Muito mais do que o discurso que adotam ou a imagem que divulgam
de si, governos, são o resultado direto daquilo que produzem. Significa dizer
que devemos avaliar os governantes não por suas palavras nem por suas imagens,
mas sim por aquilo que, efetivamente, produzem.
Como não poderia deixar de ser diferente, o que se tem visto
nos últimos 10 anos em matéria de saúde pública em João Monlevade é
muito discurso, muita imagem, muito mármore, muito prédio batizado com nome de
parente de político, muita pretensão e, na prática, apenas a instalação de
estruturaras caríssimas e dispendiosas que não assumem sua função social, por
não terem sido construídas de acordo com as normas técnicas vigentes, como é o
caso do pretenso hospital Santa Madalena, ou por estarem inseridas num contesto
de gestão administrava que não atinge a razão de existir de qualquer sistema de
saúde, seja público ou privado, que é o de oferecer atendimento efetivo à
população, como tem sido o caso do Hospital Margarida.
Nota-se que a grande ânsia em contratar empresas executoras
de obras de engenharia civil, muito típica do chamado Choque de Gestão tucano,
tem tomado a saúde pública monlevadense com muita contundência e o resultado
tem sido insatisfatório quando não é trágico.
Exemplo maior de tragédia na saúde pública monlevadense é o
Santa Madalena, idealizado pelo ex-prefeito Carlos Moreira, em que a ânsia
descontrolada em contratar empresas para a realização de obras de engenharia
civil fez com que nada menos do que 22 milhões de reais fossem investidos na
obra de adaptação do antigo terminal rodoviário num pretenso hospital de cem
leitos. E tudo ficou apenas na pretensão, pois o resultado foi um Frankenstein
de concreto, erigido sem a obrigatória observância dos critérios técnicos de
vigilância sanitária, acarretando numa estrutura impassível dos necessários alvarás
de funcionamento, o que impede que aquele malfadado trambolho seja credenciado
pelo SUS, obrigando o Município a arcar com a integralidade de seu custeio que
chega a mais de 1 milhão de reais mensais.
Infelizmente, o Hospital Margarida também não foge da
incrível ânsia do Choque de Gestão em contratar empreiteiras executoras de
obras de construção civil. Lá já se construíram CTI, Pronto Socorro e etc. No
entanto não há atendimento: não contratam médicos. Hoje em dia, nem mesmo quem
tem plano de saúde é atendido no Margarida. Mas, as obras continuam em ritmo
acelerado... No final das contas, quem se beneficia com esse modelo? O povo ou
os empreiteiros?
Um prédio moderno de Pronto Socorro ou de CTI jamais
assumirá sua função social ou sua razão de existir, se os respectivos profissionais
não forem contratados para tal. Hoje, é necessária a adoção de um novo modelo
que consiga conjugar os dois fatores: atendimento efetivo e instalação da
estrutura demandada. Do jeito que está, o atual modelo de gestão da saúde pública
monlevadense parece não ter como objetivo primordial o atendimento médico da
população, mas apenas a contratação de empreiteiros. Pois muito além das
aparências, é esse o resultado que se tem percebido...
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