto, os Monlevade, posteriormente, doaram para o Solar um garfo de prata e louças gravadas com as iniciais “JM” do pioneiro fundador , que pertenceram a família e que podem ser vistos na visita. Do Solar, a visita segue para o não menos interessante Museu Monlevade do Ferro e do Aço, que tem como acervo o formidável maquinário que equipou a Fábrica de Ferro ao longo de suas fases. O Martelo de Forja a Vapor que integra o acervo do museu é uma máquina formidável e deve ser o único da América Latina. 
Interessante também foi observar a maneira mais científica com que a Usina interpreta a história de Monlevade. Diferentemente, da Câmara de Vereadores e de outros que, erroneamente, dizem que Monlevade chegou a essas terras em 1818 e inclusive já comemoram os 200 anos de sua fixação na sesmaria de São Miguel, a Usina busca ser mais fiel à historiografia local, ao considerar que Monlevade só vem a se instalar a partir de 1824. Tal precisão se faz importante, não só para se fazer justiça ao pioneiro, mas principalmente para buscar compreender este personagem que foi tão importante para a mineração e a metalurgia de Minas Gerais. Quando se afirma que Monlevade chegou a São Miguel em 1818, passa-se, automaticamente, a desconsiderar grandes feitos realizados pelo metalurgista em outros pontos de Minas, pois antes de fundar sua Fábrica de Ferro aqui, morou ele, por exemplo, em Sabará, onde também foi pioneiro e realizou a primeira corrida de ferro coado, isto é, ferro-gusa de Minas Gerais. Antes de se fixar na sesmaria de São Miguel, Monlevade ainda viveu em Caeté, onde também instalou fornalhas e produziu muito ferro. Vale dizer, a interpretação equivocada da história de Monlevade só diminui sua obra, dificultando sua interpretação. 
As visitas ao Solar ocorrem em toda penúltima sexta-feira do mês e devem ser agendadas pelo telefone 31 3859-1455. As datas previstas para as próximas visitas são 18/05, 15/06, 20/07, 17/08, 21/09, 19/10, 16/11 e 21/12/18. O acesso é através do estacionamento que existe à direita do Solar. 

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