terça-feira, 1 de abril de 2014

Ditadura Militar: 50 Anos de Atraso

A data de hoje marca os 50 anos do golpe militar que instalou a Ditadura Militar no Brasil. Foram mais de duas décadas de um regime violento e despótico que não apenas atrasou sobremaneira o desenvolvimento deste  país, como também revelou o quanto a elite brasileira é mesquinha, míope, retrograda e, umbilicalmente, atrelada a interesses que não são os nacionais.
Ao contrário do que povoa o imaginário nacional,  o Golpe de 64 não foi concebido pelos militares. Eles se prestaram apenas a instrumento da barbárie. O golpe foi engendrado pela chamada elite brasileira, composta pelos latifundiários, oligarcas, pelos donos dos grandes meios de comunicação e de produção etc, que, articuladamente,  se insurgiram contra as reformas de base pretendidas pelo governo do presidente, então, deposto João Goulart.
As alegadas indisciplina e quebra de patente foram apenas um pretexto utilizado pelos militares para o desfecho daquele 1° de abril. Na verdade, quem perpetrou o golpe contra a nação, como se deve frisar, foi a, historicamente, “favorecida”  elite brasileira, que naquele momento se encontrava aterrorizada diante da perspectiva de um país, integralmente, moderno, mais justo e afastado dos ranços do Brasil-Colônia das Capitanias Hereditárias e dos coronéis.
Foi a elite que não aceitou a reforma agrária, a reforma política, a reforma educacional, a reforma tributária e tantas outras pretentidas naquele momento e que, 50 anos depois, ainda são, justamente, a mesmas demandas por esse país.
Ora, se hoje, nada data de 1° de abril de 2014, o Brasil ainda demanda, fundamentalmente, por todas aquelas reformas que não foram implementadas em 1964, a lição objetiva que fica da Ditadura Militar só pode ser uma: que aquele golpe atrasou este país em 50 anos. Tivéssemos efetivado aquelas reformas naqueles idos, hoje, certamente, estaríamos muitíssimo mais perto do desenvolvimento que tanto almejamos e que nunca chega. Mas, a elite assim não o quis...
E nesta amarga e salgada conta deixada por mais de duas décadas de ditadura, além dos mortos, dos perseguidos, dos desaparecidos e de todas as violações contra a condição humana que ocorreram,  também deve ser contabilizado talvez o mais pesado legado daqueles dias de trevas a reverberar nos dias atuais: uma classe política corrúpta e descompromissada com a responsabilidade de administrar a Coisa Pública.
Ocorre que durante a Ditadura Militar, os políticos brasileiros foram forçados a entregar a gestão do país aos militares, criando-se, assim, durante os mais de 20 anos que se seguiram, toda uma geração de políticos “desabituados” das questões administrativas nacionais e protegida por um sistema em que não havia independência entre os poderes, liberdade de imprensa, de comunicação e de opinião, ou seja, um ambiente perfeito para propagação da corrupção generalizada, que se verifica até hoje.  Com o fim da ditadura, essa mesma classe política de “desabituados” voltou ao governo da nação, no entanto, já inserida dentro de uma cultura política avessa às questões administrativas do país, o que também se pode ser verificado com muita força até os dias atuais. Significa dizer que esses políticos incompetentes e corruptos de hoje são, em grande medida, filhos e netos dessa ditadura que alguns desavisados ainda têm a coragem de defender.  
E não foi só isso... Os militares acabaram com as ferrovias do Brasil, a fim de sufocar os movimentos contrários à ditadura que partiam dos sindicatos dos ferroviários. Colocaram fogo na Biblioteca do Caraça (tese em construção). Mataram Juscelino e o próprio Jango, como hoje se cogita. Em suma,  cometeram atentados diversos contra tudo e contra todos... Ditadura, nunca mais!           

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