Acabo de ler na edição de hoje do Jornal A Notícia a matéria
intitulada “Perigo na Estrada do Forninho”, que abordou, de maneira indireta e
incompleta, a nova dinâmica vivenciada pela Mina no Andrade e já descrita aqui
neste blog.
A aludida matéria faz menção à nova portaria de acesso à
Mina do Andrade que está sendo implantada na Estrada do Forninho pela
Arcelormittal e chama a atenção quando declara:
... A Usina de Monlevade não fica distante dali (da nova
portaria) mais de 10 quilômetros ,
o que torna o transporte mais rápido e praticamente elimina a utilização de
vias públicas no centro da cidade...
Infelizmente, com a declaração em destaque, o Jornal
desinforma a população. O minério de ferro extraído da Mina do Andrade, que é
utilizado na redução do ferro-gusa, não é transportado para a Usina pelo modal
rodoviário e sim pelo ramal ferroviário que liga a siderúrgica à Mina. Assim, para a produção local de aço, a nova
portaria em nada aproveita.
Também não é verdade que a nova portaria da Mina do Andrade “elimina
a utilização de vias públicas no centro da cidade” já que, na era Mittal -
quando a Mina deixou de produzir, exclusivamente, para a siderurgia local,
passando a vender em grande quantidade para outros mercados - para escoar a
produção do minério, dezenas de carretas trafegam, diariamente, por vias
centrais do Município, como as avenidas Getúlio Vargas e Wilson Alvarenga e por
outras como a Av. Armando Fajardo.
Essa tentativa que se tem em buscar colocar a poderosa
indiana Arcelormittal dentro de uma redoma de cristal não é boa para Monlevade
nem para a própria Usina.
A nova dinâmica de super-exploração da Mina do Andrade já é
um fato de repercussão histórica local e,
certamente, trará impactos profundos para o futuro do Município, devendo ser
tratada pela Acelormittal com mais transparência, diálogo e respeito, o que
ainda não aconteceu.
A Mina se encontra em território de Bela Vista. Mas, por motivos
óbvios, todo o ônus sócio-econômico de sua exploração recai sobre o município
de João Monlevade. Trata-se de um debate que não pode ser preterido, sob pena
de as novas gerações – nossos filhos e netos – pagarem um preço elevadíssimo no
futuro por essa omissão, deliberadamente, assumida por nossos governantes e
pela direção da Usina. E a imprensa deve se portar como indutor deste debate e
não como anteparo de quem se furta ao debate.
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