quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Silêncio, a Falta d Água e suas Consequências Políticas

Ao contrário do que muitos afirmam, o calcanhar de Aquiles político do governo Prandini não é o setor da Saúde e sim o abastecimento de água. Obviamente, que não quero dizer com isso que a Saúde está bem, porque, definitivamente, não está e todos sabem disso, através da exposição da mídia. E é justamente este o maior problema da falta d água: a mídia de oposição ao governo explora, diuturnamente, a situação da Saúde, mas é, estrategicamente, silente em relação ao abastecimento d água, embora suas interrupções venham se firmando como um fato cada dia mais freqüente na cidade, principalmente nos bairros mais elevados e mais afastados do centro. A oposição não coloca a falta d água sob os holofotes da mídia porque já percebeu que o governo é de fazer a agenda da imprensa e sabe que as conseqüências políticas da falta d água podem ser, potencialmente, muito mais desastrosas do que as provocadas pela situação da Saúde.
Em regra, a má prestação dos serviços de saúde afeta aquele que procura tal serviço, ou seja, aquele indivíduo que procura o PA, a Policlínica ou algum posto de saúde. Já a falta d água afeta o cidadão e toda a sua família dentro de sua própria casa. Afeta ruas e bairros inteiros. Dependendo da região, afeta milhares de pessoas, de uma só vez, generalizando a insatisfação para com o governante. É uma insatisfação furtiva, que vai se alastrando de boca em boca, de ouvido em ouvido: uma dona de casa comenta com a outra que comenta com a vizinha que comenta com o dono da bodega.... E é por essa razão que a oposição mantém a falta d água longe do estardalhaço da mídia. Porque, como já disse, por ser um governo que norteia muitas de suas ações com base no que é veiculado na mídia, a oposição prefere se silenciar, não o alertando do problema, de forma a deixar que a situação se multiplique, sem interferências administrativas expressivas, para que os efeitos políticos da falta d água se avolumem a ponto de se tornarem inexoráveis. Em outras palavras, politicamente, o prefeito não vai saber o que o atingiu.

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