terça-feira, 21 de maio de 2019

Gongo Soco: de maior Mina de Ouro do Mundo à Bomba Relógio Iminente


Como a imensa maioria das minas de ferro, em Minas Gerais, o Gongo Soco teve seu início como uma mina de ouro, a mais célebre de todas. O Gongo Soco foi a mina que mais produziu ouro em toda a história da humanidade. Inicialmente, o Gongo Soco foi de propriedade de João Batista de Sousa Coutinho, o Barão de Catas Altas, que, a partir de 1818, apurou somas fabulosas de ouro daquelas lavras a céu aberto. Durante dois anos, o Barão extraiu, por dia, nada menos do que 7 quilos e meio de ouro puro dos talhos abertos do Gongo Soco, o que fez de Catas Altas um dos homens mais ricos do Império Brasileiro e bancou todas as excentricidades pelas quais ficaria conhecido. Posteriormente, julgando, esgotada a mina, Catas Altas a vendeu para os ingleses da Imperial Brazilian Mining Association, que passariam a empregar tecnologia mecanizada na exploração do ouro, como o trem de vagonetes e o engenho hidráulico de pilões, cujas cabeças dos trituradores eram produzidas pela Fábrica de Ferro de João Monlevade. Monlevade foi o fornecedor preferencial de artefatos de ferro das companhias mineradoras inglesas por mais de 50 anos, forjando não apenas as cabeças de ferro dos trituradores do quartzito aurífero, cada uma pesando 80 quilos, como também qualquer outra ferramenta demandada pela mineração, além de peças muito maiores. Há registro de peça de ferro de mais 900 quilos de peso fabricada por Monlevade e enviada até o Gongo Soco através de seus famosos carretões de quatro rodas, puxados por muitas juntas de bois. Mecanizado, constituído na forma de uma companhia e conformado aos moldes de uma vila européia, contanto com mais de 1.000 habitantes, de 1826 à 1856, o Gongo Soco produziu na mãos dos ingleses 27.887 quilos de ouro puro, algo sem precedente ou paralelo no mundo. Foram quase mil quilos de ouro por ano, mais de 2 quilos e meio de ouro por dia. 
Minas como o Gongo Soco foram importantíssimas, não apenas pela grande quantidade de ouro que produziram, mas principalmente pelo emprego intensivo da mecanização a que foram pioneiras, sendo consideradas hoje pela historiografia como o alvorecer da indústria mineira. Tais minas deixaram uma marca tão indelével na construção da identidade regional que ainda hoje a herança daqueles idos pode ser observada no jeito de falar do mineiro. Manter o processo de mecanização sempre funcionando não era tarefa fácil. O inglês estava sempre cobrando do mineiro o porquê da interrupção do funcionamento. Então o inglês indagava: “why (?)”, que é a tradução de “por que (?)”. Daí a origem da interjeição “uai”, tão utilizada pelo mineiro para exprimir surpresa ou espanto. “Sô”, que em Minas é utilizado como pronome de tratamento e “trem”, que é utilizado pelos mineiros como sinônimo de qualquer coisa, também são originários do convívio dos mineiros com os ingleses nas companhias mineradoras do ouro. “Trem” é referente ao “train” de vagonetes, sob trilhos, que eram empregados nas companhias mineradoras para extrair o minério aurífero das galerias subterrâneas; “sô” é a adaptação do vocábulo “sir”, que era como os ingleses eram tratados nas companhias.
Depois de extinta a Companhia Inglesa do Gongo Soco, a mina passou a ser explorada pela Vale também por seu minério de ferro que é puríssimo e, obviamente, muito rico em ouro. Outrora, um colosso aurífero, indutor do desenvolvimento da região, agora, o Gongo Soco se transformou numa verdadeira bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento, mediante o risco da ruptura de mais uma barragem da mineração. É, terrivelmente, vergonhoso testemunhar como a mineração virou sinônimo de medo em Minas Gerais.

segunda-feira, 13 de maio de 2019

MOREIRA INELEGÍVEL ATÉ 2024 EM APENAS 1 PROCESSO: HÁ MAIS DE 1 DEZENA DELES A SEREM JULGADOS




Recentemente, circulou a especulação de que o ex-prefeito Carlos Morteira estaria, juridicamente, apto a se candidatar ao cargo de prefeito, nas próximas eleições municipais de 2020.
A verdade é que quem se encontra cumprindo penal, em regra, não pode se candidatar a cargo eletivo. Atualmente, Carlos Moreira cumpre pena em regime aberto em função de condenação criminal por desvio de verba pública, na ação penal de número 0998430-91.2009.8.13.0362, em que foi condenado, em 27/01/2012, a 2 anos de prestação de serviços à comunidade e a 5 anos de proibição expressa do exercício de mandato eletivo. Como o processo transitou em julgado, isto é, apenas se encerrou em 03/06/2016, Moreira segue inelegível e impedido de se candidatar a qualquer cargo eletivo.  Segundo o respectivo atestado de pena em anexo, apenas no âmbito do aludido processo, a previsão é de que Moreira volte a se tornar elegível somente em 12/05/2021, considerando exclusivamente a pena em concreto. A remeter a condenação de Moreira à Lei da Ficha Limpa, ele se encontra inelegível até 12/05/2024, apenas neste processo.
Contudo, este é apenas um dos vários processos que correm contra Moreira. Ele tem mais de uma dezena de outros processos por ato de improbidade administrativa em tramitação que devem torná-lo inelegível para as próximas décadas. Mesmo se hoje, Moreira estivesse em condições de elegibilidade, o que não acontece como demonstrado acima, uma candidatura sua representaria o imenso risco de cassação no curso do mandato, diante da longa esteira de processual a que responde, por inúmeros atos lesivos ao patrimônio público cometidos, enquanto foi prefeito.         

terça-feira, 7 de maio de 2019

Dívida do Hospital Margarida na casa dos 23 Milhões


Sites, blogs e impressos fazem circular a informação de que, caso o estado de Minas Gerais e o governo federal são efetuem o pagamento das dívidas de 4, 5 e 1,5 milhão de reais, respectivamente, contraídas junto ao Margarida, o hospital terá que fechar suas portas. 
Contudo, nenhum deles informou o valor da dívida do Hospital Margarida com médicos, profissionais da saúde e fornecedores de bens e serviços, que é o que verdadeiramente interessa. E a relevantíssima informação sobre a dívida do HM só não foi prestada porque a corrida eleitoral para 2020 já se encontra deflagrada e o Hospital Margarida já é um de seus principais palanques. 
Nos bastidores políticos locais circula a informação de que a dívida do Hospital Margarida com profissionais da saúde e fornecedores chega a 23 milhões de reais. Façamos então a conta: 23 milhões de dívida, menos o crédito de 6 milhões que tem com o estado de Minas e com o governo federal é igual a 17 milhões de dívida gerada em função apenas do gasto interno do Hospital Margarida. Por decorrência, a pergunta que não quer calar é a seguinte: por que o Hospital Margarida tem gastado tanto e com o quê, ultimamente, sabendo que não poderia contar com a renda do Bingo nem com as doações da AAHM?

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Dívida do Hospital Margarida não foi Informada



Em capa cuja manchete foi “se o estado não pagar, hospital vai fechar as portas, afirma provedor”, a edição da última sexta-feira do jornal A Notícia fez circular matéria alarmante sobre a situação financeira do Hospital Margarida. Segundo o impresso, caso o estado de Minas Gerais e o governo federal não paguem as dívidas de 4,5 milhões e de 1, 5 milhão de reais, que, respectivamente,  mantêm com o HM, o hospital terá que fechar suas portas.
Estranho foi o impresso abordar o tema da difícil situação financeira do HM, sem, contudo, trazer para o leitor monlevadense o valor da dívida que o hospital tem junto a médicos e fornecedores.  Ora, se é o hospital subvencionado pelo Município que corre o risco de fechar, a informação que o cidadão merece obter é aquela que diz respeito à dívida do HM, principalmente, porque aquela tão importante casa de saúde é subvencionada pelo Município.
Quanto deve o Margarida? Isso o jornal deixou de informar.  Com o pretenso hospital Santa Madalena foi a mesma coisa, o jornal jamais descortinou o que aconteceu ali.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

O Risco de Fechamento do Hospital Margarida na Inconsequência da gestão Administrativa



Hoje circulou a informação de que, segundo o provedor do Hospital Margarida, José Roberto Fernandes, caso o estado e a União não paguem as dívidas de 4,5 e de 1,5 milhões de reais, respectivamente, a casa de saúde fechará suas portas em meio ao maior surto de dengue das últimas décadas. 
Então, vejamos. Façamos as contas. Em 2016, na gestão de José Roberto Fernandes, a Justiça suspendeu o Bingo do HM, por considerar que o evento havia perdido o caráter filantrópico. Desde então, o Bingo jamais foi realizado. Naquele ano, o HM deixou de faturar 1 milhão de reais. Em 2017 e 2018 o Bingo também não foi realizado, até porque depois de José Roberto Fernandes, ninguém mais teria coragem de adquirir cartela do mesmo. Para 2019, a perspectiva é de que o Bingo também não se realize. Até aí, serão 4 milhões de reais que o HM deixou de arrecadar só com o Bingo, soma que atualizada monetariamente se aproxima muito do valor devido pelo estado de Minas ao hospital. Outrossim, a AAHM, num passado recente chegou a doar cerca de 1,5 milhão de reais para o HM em bens e serviços, valor equivalente à anunciada dívida da União com o hospital. Contudo, a partir da gestão de José Roberto Fernandes, a AAHM foi de todas as formas impedida de funcionar junto ao HM. 
A pergunta que fica é a seguinte: será que o HM corre risco de fechar em função dos débitos do estado e da União ou tal situação é, na verdade, o produto direto da má-gestão, da inconsequência e da irresponsabilidade?