Imagem:https://blogdopaulinho.com.br/2018/10/23/o-dna-nazista-de-jair-bolsonaro-avo-do-candidato-foi-soldado-de-hitler/
Em se tratando de
política, o Brasil é mestre em perder oportunidades históricas.
Em 1888, a Monarquia
decretou a abolição da Escravatura no Brasil. Antes que ela pudesse proceder à
concessão de bens e direitos aos cativos então libertados, a elite brasileira
procedeu a um golpe militar e expulsou do Brasil a redentora princesa Isabel e
seu pai, o imperador Pedro II, ambos brasileiros nascidos no Palácio São
Cristóvão, no Rio de Janeiro, foram expulsos do país para que a reforma agrária
não fosse efetivada entre os ex-escravos. O Brasil, então, viveu mais de três
décadas de uma oligarquia desumana e racista a que se chamou de “República do
Café com Leite”e que foi responsável pela origem das favelas, a mais grave
questão social brasileira.
Em 1930, Getúlio
Vargas acendeu ao poder. Vargas fez muito pelo Brasil, mas não fez a reforma
agrária que Pedro II fora impedido de fazer. Deixou a Presidência da República
morto.
Em 1964, o
presidente João Goulart anunciou que faria a reforma agrária, a reforma
política, a reforma dos meios de comunicação, a reforma tributária, a reforma
educacional, etc. A mesma elite brasileira procedeu ao mesmo golpe militar,
impedindo Goulart de efetivar as reformas anunciadas e, igualmente,
expulsando-o do país. O Brasil, então viveu mais de duas décadas de um violento
e tortuoso regime militar que apenas agravou as questões socais do país.
Em 1988, o Brasil se
redemocratizou do Golpe de 64, mas não puniu os assassinos, os torturadores e
os sabotadores da ditadura. Também não colocou em prática as reformas de base
anunciadas por João Goulart. Ora, se o Golpe de 64 se deu como forma de impedir
as reformas anunciadas por Goulart, a
redemocratização em 1988 não poderia acontecer sem a implementação de tais
reformas, o que também não foi feito.
Em 2002, Lula foi
eleito presidente do Brasil. Lula também fez muito pelo país, principalmente
instituiu o regime de cotas nas universidades públicas e distribuiu uma parte
ínfima da renda nacional entre aqueles que se encontravam excluídos nas favelas,
desde a República Velha do Café com Leite. Mas, não realizou a reforma agrária
que Pedro II fora impedido de fazer, nem as Reformas de Base que João Goulart.
Em 2014, Dona Dilma
foi eleita presidente da República. O Brasil, então, se tornara um dos maiores
mercados mundiais de automóveis, computadores, celulares, eletro-eletronicos,
etc, chegou ao posto de 6ª economia mundial, ultrapassando a Inglaterra. Mas, a Dona Dilma não realizou a reforma
agrária que Pedro II fora impedido de fazer, nem as Reformas de Base de João
Goulart. Então, aqueles que deram o Golpe de 64 e nunca foram punidos, reincidiram
na conduta e depuseram a presidente.
O impeachment de
Dilma conduziu à eleição de Bolsonaro e o desastre do bolsonarismo representa
um grande momento histórico para o Brasil reorganizar-se enquanto país e não
deixar de proceder às reformas institucionais, cujas oportunidades históricas
de realização foram se perdendo ao longo da história, entre golpes. Tudo o que
hoje instrui o bolsonarismo era velado no Brasil até a sua eleição: o racismo,
o fascismo, o negacionismo, o terraplanismo, etc. Agora,
em meio ao bolsonarismo, as pessoas, sobretudo a classe-média brasileira, são
declaradamente racistas, fascistas, negacionistas e terraplanistas. Isto é,
agora, quando tudo o que, veladamente, instruía a sociedade brasileira vem à
tona, temos a oportunidade histórica para tratá-lo. E fascismo se trata com formação humanista e
filosófica. É hora de o Brasil adotar um novo modelo de formação de seu povo,
uma nova escola que prepare o cidadão para o convívio humano e o ensine a
pensar.
O bolsonarismo
também representa o saudosismo ao militarismo de 64, é em grande parte composto
por aquelas viúvas convenientes da ditadura que alegam que o golpe foi bom para
o Brasil. Não existe golpe sobre uma democracia que possa ser considerado bom.
Todo golpe desferido contra a democracia é algo errado e antiético. No Brasil,
muitos consideram o contrário porque os ditadores brasileiros jamais foram
punidos e nunca se revelaram todos os atos de assassinato, tortura e sabotagem
cometidos pelo regime militar. Eu por exemplo, tenho a convicção de que quem
colocou fogo no Colégio do Caraça em maio de 1968 foi a ditadura militar
brasileira. Não é por menos que o humanismo que era lecionado no Caraça pode
ser considerado ainda hoje a antítese perfeita ao bolsonarimo vigente. Então,
caberá ao próximo presidente da República punir os ditadores do regime militar
e revelar tudo o que aconteceu naquele período para resolver de vez o engodo do
“bom militarismo” no Brasil e para também dissuadir a elite a praticar golpes
contra o país. Será que existe alguma dúvida de que enquanto os golpistas não
forem punidos exemplarmente, eles não deixarão de dar golpes?
Outra oportunidade
criada pela tragédia do bolsonarimo é que com ela se abre mais uma janela histórica
para o Brasil realizar as reformas de base de João Goulart. Veja como estamos atrasados. Em 1964, Goulart
anunciou que realizaria as Reformas de Base. A elite então deu um golpe,
impedindo-o de fazê-lo, como já mencionado. Ocorre que passados longos 57 anos
do Golpe Militar, o Brasil ainda não promoveu as Reformas de Base de João
Goulart. Donde, se conclui que o dito golpe atrasou, institucionalmente, o
Brasil, até o momento, em 57 anos. Então, o próximo presidente da República
terá de realizar as Reformas de Base de João Goulart. Não digo nem a Reforma
Agrária, que é algo tão utópico no Brasil, pelo menos, a Reforma Política e a
Reforma dos Meios de Comunicação.