O indiano Lakshmi Niwas Mittal, presidente da ArcelorMittal. Foto: Wikipedia
Em outubro de 2012, a indiana ArcelorMittal divulgou seu novo
Plano Estratégico para a Usina de Monlevade, que, a longo prazo, representa a
possibilidade concreta do encerramento de toda a atividade siderúrgica no
Município.
Muito diferente do projeto de duplicação da capacidade
produtiva da Usina, anunciado em 2007, em que se previam amplos investimentos
na ampliação da produção da Mina do Andrade, da Sinterização, do ferro-gusa
(Alto-Forno), da Aciaria e da Laminação, o indiano Mittal, agora, pretende desmantelar
todo o trabalho e o legado deixado por Dr. Louis Ensch e por outros pioneiros
históricos, encerrando as atividades do Alto Forno e da Aciaria.
Dr. Louis Ensch, responsável pela instalação do complexo produtivo integrado: Mina do Andrade > ramal ferroviário > Sinterização > altos-fornos > Aciaria > Laminação. Foto: http://ec1uemg.blogspot.com.br/
Significa dizer que em mais de 75 anos de Siderurgia
Monlevadense, o minério de ferro extraído da Mina do Andrade deixará de ser
fundido em solo local para se produzir o ferro-gusa e o aço não será mais
fabricado em João
Monlevade.
Segundo o previsto na nova estratégia da empresa, o aço
bruto (tarugo) será produzido no Complexo Siderúrgico de Tubarão (CST), em
Vitória/ES e será transportado, através da ferrovia Vitória-Minas, para João
Monlevade, onde apenas será laminado para a fabricação do produto final, o
fio-máquina.
Primeiro carregamento de ferro-gusa fundido em João Monlevade, em 20 de julho de 1937. Foto: www.belgo.com.br
A Mina do Andrade, que, por sua localização e grande
qualidade de sua jazida, representa elemento estratégico e fundamental para a
siderurgia local, será explorada à exaustão e seu minério de ferro será
comercializado pela indiana ArcelorMittal no mercado metalúrgico interno e
também será exportado para a China e outros países.
A justificativa do grupo é que o atual Alto-Forno está
chegando ao limite de sua vida útil e, portanto, sua substituição demandaria um
alto investimento por parte da empresa. Algo pouco convincente em se tratando
de uma empresa que há 36 meses se dispunha a duplicar sua produção, inclusive,
instalando um novo alto-forno.
Recentemente, após anunciar a
decisão de fechamento de alto-fornos em Florange, na França, no ano passado, a
ArcelorMittal encerrou as atividades de cinco unidades na Bélgica, com corte de
1.200 empregos, sob a alegação de que os salários no país são altos.
Considerando o resultado de decisões análogas tomadas por
Mittal na Europa, fica claro que o atual
Plano Estratégico apresentado pelo grupo indiano não passa de estratagema
velado e inaceitável destinado a , literalmente, destruir o Parque Siderúrgico
Brasileiro, a fim de transferir a produção do aço para a China e outros países,
transformando, assim, o Brasil em mero exportador de matéria-prima (minério de
ferro) e de comprador-dependente de tudo quanto é quinquilharia da Ásia.
O atual Plano Estratégico de Mittal representa,
concretamente, o início do fim da siderurgia em João Monlevade. Trata-se
um verdadeiro e perigoso atentado contra os interesses nacionais.
Está autorizada, mas ainda sem data marcada, uma audiência
pública na Câmara para tratar do tema.
Chegou a momento de uma ampla discussão local sobre o tema para que nossas vozes cheguem à Brasília e o
governo federal possa tomar uma medida que empeça este intento inescrupuloso de
Lakshmi Niwas Mittal. É chegada a hora de as lideranças políticas do
Município se engajarem na defesa dos reais interesses do povo monlevadense. O
futuro de João Monlevade depende disso!
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