quarta-feira, 8 de maio de 2013

Ditadura da Libertinagem


O a grande herança maldita do Golpe Militar de 64 não foram os censurados, os perseguidos, os exilados, os desaparecidos ou os assassinados. Também não foi a produção de uma geração inteira de políticos, despreocupada e desacostumada com a condução da governança nacional, eis que durante os 21 anos de ditadura, tal papel coube, exclusivamente aos militares. Tampouco foi a petrificação e o retardo evolutivo das instituições e do senso cívico do povo brasileiro.
A pior conseqüência do 1º de Abril de 1964 foi ter traumatizado este país a ponto de, a partir da re-democratização, o Brasil chegar ao extremo de confundir a conquista da liberdade com o domínio generalizado de uma libertinagem desumana, em que tudo parece ser permitido e, absolutamente, nada é respeitado.
Nem tanto ao céu, nem tanto à terra: se antes éramos oprimidos por um regime ditatorial formal e  tangível, hoje, vivemos numa ditadura ainda mais grave, informal e intangível, gerada pela dominação do império da libertinagem que, igualmente, fabrica mortos, aos milhares (rodovias, violência urbana etc),  exilados de sua própria consciência, aos milhões (17 milhões de analfabetos e 40 milhões de analfabetos “funcionais”) e toda uma sorte de desaparecidos, como aqueles que, metaforicamente, somem na fila do SUS, nos bancos da Escola de Ensino Integral, no acesso à informação, no acesso ao meio ambiente equilibrado, na qualidade de vida, no desenvolvimento humano, etc.              

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