Em meio às repercussões sobre a greve dos servidores, um outro assunto tem emergido com força nas rodas políticas de João Monlevade. Trata-se da pretensão do prefeito Gustavo Prandini de abandonar sua legenda partidária, o PV, e de se filiar ao Partido dos Trabalhadores. Neste momento, imensamente, difícil para a Esquerda Monlevadense, interessa saber o que realmente motiva e quais serão as conseqüências, sobretudo para o PT, desta migração partidária pretendida por Prandini. Inicialmente, deve-se levar em conta que o governo prandinista tem optado muito mais pela aparência das coisas ou das situações, do que pela essência da realidade. É o que explica, por exemplo, a tinta dos meio-fios da inócua Linha Azul, o recente episódio da ameaça e da supressão dos cartazes da greve no Centro Educacional ou a ostensiva campanha publicitária que distribuiu pela cidade dezenas de outdoors estampados com os dizeres “nossa cidade mudou para melhor”. E é, justamente, isso que Prandini pretende, filiando-se ao PT: nada além de aparência. Existe, hoje, uma forte e crescente ala dentro do Partido dos Trabalhadores que enxerga, claramente, que o PT não é governo, já que não participa das decisões político-administrativas e que, portanto, diante dos rumos tortuosos tomados por Prandini e seu gabinete, tem se manifestado, imensamente, inconformado e, a cada dia, mais inquieto. O gabinete prandinista considera que o simples fato de filiar o chefe do Executivo no PT, poderia aplacar a grande insatisfação que existe, atualmente, dentro do partido, pois, uma vez filiado o prefeito, não se poderia mais dizer que o Partido dos Trabalhadores não é governo. Ora, essa manobra enganosa, por si só, demonstra que o PT, realmente, não é governo, pois do contrário, não haveria necessidade da troca de partidos. Partido que, realmente, é governo, o é, independentemente, da filiação partidária do prefeito. Não é o fato de o prefeito ser filado ao PV que tem gerado a imensa insatisfação dentro do PT. O que conta neste caso são as ações concretas e o perfil político do prefeito, muito mais do que qualquer pretenção de se parecer petista. E como já ficou, cabalmente, demonstrado quando destruiu as finanças da Prefeitura com sua irresponsabilidade, quando propôs a venda das áreas públicas, quando usou de seu autoritarismo peculiar para tentar frustrar a greve dos servidores, quando usa a máquina pública para Beneficiar parentes e etc, Prandini não possui a menor afinidade política com o Partido dos Trabalhadores. Ser petista está no coração e na alma e não apenas numa ficha de filiação ou numa aparência. Levar Prandini para o PT, neste momento, além de causar uma desfiliação em massa, a exemplo do que ocorreu no próprio partido do prefeito, o PV, não mudará nada do que vigora, hoje, pois tudo que se verifica na atual administração tem origem direta na natureza pessoal do prefeito. É o mais fiel reflexo de Prandini e de seu gabinete miraculoso. E não será uma ficha de filiação que alterará a natureza do atual prefeito. Aliás, uma das convicções que tenho é a de que ninguém nega sua natureza, principalmente, quando está no poder.