quarta-feira, 28 de julho de 2010
Atropelamento Global
O episodio do atropelamento d o músico Rafaela Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, revela o quão desigual, corrupta, confusa e hipócrita é a sociedade brasileira. No Rio de Janeiro, uma pessoa é atropelada a cada duas horas e, na maioria absoluta dos casos, o que se verifica é o descaso das autoridades para com as vítimas e culpados. Mas no caso do filho da atriz global, um aparato cinematográfico de investigação é empenhado sobre a luz dos holofotes de uma mídia sensacionalista, que é a primeira a desigualar os cidadãos. No país da Constituição que diz que todos são iguais perante a lei, a morte de alguns choca mais do que a de vários outros. E, pra variar, ainda existem fortes indícios de corrupção por parte da polícia que exigiu o seu para livrar a cara do atropelador. E, por fim, vem a Globo, no seu eterno papel de alienadora do Brasil, dizer que os esqueitistas estavam no túnel interditado, porque, segundo ela, lá seria um lugar seguro para a prática do esporte. Ora, se o túnel está interditado é porque nele não há segurança para motoristas, motociclistas, ciclistas, pedestres ou mesmo esqueitistas. Lamento muito a morte do músico, assim como lamento qualquer morte prematura. Mas neste caso, todos estão errados: o atropelador que batia pega, o esqueitista que não respeitou a interdição do túnel, a polícia que se corrompeu e a mídia que só se indigna contra a morte de filhos de famosos.
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