terça-feira, 29 de março de 2022

Retórica da Arcelormittal diminui a História de João Monlevade

Este quase bordão de “uma pequena forja catalã, fabriqueta de enxadas”, seguramente, foi cunhado dentro da Usina. Infelizmente, é o que se ouve e o que se aprende, erroneamente, nas escolas locais sobre a história do minerálogo e metalurgista francês João Antonio de Monlevade (retrato). Na verdade, sob o ponto de vista da estrutura do estabelecimento, não existiu apenas uma, mas sim três as fábricas de ferro da Família Monlevade: a Fábrica Velha, que funcionou de 1828 a 1853, a Fábrica Nova, que funcionou de 1853 a 1888 e a fábrica a cargo de Francisco Monlevade, neto do patrono do Município, que funcionou a partir de 1891, mediante investimento da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros. Elas também não eram pequenas. A mais consagrada, a Fábrica Velha, por exemplo, rendia cerca de meia tonelada de ferro por dia e foi a primeira a fabricar o dito metal e o carvão em escala industrial. Também foi pioneira em produzir as maiores peças de ferro ate então já fabricadas no Brasil, com peso aproximado de uma tonelada. Os equipamentos de forja da Fábrica Velha, como os marteletes hidráulicos, o laminador e o grande massame, também não eram catalães, mas sim ingleses. Catalão era apenas o método de se obtenção do ferro. E seu principal produto jamais foi a enxada, como propõe o discurso da Arcelormittal, mas sim as mãos de pilão, que eram blocos de 80 quilos de peso em ferro forjado, empregados no Engenho Mineiro de Pilões (foto) que eram muito utilizados nas Minas de Ouro do sec. XIX para o processamento do quartzito aurífero. 


Monlevade já foi muito estudado por diversos historiadores que são unânimes em caracterizar seu empreendimento metalúrgico como a maior e mais importante Fábrica de Ferro a Funcionar durante o Brasil-Império, fornecedora preferencial de artefatos de ferro paras as Minas de Ouro, sobretudo as das companhias inglesas, como o Gongo Soco, o Morro Velho, Pari, etc.

Recentemente, assistindo o excelente documentário A Colônia Luxemburguesa, no capítulo dedicado a João Monlevade, vi e ouvi o representante a Arcelormittal dizendo que “...nessa forja, ele (Monlevade) produzia, a partir do minério de ferro, pequenos produtos a base dessa matéria prima. Arados, pás, enxadas, foices, ferramentas que eram utilizados muito na região, na áreas rurais para agricultura...” Veja que, muito diferente do que revelam os registros históricos, o discurso da Arcelormittal é sempre no sentido de diminuir a obra de Monlevade, associando-a agricultura. Veja que o representante da Usina falou em “pequenos produtos”, “pás, enxadas e foices”, “utilizados” “nas áreas rurais para agricultura”. É sempre assim!

Mas, então, por que a Arcelormittal tem adotado tal discurso há décadas, se na verdade, Monlevade foi o único a produzir peças de ferro de até uma tonelada de peso, tendo a Mineração do Ouro e não a agricultura como cliente preferencial? Já pensei muito sobre isso! As conclusões que cheguei são as seguintes. Primeiro, que é para não se despertar o interesse local sobre a história de Monlevade. Quando se diz que Monlevade produzia apenas pequenos artefatos de ferro para a agricultura, como foices, pás e enxadas, diminui-se o interesse por sua obra, já que, por exemplo, qualquer fazenda cafeeira do mesmo período também possuía uma pequena forja para o fabrico de tais ferramentas. E sem o interesse pela obra de Monlevade, haverá menos turistas e gente para serem recebidos no Museu, em torno do qual se encontra instalada a Usina da Arcelormittal. Considerando ainda que a Arcelormittal demoliu grande quantidade de patrimônio histórico, como a Praça Ayres Quaresma, a Cidade Alta, o casario da Rua dos Contratados, os sobrados do Social Clube, etc, a impressão que se tem é que a siderúrgica não quer mesmo gente transitando no seu entorno. Deve ser também para não testemunharem a imensa poluição do lugar, que se encontra muito acinzentado, tomado por particulado siderúrgico. Outra razão possível para a diminuição da obra de Monlevade por parte da Arcelormittal é o desejo de liberalidade na utilização do patrimônio histórico, sem a imposição de qualquer tipo de restrição que possa ser ocasionado pelo tombamento para fins de preservação. O Solar/Museu Monlevade, por exemplo, apesar de tombado pela Lei Orgânica, não é um museu turístico e, ultimamente, tem ficado mais fechado do que aberto. E não é só ele. Lembre-se bem de que as fábricas de ferro da Família Monlevade foram três e não apenas uma. Das duas primeiras existem, atualmente, ruínas super interessantes, que merecem tombamento. Mas, o edifício da terceira Fábrica de Ferro Monlevade, onde funcionou a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, a partir de 1891, ainda se encontra de pé e é utilizado, industrialmente, pela Arcelormittal. Trata-se do edifício das fotos, localizado no Bairro Jacuí. A Arcelormittal se apoderou daquele edifício para instalar nele os geradores da Hidrelétrica do Jacuí, sem jamais revelar que se tratava de um bem histórico único para o Município, pois se trata da Fábrica de Ferro Monlevade ainda de pé, apesar de não tombado por lei. Dessa forma, ela nunca teve de mantê-lo aberto à visitação, assim como jamais teve qualquer de restrição na utilização do bem. Há alguns anos, a Arcelormittal realizou uma “reforma” no edifício da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros que suprimiu uma série de belíssimas arcadas neoclássicas que existiam em sua base suspensa, sobre o leito do Rio Piracicaba. Aliás, a Arcelormittal parece ter grande aversão a arcadas neoclássicas, pois além de demolir a arcada da Praça Ayres Quaresma, também suprimiu a do edifício da Companhia de Forjas e Estaleiros.

Então é por isso que a história de Monlevade é tão diminuída e tão deturpada pela própria Arcelormittal, para que não haja turistas em seu entorno a testemunhar a imensa poluição que afeta o local e para que a siderúrgica possa utilizar os bens históricos locais, sem qualquer restrição. Porque quem por ventura estudar a história verdadeira de João Monlevade, in loco, como foi o meu caso, invariavelmente vai chegar rapidinho até o edifício da Companhia Nacional de Forja e Estaleiros e, então, também vai querer visitá-lo, abri-lo ao turismo e preservá-lo. Tudo o que a Arcelormittal não quer porque representa custo para a empresa, mesmo que ínfimo, se comparado à sua lucratividade.




 

quinta-feira, 24 de março de 2022

Em Monlevade Prefeitura do PT vai pedir voto para Bolsonaro

 

Foto: https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-1486262960-bandeira-do-pt-partido-dos-trabalhadores-145m-x-1m-_JM

As eleições de 2022 serão um tanto atípicas em João Monlevade. Pela primeira vez, uma prefeitura do PT não estará, majoritariamente, pedindo voto para Lula numa eleição presidencial.

É que, pelo menos, 80% dos cargos de livre nomeação do alcaide Laércio Ribeiro(PT) se encontram ocupados por apadrinhados e cabos eleitorais de Fabrício Lopes (Avante), que, internamente, já é candidato à prefeito em 2024 e sempre foi governo nos últimos 15 anos, assumindo, portanto, o espectro político de centro-direita, vez que também é egresso do moreirismo.    

Como Fabrício é de centro-direita e maioria na prefeitura do PT, é obvio que seus apadrinhados jamais pedirão voto para Lula, mas sim para Bolsonaro ou Sérgio Moro. E assim, com a prefeitura pedindo fotos para Bolsonaro, o PT local alcança, definitivamente, o apogeu de sua esquizofrenia política no município. Como o cenário político nacional se encontra muito polarizado e acirrado, resta ainda saber como a prefeitura do PT sobreviverá às eleições de outubro próximo.

Esse é o projeto político desenvolvimentista que o PT local tem para Monlevade: encher a prefeitura de moreiristas com o objetivo de pedir votos para Bolsonaro em 2022 e Fabrício em 2024.


quarta-feira, 16 de março de 2022

Magneton MAGNETON




A Magneton é um empreendimento especializado em fornecimento de Magnetita e derivados de alta qualidade no varejo, em quantidades acima de um quilo, para clientes dos diversos ramos de aplicação do mineral. 
A Magneton é referência no fornecimento de Magnetita e derivados com o melhor preço do varejo na plataforma Mercado Livre e outas. 
A Magnetita (Fe3O4) é um mineral formado por óxidos de ferro, tendo como principal característica sua propriedade magnética e sendo cada vez mais utilizada em inúmeras situações. A Magnetita em pó ou granulada fornecida pela Magneton tem tamanho que varia entre 1,50 a 0,075mm, para aplicações de uso geral em artesanatos, organites, trabalhos escolares, contrapesos, tintas e paredes magnéticas, fabricação de bussolas, imãs e baterias. É ainda considerada um mineral com a propriedades exotéricas de atrair coisas positivas e repelir as ruins.  Entre em contato com a Magneton e solicite informações sobre Magnetita.

terça-feira, 15 de março de 2022

Balde de água fria: Laércio diz que licitação da Enscon pode não atrair interessados



Recentemente, a Prefeitura  anunciou que estava contratando empresa para obter dados, indicadores e índices sobre a operação  do transporte público de passageiros no Município, com o objetivo de instruir o edital de licitação que deveria selecionar a nova empresa prestadora do serviço. Pouco depois, o prefeito Laércio Ribeiro declarou com todas as letras que “a licitação para escolher a nova prestadora do transporte público coletivo em João Monlevade pode não atrair interessados.

Primeiramente, a contratação de empresa para levantar dados sobre a operação da Enscon revela o que todos já sabiam. O Governo do PT não tem a menor noção do que acontece com a Enscon e a operação do serviço do transporte coletivo em João Monlevade. Assim, restou comprovado que o subsídio milionário concedido à empresa, anteriormente, se deu às escuras, sem se saber o que de fato ocorre na Enscon, ou seja, prefeito e vereadores assinaram um cheque em branco para concessionária, situação que se distancia em muito da responsabilidade que a administração pública deve ter com o dinheiro publico. Também ficou demonstrado que a Prefeitura não assume sua função fiscalizatória diante da empresa, o que favorece bastante a péssima qualidade do serviço. Aliás, se a Prefeitura do PT cumprisse sua função de fiscalizar o serviço, colhendo dados do sistema, etc, não necessitaria de gastar dinheiro público a fim de contratar empresa para levantar tais informações. Tivesse reestruturado a fiscalização do serviço, as informações, pelas quais a Prefeitura agora vai pagar uma nota preta para obter, já constariam do banco de  dados do SETTRAN.    Outra coisa que a tal contratação demonstra é a falta de sensibilidade política do governo do PT junto aos usuários do serviço. Contratar empresa para dizer o que o povo quer é atestado de incapacidade política do gabinete do prefeito e insensibilidade para com os anseios do povo de João Monlevade. Segundo, a declaração do prefeito no sentido de que a “licitação...pode não atrair interessados” foi muito temerária e demonstra que o chefe do Executivo não está muito entusiasmado com o procedimento. Foi um balde de água fria para o usuário sofrido que acreditou um voto de mudança na atual administração. E se depois da declaração de Laércio a licitação, realmente, não atrair interessados? Vai ficar a impressão de que a licitação foi apenas para inglês ver.

A verdade é que o serviço do transporte público de passageiros em João Monlevade pode ser estruturado para servir ao povo ou a projetos pessoais de poder, como tem sido usado há vários anos. Infelizmente, Laércio não montou um governo para servir ao povo, mas sim para servir ao projeto pessoal de poder de Fabrício Lopes, que já é candidato a prefeito em 2024. E lembre-se, Fabrício é hoje o maior herdeiro do moreirismo no Município e foi o ex-prefeito inelegível Carlos Moreira quem estruturou o serviço do transporte público de passageiros para servir a seu próprio projeto pessoal de poder. É por isso que a qualidade do serviço caiu tanto e o preço da passagem ficou tão alto. Servir a projetos pessoais de poder custa caro e faz a qualidade do serviço cair muito. Ou a Enscon serve ao povo, ou ela serve a projetos pessoais de poder. Os dois, ela não pode fazê-los.