quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Tereza Cristina

Dona Tereza Cristina foi, entre várias outras coisas, a última imperatriz consorte do Brasil (Segundo Império-1840 à 1889), esposa de Dom Pedro II e mãe das princesas Isabel e Leopoldina. Era reconhecida por sua discrição e por sua forte inclinação às ciências naturais, aos estudos das culturas clássicas, à arqueologia, à literatura, ao canto e às artes em geral.
Hoje, uma outra Tereza Cristina parece povoar o consciente coletivo de uma nação, que, às nove horas da noite, pára em transe para assistir a mais um capítulo da novela.
Trata-se de uma Tereza Cristina escandalosa, vazia, fútil, materialista, desumana, canina, protagonista das mais inimagináveis intrigas e que é, inconseqüentemente, apresentada pela grande mídia nacional como exemplo da mulher contemporânea brasileira.
O grande erro da mídia nacional é pensar que ela deve reproduzir ou desdobrar aquilo que existe mais sórdido, fútil e mesquinho na sociedade brasileira. Ou seja, de que a grande mídia -e estou falando da novela das nove- deve mostrar ao Brasil tudo de negativo que acontece no cotidiano das relações brasileiras, mesmo que de forma exagerada, pois tal papel é da imprensa.
A imprensa é que deve colocar os podres para fora. É a imprensa que deve desentranhar a realidade nacional e mostrá-la à sociedade brasileira, por pior que ela seja.
À grande mídia cabe o papel de dar o exemplo, de criar modelos baseados naquilo que o Brasil pretende ser com nação. A novela deve dar exemplo de honestidade, de solidariedade, de respeito, de igualdade, de trabalho e de todos aqueles valores, sem os quais, nenhum país do mundo alcançou o patamar do desenvolvimento pleno.
Já reparou, por exemplo, que a Tereza Cristina, personagem da novela, é riquíssima, cercada de luxo e, simplesmente, não trabalha? Como, então, construiremos o Brasil que queremos se o trabalho, condição essencial para tal, não é explorado, dentro da mídia, como exemplo a ser seguido?
Teria sido muito mais producente, no que diz respeito à criação de modelos capazes de inspirar a nação nos valores aptos à construção do país que desejamos, se a personagem Tereza Cristina fosse inspirada, ao menos, no dedinho do pé da imperatriz Tereza Cristina, que, certamente, ao soar das nove badaladas noturnas, deve se debater no túmulo, com os gritos e escândalos da Christiane Torloni.

Um comentário:

  1. A tereza cristina não trabalha mas a Griselda, sim. O exemplo é a Griselda e não a Teresa Cristina!

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