Li no editorial do jornal A Notícia de hoje, dia 13, uma matéria escrita por seu proprietário, Márcio Passos, na qual se enalteceu a imparcialidade e austeridade do bisemanário, nestes últimos 26 anos de sua existência. Inicialmente, considero inadequado o uso do vocábulo imparcialidade, quando alguém enaltece a si mesmo, porquanto o jornal é resultado, dentre outras coisas, do ego de seu proprietário. Mas isso não é de se estranhar, vindo de um marqueteiro. Imagino que deva ser quase impossível para o marketeiro Márcio Passos deixar de exaltar as qualidades que ele mesmo atribui à sua obra. Nota-se que Passos levantou apenas as supostas qualidades objetivas de seu jornal. Não incorreu em questões subjetivas. Ele não disse, por exemplo, que o jornal é bem escrito, bem diagramado ou bem vendido. Seria muito narcisismo. Ademais é regra de marketing que o auto-elogio deva ser objetivo. Ele disse que o A Notícia é, imutavelmente, imparcial e dialético: qualidades que todos esperam de um jornal e, por isso, objetivas. Mas será que o A Notícia é realmente dialético e imparcial? Talvez fosse se o jornal não sucumbisse ao marketing. Marketing e jornalismo são ramos do conhecimento completamente incompatíveis. Seria como se alguém fosse advogado e juiz, ao mesmo tempo, o que é proibido por lei. Quando há a junção destes dois elementos, como é o caso de Márcio Passos, já que ele próprio se intitula jornalista prático e profissional de marketing, o resultado é apenas um: o jornalismo se torna instrumento do marketing. Aí, não há que se falar em dialética ou imparcialidade, o que não impede o jornal de dar toda e qualquer notícia. Mas as notícias passam a ser contaminadas por elementos de marketing que têm a incrível capacidade de subverter a realidade dos fatos para melhor ou para pior, para mais ou para menos, conforme o interesse e a oportunidade. Foi o caso da Farra do Lixo (caso Prohetel). A notícia foi veiculada pelo A Notícia, mas de forma minimizada, sem se usar expressões realistas como “fraude contra licitação”, por exemplo, e sim palavras suaves como “irregularidade” e etc. , dando a impressão de que tudo não passara de um descuido inconsciente, quando, na verdade se tratava do maior escândalo de corrupção de nosso Município. Já no caso da cassação de Prandini, houve até edição extraordinária.
PS- Repare ainda que no jornal A Notícia sempre sai alguma matéria sobre São Gonçalo do Rio Abaixo e sempre notícia positiva. São Gonçalo não tem mato na rua, não tem buraco, não tem fila em posto de saúde, não tem dengue... Isso me impõe a seguinte reflexão: será que Márcio Passos é marketeiro do prefeito de São Gonçalo, o Nozinho?
terça-feira, 13 de abril de 2010
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Perfeito o comentário, Dr. Fernando. Pena que não são muitas pessoas em JM que têm visão das coisas...
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