terça-feira, 16 de março de 2010
O Novo
Uso a mesma marca de shampoo, há pelo menos cinco anos. E, durante todo esse tempo, não houve, sequer uma embalagem que não viesse carimbada com a expressão: NOVO. Ligo a televisão e só ouço: novo Gol, nova margarina, novo Toyota e mais um mote de coisas novas. Hoje, o NOVO é, automaticamente, recebido como bom, independentemente, de trazer benefícios ou malefícios. É uma estratégia de marketing. O mercado, por meio das mais diversas ferramentas publicitárias, conseguiu, de forma incontroversa, consolidar no imaginário das pessoas que o NOVO é bom. Ninguém se pergunta se determinado bem de consumo é melhor ou pior que aquele outro. Basta que ele seja NOVO para ser considerado bom. Em se tratando apenas de relações de consumo, o NOVO não passa de uma tática para induzir o consumo em massa, pois o que é NOVO hoje se torna velho amanhã, e, então, deve ser substituído por algo mais NOVO ainda . Até aí , tudo bem. O capitalismo vive do consumo em massa. O problema é quando essas estratégias publicitárias passam a ocupar lacunas deixadas pela educação familiar e pela escola, passando o NOVO a se sobrepor aos valores humanos. Como hoje, pai e mãe não educam mais os filhos(isso também é NOVO) e a escola não consegue sequer alfabetizar, quanto mais transmitir valores, o jovem não tem outro parâmetro para construir o seu caráter que não seja o da mídia, a televisão, principalmente. E na televisão é o NOVO que interessa. Então, todos aqueles valores que, desde o início dos tempos, representam a verdade humana, tais como o respeito, as boas maneiras, as boas tradições, a boa ética, a moral, a honra, a palavra firmada, a cultura e até a própria educação são jogados fora e substituídos por uma variedade de novidades vazias e sem sentido moral, criando gerações de pessoas inconscientes, alienadas, desalmadas, aculturadas, ausentes de base moral, incapazes de responder as demandas do país e apenas preocupadas em consumir aquilo que é NOVO, custe o que custar. O NOVO só faz sentido, quando, efetivamente, traz benefícios à sociedade. Do contrário, o NOVO deve ser desconsiderado e até mesmo combatido. Precisamos transformar as pessoas em cidadãos e não apenas em consumidores, adestrados em destruir os valores que sempre representaram a verdade humana.
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