terça-feira, 2 de julho de 2013

Dissecando a Era Mittal

O indiano Lakshmi Niwas Mittal, presidente da Arcelormittal. Foto: Divulgação

A despeito do ufanismo passional que muitos andam pregando a respeito da duplicação da Laminação da planta siderúrgica da Arcelormittal em João Monlevade, vamos, neta oportunidade, buscar dissecar essa nova realidade vivenciada pelo setor no Município e seus possíveis desdobramentos futuros, analisando os elementos que nos são colocados pela própria Usina.
Inicialmente, nos cabe relembrar do projeto inicial de duplicação da capacidade produtiva da Usina apresentado em 2008, quando se previu a duplicação integral da linha de produção da planta siderúrgica monlevadense, desde a ampliação da extração do minério de ferro na Mina do Andrade, passando pela duplicação da Sinterização, Alto-Fornos, Aciaria e Laminação.  Este seria o projeto ideal para João Monlevade, pois além de gerar mais postos de trabalho, diretos e indiretos, e mais receita para o Município, significaria a segurança em se manter a atividade siderúrgica local por décadas à frente, considerando o altíssimo investimento de se instalar e manter dois alto-fornos produzindo, já que um projeto desta magnitude só chega a auferir lucro depois de vários anos de produção.
Hoje a realidade é muito diferente. Pela primeira vez na história de João Monlevade, metade da produção do fio-máquina - o produto final da Usina - não será produzido com o aço bruto fundido em João Monlevade, mas sim com o aço que virá de fora do estado e que, aqui, será apenas laminado.
Neste contexto, outro fato que chama a atenção e se revela mais emblemático é a atual superprodução da Mina do Andrade.
Antes da era Mittal, por sua localização e grande qualidade de sua jazida, a Mina sempre foi considerada, extremamente, estratégica para a siderurgia local  e produzia minério de ferro, exclusivamente, para a Usina de João Monlevade.
Agora, a Mina produz três vezes mais do antes para atender a Usina e, principalmente, ao mercado siderúrgico do Vale do Aço e da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Obviamente, um dia a jazida da Mina do Andrade se esgotará. E diante desta superprodução, este dia não tardará muito, o que significa que, em médio prazo, Mittal não enxerga mais a Mina como sendo estratégica para a siderurgia local.  E se a Mina não o é, o Alto-Forno também deixa de ser.
Considerando que o atual Alto-Forno possui uma vida útil de apenas mais dois anos, a probabilidade é que no final deste prazo, a Usina passe a produzir o fio-máquina com 100% de aço bruto vindo de fora. Então, o resultado, em médio prazo, será a redução dos postos de trabalho e pior do que isso: a completa insegurança em relação à manutenção da atividade siderúrgica no Município, pois sem a realização de investimentos em um novo Alto-Forno, Mittal fica livre para, por exemplo, desmontar os Laminadores e levá-los para a China onde o empregado trabalha 14 horas diárias, sem qualquer direito trabalhista, em regime de semi-escravidão.
Representaria, então, a era Mittal o início do fim? Pode ser...   


Um comentário:

  1. Dr Fernando li uma noticia no site ulitmanoticia falando que as contas da Conceição Winter foi reprovada. O curioso é q o coornador da campanha dela foi o mesmo do Prandini, o marquetero-mor, hoje empresário, Emerson Duarte. Lembro q as contas do Prandini tb foram reprovadas.
    Como q se explica isso?

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