terça-feira, 4 de junho de 2013

Setores da Imprensa Monlevadense se Prestam a Anteparo do Poderoso Mittal

O indiano Lakshmi Niwas Mittal, presidente da Arcelormittal. Política de super-exploração  da Mina do Andrade, sem diálogo ou compensação. Foto: divulgação. 

Acabo de ler na edição de hoje do Jornal A Notícia a matéria intitulada “Perigo na Estrada do Forninho”, que abordou, de maneira indireta e incompleta, a nova dinâmica vivenciada pela Mina no Andrade e já descrita aqui neste blog.
A aludida matéria faz menção à nova portaria de acesso à Mina do Andrade que está sendo implantada na Estrada do Forninho pela Arcelormittal e chama a atenção quando declara:

... A Usina de Monlevade não fica distante dali (da nova portaria) mais de 10 quilômetros, o que torna o transporte mais rápido e praticamente elimina a utilização de vias públicas no centro da cidade...  

Infelizmente, com a declaração em destaque, o Jornal desinforma a população. O minério de ferro extraído da Mina do Andrade, que é utilizado na redução do ferro-gusa, não é transportado para a Usina pelo modal rodoviário e sim pelo ramal ferroviário que liga a siderúrgica à Mina.  Assim, para a produção local de aço, a nova portaria em nada aproveita.
Também não é verdade que a nova portaria da Mina do Andrade “elimina a utilização de vias públicas no centro da cidade” já que, na era Mittal - quando a Mina deixou de produzir, exclusivamente, para a siderurgia local, passando a vender em grande quantidade para outros mercados - para escoar a produção do minério, dezenas de carretas trafegam, diariamente, por vias centrais do Município, como as avenidas Getúlio Vargas e Wilson Alvarenga e por outras como a Av. Armando Fajardo.
Essa tentativa que se tem em buscar colocar a poderosa indiana Arcelormittal dentro de uma redoma de cristal não é boa para Monlevade nem para a própria Usina.  
A nova dinâmica de super-exploração da Mina do Andrade já é um fato de repercussão histórica local  e, certamente, trará impactos profundos para o futuro do Município, devendo ser tratada pela Acelormittal com mais transparência, diálogo e respeito, o que ainda não aconteceu.
A Mina se encontra em território de Bela Vista. Mas, por motivos óbvios, todo o ônus sócio-econômico de sua exploração recai sobre o município de João Monlevade. Trata-se de um debate que não pode ser preterido, sob pena de as novas gerações – nossos filhos e netos – pagarem um preço elevadíssimo no futuro por essa omissão, deliberadamente, assumida por nossos governantes e pela direção da Usina. E a imprensa deve se portar como indutor deste debate e não como anteparo de quem se furta ao debate.        


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