sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Escalada da Dissimulação: Proposto Debate entre Belmar e Carlos Moreira



O Brasil sofre por ter se tronado um país pouco filosófico, ou seja, que não pensa. Pouco depois do Golpe Militar, já em 1966, o regime proibiu que a disciplina filosofia constasse das grades curriculares das escolas. Em 1968, ano mais conturbado da Ditadura Militar, o Colégio do Caraça, uma das mais tradicionais escolas de Filosofia do Brasil, ardeu em nebulosas chamas, encerrando suas atividades. A disciplina Filosofia só voltaria a ser obrigatória nos currículos escolares em 2014 e já existem vários projetos de lei tramitando no Congresso para proibi-la novamente. De outro lado, na grande mídia, como a Rede Globo, conceito filosófico só circula no Globo Rural. No restante da programação, como nas novelas, tudo é passional. O cidadão é aquilo que o país faz dele. Por isso o brasileiro contemporâneo tem muita dificuldade de crítica e se engana, deixando levar-se pelas aparências. 
Para a Filosofia, o político só pode ser avaliado por seu histórico, isto é, por suas ações. Se um deputado vai à televisão e se diz contrário a Temer, mas no momento da votação da admissibilidade da denúncia contra o presidente, o mesmo deputado lhe profere um voto favorável , para a verdade filosófica, aquele parlamentar é aliado de Temer e não o contrário como, inicialmente, declarado.
Recentemente, depois de vir à tona a utilização indevida da estrutura da campanha majoritária no comitê do Bairro Cruzeiro Celeste pela ex-vereadora Filinha em benefício de Belmar Diniz, o que favoreceu em muito a apertada eleição de Simone, o parlamentar se viu na necessidade de dissimular que, de fato, é um vereador de oposição, ou seja, contrário ao grupo político de Carlos Moreira. Num primeiro momento, olhando para Belmar, tudo indica que se trataria o mesmo de um vereador de oposição: ele é filiado ao PT, é filho de Leonardo, etc. Mas no entanto, se fizermos o exercício filosófico de analisar o histórico parlamentar de Belmar Diniz, veremos que não é bem assim. Em seu último mandato na Câmara, Belmar, filiado ao PT e filho de Leonardo, votou em todos os projetos de interesse do grupo de Carlos Moreira, como o Rotativo, a terceirização do DAE e a autorização para a Enscon deixar de receber o pagamento da passagem em dinheiro, a bordo do coletivo. Logo, como votou a favor de tais projetos, Belmar Diniz, não pode, na prática, ou seja, à luz do pensamento filosófico, ser considerado um vereador de oposição. É muito mais importante para Carlos Moreira ter um vereador de oposição que vota com ele na Câmara, do que um de situação. Belmar se torna ainda mais importante para Carlos Moreira quando, ao se beneficiar indevidamente do comitê do Novo Cruzeiro, fez Railton e Laércio perderem as eleições por apenas 126 votos de diferença. 
É por isso que tem havido tanto jogo de cena entre Belmar e Moreira, ultimamente. Depois de favorecer a apertada vitória de Simone, Belmar se viu obrigado a dissimular alguma coerência política e agora é visto caçando pombos, etc. Hoje, já circulou até proposta de um debate entre Moreira e Belmar na rádio Cultura. Tudo, dissimulação para manter apenas as aparências. No fundo, Moreira nunca teve tanto interesse num vereador, como tem em relação a Belmar. Imagina! Um vereador de oposição que vota com o Moreira e ainda faz o adversário perder eleição. É tudo que Moreira mais quer!
Não se deixe levar pelas aparências ou por miragens. Política é uma ciência humana e, como tal, não comporta incoerências. Avalie o político, sobretudo, pelo seu histórico. A política incoerente já provou que não produz bons frutos. Estão aí o Rotativo abusivo; os sucessivos aumentos na tarifa da água, após a terceirização do DAE; o alto preço e a péssima qualidade do transporte público, etc. A incoerência desagrega e também nos faz perder eleição.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ofensas e denúncias infundadas serão riscadas ou excluídas a critério do autor do Blog. Obrigado pelo comentário.