quarta-feira, 25 de julho de 2018

Relatório Brasil 2018




Devemos avaliar tudo que nos é colocado pelo seu resultado, jamais pela sua aparência. É o exercício a que a filosofia (disciplina que ensina a pensar) se ocupa de extrair a essência do objeto, a verdade por detrás das aparências e das fachadas, que é o que interessa para o pensamento humano. O resultado é o verdadeiro espelho de tudo, pouco importando se a fachada é em mármore carrara ou se o sujeito usa terno Armani. Se alguém, por exemplo, se declara seu amigo, mas te prejudica deliberadamente, para razão humana ele é seu inimigo. É com este parâmetro que passo a registrar o que tenho testemunhado no Brasil nos últimos quase quatro anos. E não vou entrar em questões partidárias. Apenas no resultado que se apresenta, depois de quase quatro anos do tremendo impasse político que vive o país.
Neste tempo, o Brasil deixou uma situação de pleno emprego e aquecimento econômico para despencar no abismo do desemprego e da recessão econômica. Apesar de a televisão anunciar expectativa de melhora, a percepção que se tem é que a crise se aprofunda, com outras graves conseqüências, como o aumento da violência. Agora, podemos dizer que somos todos testemunhas de que o aprofundamento da desigualdade social aumenta o nível de violência que já é muito alto no Brasil.
Sem qualquer discussão política, vi o Brasil revogar o fundo soberano vinculado aos royalties do petróleo do Pré-sal, que possibilitaria o país mais do que dobrar o investimento em educação nas próximas décadas. Perceba que o fundo se tratava da receita que levou, por exemplo, a Noruega a alcançar o elevado nível de desenvolvimento que tem: investir a renda do petróleo em educação. E o Brasil rasgou a receita norueguesa de desenvolvimento ao meio, sem qualquer discussão política, nos últimos quatro anos. 
Vi também o Brasil entregar o petróleo do Pré-sal numa bandeja de prata para a Shell e a base de foguetes de Alcântara para os EUA. Vi o almirante da marinha responsável pelo programa dos submarinos nucleares desenvolvidos para o patrulhamento do Pré-sal, ou seja, uma das autoridades mais importantes da geopolítica do continente, ser preso e o projeto, suspenso. Vi um país que contou com 350 anos de trabalho escravo e pouco agiu para solucionar seu pesado legado da Escravatura flexibilizar, sem a devida discussão política, sua legislação trabalhista. Vi a Embraer ser entregue à estadunidense Boeing .
Pude ver que a política no Brasil é determinada por um vergonhoso conflito de classes: de um lado as classes C, D e E, que representam mais de 75% da população e, de outro, as classes A e B, que representam menos de 25% da população e não aceitam a ascensão das primeiras. Como pode a classe-média desejar um país melhor, sem a ascensão social das demais classes?! Vi, portanto, que, assim como a elite brasileira, a classe-média não tem um projeto de país para o Brasil. 
Vejo hoje um país desesperançoso, violento, estagnado, incerto e muito difícil de qualquer previsão sobre o que o destino lhe reserva para os próximos meses, que serão de eleições gerais, se é que ocorrerão. Vejo que, inconformada com a ascensão social dos anos anteriores, a mesma classe-média que foi às ruas derrubar a Dilma, agora, está em peso a apoiar a candidatura do ultra-conservador Bolsonaro, que, assim, corre um risco imenso de ser eleito presidente do Brasil, se as eleições ocorrerem. Se Trump foi eleito nos EUA, onde diziam haver um sistema que nunca permitiria a eleição de alguém como ele, no Brasil, a eleição de Bolsonaro parece a mais provável, principalmente, diante da prisão de Lula. 
Como se vê, o resultado de tudo que tem ocorrido no Brasil nos últimos anos é péssimo! Ou será, que o país melhorou? Nem mesmo a classe-média pode dizer que melhorou, pois, apesar de seus privilégios, o desemprego e a recessão econômica também a afetam e é ela a classe que mais sofre com o aumento da violência. A classe A anda de helicóptero, de carro blindado e mora em condomínio fortificado. Como é burra essa classe-média!

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