terça-feira, 22 de junho de 2021

Aposentadoria incentivada abre espaço para mais comissionados de Fabrício


 Foto: material de campanha.

Recentemente, o governo municipal enviou para apreciação da Câmara o PAI (Programa de Aposentadoria Incentivada), que aumenta para 40% a indenização sobre o Fundo de Garantia por tempo de serviço para o servidor que aderir ao projeto. 
Como o governo não informou sequer se pretende realizar concurso público para preenchimento das vagas que sobrevirão ao incentivo das aposentadorias, conclui-se que as mesmas deverão ser ocupadas por cargos comissionados de livre nomeação do prefeito. Ou seja, é visível que o governo do PT está abrindo mão de funcionários concursados e experientes, com décadas de casa, para substituí-los por cargos comissionados que serão cabos eleitorais do vice-prefeito, Fabrício Lopes, que já é candidato do PT à Prefeitura em 2024.
É a primeira vez que testemunho um governo do PT fazer este tipo de coisa com o funcionalismo público municipal.

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Auditoria Emperrou em Fabrício


 Foto: divulgação de campanha

A auditoria prometida durante a campanha de Laércio e anunciada pelo prefeito logo que eleito em ocasião de entrevista concedida a Chico Franco na Rádio Comunicativa emperrou em Fabrício. 
Depois de gastarem muito mais de 22 milhões de reais na tentativa fracassada de transformar o antigo terminal rodoviário de João Monlevade num hospital de 100 leitos, era, absolutamente, necessária uma auditoria para iniciar o processo de solução daquela grave questão para o setor da saúde pública local. O pretenso hospital Santa Madalena é uma ferida aberta, problemática e, extremamente, custosa para o Município. Durante a Pandemia, aquele prédio se confirmou mais uma vez, totalmente, inadequado para funcionar como unidade de saúde, diante da insalubridade e do alto risco de contágio proporcionados por inúmeros erros e inadequações do projeto. E como não poderia deixar de ser, naquele prédio evaporaram outros milhões de reais em recursos públicos da saúde para o combate à Pandemia. E seguirá assim, enquanto não houver uma resolução para o maior escândalo político-administrativo da história recente de João Monlevade. Ali, o monlevadense perdeu uma das mais bem estruturadas rodoviárias do interior de Minas, muito mais de 22 milhões de reais, o Pronto Atendimento e mais e mais recursos. É visível que Santa Madalena segue muito custoso para o Município. E não há outra receita, aquilo só será solucionado quando a luz incidir sobre aquele prédio, quando toda a verdade for revelada, o que é a função da auditoria, que não vai acontecer. 
É igualmente visível que a prometida e tão necessária auditoria no Santa Madalena, etc, emperrou em Fabrício, que não tem o menor interesse que ela ocorra. Fabrício é da cozinha de Carlos Moreira e não vai querer revelar a verdade daquela absurda situação até porque já é candidato a prefeito e uma dobradinha com Simone jamais será descartada. Aliás, o que tem de moreirista na própria Secretaria de Saúde não está no gibi. Não se engane. A auditoria que foi anunciada pela prefeitura, recentemente, não é na obra e no custeio do Santa Madalena, mas sim sobre várias latas de dieta que foram encontradas com o prazo de validade vencido naquele prédio. 
E assim, Monlevade perdeu mais uma oportunidade de resolver o maior e mais caro imbróglio do setor da saúde pública municipal e o contribuinte monlevadense vai seguir bancando aquele absurdo colossal, em nome do fisiologismo das alianças políticas.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Descoberta ainda de Pé a 3ª Fábrica de Ferro Monlevade





“Uma pequena forja catalã, fabriqueta de enxadas”, foi como definiram e me ensinaram nos bancos escolares a respeito da obra de vida do minerálogo e metalúrgico francês João Antônio de Monlevade, o patrono do Município.  Confesso que nunca consegui compreender o que teria motivado um nobre iluminista a deixar as comodidades e luxo palacianos da Europa para cruzar o Atlântico e vir se instalar na úmida e remota selva brasileira, habitada por índios antropófagos, serpentes venenosas e onças vorazes. Então, passei a estudá-lo.

Através de pesquisa no acervo do Arquivo Público Mineiro tive acesso a documentos históricos, como por exemplo, o Relatório de 1853, redigido pelo próprio Monlevade, cujo estudo me revelaria que “a pequena forja catalã” jamais havia existido.  Revelaria também que não foi a enxada o principal produto do estabelecimento. Na verdade, segundo registrado pelo próprio Monlevade e outros, não existiu apenas uma, mas sim três Fábricas de Ferro. A Fábrica Nova e a Fábrica Velha, que funcionaram, respectivamente, de 1828 a 1853 e de 1853 a 1891, no local onde hoje é a Rua dos Contratados, funcionaram sob a administração de João Monlevade, uma sucedendo a outra, e, na verdade, foram as fornecedoras preferenciais de artefatos de ferro para as Minas de Ouro dos Ingleses, as mais famosas delas a Mina do Gongo Soco e a do Morro Velho. O principal produto delas eram as cabeças de 80 quilos de ferro forjado, empregadas no Moinho Mineiro de Pilões, aparato mecânico movido por roda d’água, utilizado para triturar o quartzito aurífero nas minas dos ingleses, etc. Então, descobri que Monlevade não se instalara aqui para fabricar enxadas, mas sim para fornecer artefatos de ferro para as Minas de Ouro. Apenas o Congo Soco, de 1828 a 1856, produziu com os artefatos de ferro fabricados em Monlevade cerca de 30 mil quilos de ouro puro. Parte desse ouro coube a Monlevade. Assim, a motivação que o fixou aqui passou a fazer muito mais sentido: ouro.  As duas primeiras fábricas de ferro de Monlevade também não eram catalãs. Catalão era apenas o método de obtenção do ferro. Na verdade, os equipamentos de forja delas, como os martelos, o massame e o laminador, eram ingleses, segundo registrado pelas correspondências de Guido Thomaz Marlièri, disponíveis no Arquivo Público Mineiro. Também não foram pequenas. Os historiadores mineiros são uníssonos em classificá-las como os maiores e mais importantes estabelecimentos metalúrgicos a funcionar durante o Brasil Império. Elas produziam 500 quilos de ferro por dia, cerca de 5 toneladas de carvão diariamente e não só forjavam as maiores peças de ferro até então produzidas no Brasil, como também as transportavam até seus destinatários em grande carros de bois de quatro rodas. Há registro de peça de ferro de 900 quilos de peso forjada em Monlevade e entregue na Mina do Morro Velho, a 120 km de distância.

Mas a maior descoberta estava por vir. Ainda no Arquivo Público, tive acesso à edição nº7 da Revista Industrial de Minas Gerais, datada de 15/04/1894, trazendo um relato completo sobre a 3ª Fábrica de Ferro de João Monlevade, a que pertenceu à Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros. Segundo o mencionado documento, havia-se abandonado completamente o local da antiga forja, estabelecendo-se a nova oficina num lugar mais apropriado, na margem esquerda do Rio Piracicaba.   Ora, eu já sabia onde haviam funcionado as duas primeiras fábricas, que foi no local correspondente hoje à Rua dos Contratados, como já dito, abaixo do Solar Monlevade. Mas, onde teria funcionado a 3ª fábrica na margem esquerda do Rio Piracicaba? Foi então que, por meio de interpretação do dito relatório e de fotos antigas do local, descobri que a casa de máquinas da Hidrelétrica do Jacuí fora instalada no edifício da 3ª Fábrica de Ferro Monlevade, ou seja, diferentemente das duas primeiras que já haviam ruído, o edifício da terceira ainda se encontrava de pé.

A terceira Fábrica de Ferro Monlevade foi erguida a partir de 1891 pela Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros do Barão de Mauá, tendo ficado a cargo do engenheiro Francisco Monlevade, neto do patrono do Município. Ela era, extraordinariamente, equipada com máquinas a vapor e uma turbina hidráulica de 600 cavalos, utilizada para mover tantas outras máquinas. Estrategicamente, colocada na margem esquerda do Piracicaba, ela dependia do potencial hidráulico do rio para funcionar. Então, como se tratava de construção industrial tão sólida e já adaptada para o proveito do potencial hidráulico do rio, a Belgo-Mineira resolveu aproveitá-la para instalar em seu interior a casa de máquinas da Hidrelétrica do Jacuí, jamais revelando que em tal edifício funcionara a Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade.     

Trata-se do interessantíssimo edifício das fotos, construído em sólida alvenaria de pedra e muito bem iluminado, repleto de vidraças e diagramas de ventilação, tudo em art déco. Seu telhado é muito curioso e como de nenhum outro já visto, possui duas chaminés de exaustão que lembram coisa dos desenhos dos Jetsons.  Outra curiosidade é que a água do rio passa pelo seu interior para depois verter pela base do edifício, que se encontra, literalmente, sobre a margem do Piracicaba. Curiosamente, apesar de se encontrar, praticamente, sobre o rio, não há registro de inundação daquele prédio em período de cheia.  Outro fato que chama a atenção é a predestinação industrial concedida para aquela localidade pelos Monlevade, já que o atual parque siderúrgico do município se encontra instalado, exatamente, entre o Solar Monlevade e a Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade.       

Então, está aí, para que todos vejam e conheçam, A Fábrica de Ferro perdida de João Monlevade, a maior descoberta histórica do Município nos últimos 85 anos, que você acompanhou com exclusividade no Blog Monlewood. Um belíssimo e super interessante edifício histórico, com 130 anos, onde funcionou a 3ª Fábrica de Ferro Monlevade, da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, tão importante para a formação da identidade local quanto o próprio Solar Monlevade.

A seguir transcrevo o mencionado relatório sobre a 3º Fábrica Monlevade, contido na Revista Industrial de Minas Gerais, documento que foi fundamental para tamanha descoberta:    

                                                         "USINA MONLEVADE


Esta usina está colocada à margem esquerda do Rio Piracicaba a 14 km ao N. do Arraial de São Miguel de Piracicaba. Ela pertence à Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros desde 1891; sendo anteriormente de propriedade do Sr. João Monlevade. Neste tempo se fabricava o ferro pelo processo direto italiano com dois fornos baixos produzindo diariamente 500 quilogramas de ferro em barras. Hoje ela acaba de passar por uma transformação completa sob direção do Sr. Francisco Monlevade, neto do presidente e engenheiro da Companhia. Foi completamente abandonado o local da antiga forja, estabelecendo-se a nova oficina num lugar mais apropriado aos maquinismos modernos.
A nova fábrica compreende 5 fornos catalães americanos “Bloomary Process”, dispostos em duas fiadas, um martelo a vapor com uma caldeira de vapor horizontal, um laminador para ferros de pequenos perfis, um forno de reverbero a gás para caldeamento das lupas e 4 tendas.
Atualmente trabalham só dois fornos; dois outros estão já montados e o último se acha em construção. Cada forno faz uma operação em 3 horas ou 8 operações em 24 horas, dando 1 tonelada de ferro em barras; isto é, 125 quilogramas por operação, repartidos em 5 barras quadradas de 6 centímetros de lado, pesando em média 25 quilogramas cada uma. A produção diária total é por conseguinte de 2 toneladas.
Os fornos são munidos de aparelhos de aquecimento do sistema Calder e os gases ainda quentes passam a redor da caldeira que fornece o vapor necessário ao martelo-vapor para se escaparem depois pela chaminé. O aparelho de um dos fornos que não trabalha serve por enquanto para aquecer o vento soprado no gasógeno do forno de caldeamento. Este gasógeno de cuba utiliza como combustível os resíduos em pó e miúdos de carvão de madeira impróprios para o forno. O martelo-vapor é de duplo efeito; seu peso é de 1,5 tonelada e seu levantamento é de um metro; serve para esbravejar (forjar) as bolas e lupas. O laminador serve para espichar as barras quadradas depois de caldeadas no forno de reverbero para obter o ferro em barras de diversos perfis.
As águas passam com uma altura de queda de 16 metros numa turbina horizontal de força de 600 cavalos-vapor. Esta turbina serve por enquanto para mover o laminador e o ventilador Roth que sopra o vento nos diversos fornos, além disso ela servirá para mover diversos outros maquinismos ainda não montados, como um laminador para fabricação de enxadas, máquinas de fazer machados, ferraduras, pregos etc. A oficina, que ocupa uma superfície de 75 metros de comprimento sobre 31 metros de largura, estará completamente acabada no fim de maio próximo, segundo espera o Dr.Francisco Monlevade, encarregado da construção e da direção deste novo e interessante estabelecimento".