Recentemente, assistindo pela televisão ao discurso de posse
de Barack Obama, me chamou a atenção a seguinte afirmação do presidente da maior
potência do mundo: “construímos nossa nação sobre os pilares da liberdade e da responsabilidade
individual”.
Aqui ao sul do continente, seguimos tropeçando na construção
de um país no qual a libertinagem ocupa o lugar da liberdade e se predomina uma
cultura que afasta do indivíduo a responsabilidade por seus atos, sejam eles
comissivos ou omissivos.
O Brasil deve entender que somente a lei é capaz de gerar a
liberdade e que, enquanto o Estado não chamar, de forma efetiva, a
responsabilidade de seus cidadãos, tragédias como a de Santa Maria não deixarão
de acontecer.
Se a vida pode ser considerada um jogo, as leis devem ser
entendidas como as regras desse jogo. E não há como se participar de um jogo
sem se conhecer suas regras. E mais: sempre que a regra do jogo for violada,
seu infrator deve ser punido, assim como ocorre com o jogador de futebol que leva
um cartão vermelho por cometer uma falta grave contra adversário, por exemplo.
Assim, não é mais possível se manter a sociedade brasileira
tão afastada das próprias leis que ela mesma cria. Aqui no Brasil, a lei é sempre
vista como um obstáculo ou algo que traz prejuízo, problema ou aumento de custo para quem se dedica a determinada atividade. Estamos
participando de um jogo sem conhecer suas regras. Isso não é possível. Aplicar
a lei somente após a ocorrência da tragédia resolve muito pouco e atinge só os envolvidos.
O Brasil deve criar uma cultura geral de cumprimento mais espontâneo
da lei, apresentando ao cidadão as regras básicas do jogo que, cotidianamente, é jogado aqui . Daí a importância de
um modelo de escola de ensino integral, onde o cidadão de amanhã possa conhecer
seus direitos e deveres básicos. Onde ele possa compreender que por traz de
toda a lei está o intuito pela liberdade, pela igualdade, pela segurança, pela
fraternidade e etc.
Antes de se engajar em determinada atividade, o cidadão deve
buscar conhecer as leis que a regulamentam e o Estado deve agir,
preventivamente, na fiscalização do cumprimento dessa legislação. E para quem não cumpre
a lei: cartão vermelho.
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