quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Fabrício: Asfaltamento Eleitoreiro que causa Inundação


Os muitos vídeos que circularam recentemente nos meios de mídia, registrando alagamentos, enxurradas e a formação de rios caudalosos sobre o leito das principais vias da cidade, são mais uma mostra de que o Município, por questões topográficas, etc, não comporta a política eleitoreira de asfaltamentos indiscriminados adotada pelo governo Laércio/Fabrício Lopes.

O município de João Monlevade se entende por vales e montanhas elevadas. O asfaltamento de ruas já calçadas de pedra ou de bloquete impede a absorção da água da chuva e favorece o aumento da velocidade das enxurradas, fazendo com que grande volume d’água verta rapidamente para os vales, causando alagamentos.  O correto nestes casos é que apenas as avenidas principais sejam asfaltadas. As vias  secundárias devem ser feitas de bloquetes intertravados, que produzem um pavimento moderno e de alta qualidade, ambientalmente correto, que permite a infiltração de parte da água da chuva  e diminui consideravelmente a velocidade das enxurradas.  

Contudo, o asfaltamento de ruas já pavimentadas de pedra ou de bloquete tem sido uma prática recorrente em João Monlevade porque é uma forma fácil de mostrar algum trabalho para o eleitor iludido, bastando para tal o administrador público contratar uma empreiteira para realizar o serviço.  Foi assim, por exemplo, que o secretário de planejamento, Fabrício Lopes, que já é candidato do PT a prefeito em 2024, ingressou para a política. Como tem sido governo nos últimos 14 anos, na foto em anexo é possível ver o atual secretário planejamento, Fabrício Lopes, secretário de obras na época, prestes a defender a aplicação de asfalto na Rua Joana D’arc, na ocasião em que os respectivos moradores fecharam a via, contrários ao asfaltamento.  Assim, quando a cidade inundar de novo, lembre-se dele: Fabrício/candidato/2024. Matéria completa sobre o asfaltamento da Rua Joana D'arc clique aqui. 


terça-feira, 8 de novembro de 2022

No que o Povo Votou e o que Laércio Entregou


 

Depois do fraco desempenho administrativo dos três últimos prefeitos de João Monlevade, todos relativamente jovens, o eleitorado re-elegeu Laércio prefeito. O recado das urnas havia sido claro. O eleitorado não queria mais saber de aventuras juvenis na Prefeitura. Queria algo certo e já experimentado. Laércio já havia sido prefeito e a memória do povo era de uma boa administração. O eleitorado queria ver no poder de novo aquele governo desenvolvimentista adotado por Laércio, a partir de 1996. Afinal, bastava repeti-lo que o resultado seria bem melhor do que aquele percebido com os últimos três prefeitos.

Mas, então Laércio anunciou o nome do vice, Fabrício Lopes (fotos), que havia, justamente, sido situação nos últimos três governos municipais e, mais do que isso, vice-prefeito da Simone, consorte conjugal do ex-prefeito inelegível Carlos Moreira e última colocada na eleição de 2020.  Naquele momento já se falava num vice-prefeito participativo e já candidato à cadeira do Executivo em 2024. Até aí tudo bem.  Esperava-se que  Laércio repetiria o memorável governo de 1996 e, a partir de um bom resultado administrativo obtido, ele figuraria como principal cabo-eleitoral da pretensa candidatura de Fabrício em 2024. Era o que se esperava. No entanto, não foi o que aconteceu.

Depois de eleito, Laércio Ribeiro e seu gabinete, representado por Gentil Bicalho e Geraldo Giovani, compuseram um governo muito diferente daquele de 1996. Mais de 80% dos cargos foram preenchidos por cabos-eleitorais de Fabrício, que não são muito diferentes dos cabos eleitorais de Simone e Carlos Moreira. Assim, de última colocada nas eleições de 2020, Simone/Carlos Moreira se viu bastante contemplada na composição do governo através de Fabrício Lopes, contrariando a vontade das urnas. E o resultado não poderia ser outro: um governo conservador e, portanto, de resultado administrativo pouco diferente dos que o antecederam.

Além de uma cidade imunda, mal tratada, do caos na saúde (Hospital Margarida e Santa Madalena), transporte público caro, de péssima qualidade, etc, o munícipe agora tem que conviver com a notícia muito preocupante e desconcertante de que Bolsonaro venceu a eleição do segundo turno em João Monlevade.

O eleitor precisa compreender e enxergar com os próprios olhos que até o presente momento, além da inação geral em relação aos principais problemas da cidade (círculo vermelho nas fotos), o resultado do projeto político “desenvolvimentista” que o gabinete de Laércio tem apresentado para Monlevade foi a vitória de Bolsonaro no segundo turno. Lula jamais tinha perdido em João Monlevade. Perdeu agora, justamente, quando o prefeito é do PT, o que é muito emblemático e revelador.  Volto a dizer, é preciso urgentemente que a sociedade monlevadense se organize de modo a conceber um novo grupo político, alternativo ao PT local, que venha a ser cabaz de implementar um projeto desenvolvimentista para o município e de conduzir a política como a ciência coerente que ela deve ser, caso seja eleito. Porque é visível que o PT local se esgotou e perdeu tal capacidade.  

    

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Eleição Revela PT Inapto e Dividido em João Monlevade


As  eleições são o melhor momento da política, porque  é nelas que tudo se revela. E mais uma vez, tive a oportunidade de testemunhar o quão dividido e despreparado é o PT de Monlevade.

É simplesmente estarrecedora a capacidade que o PT de Monlevade tem de se dividir, justamente, no momento mais importante da política que é o período eleitoral. E na política, a operação correta é a soma e não a divisão. Daí, uma das razões da vitória de Bolsonaro no segundo turno em João Monlevade, apesar de o Município ser, formalmente, administrado pelo PT. É só ter início a campanha eleitoral, que o PT local se divide em tantas falanges quantos sejam os interesses pessoais de um núcleo duro e ultrapassado que se apoderou do partido há décadas como se fosse seu. E haja fundo partidário!   Nas últimas eleições, foi visível a divisão do PT monlevadense, sobretudo, entre os candidatos apoiados pelo gabinete do prefeito, Laércio Ribeiro,  e aqueles mais alinhados com Lula. E entre os grupos que se organizaram em torno de tais candidatos aconteceu de tudo. Foi o desenrolar de um verdadeiro roteiro de novela das 9 da Rede Globo, repleto de expedientes de tentativas de sabotagens, puxões de tapetes, ciumeira e inveja desmedidas. Até sabotagem deliberada para impedir companheiro de tirar foto com Lula em Ipatinga aconteceu. Como anda faltando formação política ao PT de Monlevade? Será que eles não viram o que a Rede Globo fez com o Lula e com a Dilma? Então, por que repetem os abomináveis enredos das novelas globais dentro do partido? O PT local tem de compreender que não será repetindo o comportamento exibido pela grande mídia que Monlevade mudará. O PT de Monlevade tem de compreender que a política é uma ciência humana e, portanto, não comporta ações pautadas em ciúmes, inveja, etc. Eles se tratam por companheiros, mas nas eleições o que prevalece é a lei de Gerson e assim, o partido vai sendo destruído pouco a pouco, covardemente. E os que assim agem são covardes sim, porque sabotam os “companheiros”, mas não têm a mesma coragem para puxar o tapete de Carlos Moreira, por exemplo. Não há na sigla, um projeto em comum para Monlevade, que traga união no partido.  A luta do PT monlevadense é interna, um contra o outro.  O PT local foge muito à formação política e não compreende que quando alguém se empenha para sabotar o “companheiro”, ele além de não construir nada para si, também destrói o que o outro está buscando construir. O resultado disso foi a vitória de Bolsonaro no segundo turno, etc. E adivinha... o grupo que estava sabotando o outro teve cerca 100 votos a menos para a candidatura a deputado federal, apesar do apoio do gabinete do prefeito. O PT sofreu uma espécie de seleção natural interna, ficaram aqueles que compactuam com o status quo. O PT tem imensa rotatividade de suas bases, que ingressam no partido, chocam-se com o núcleo duro e depois deixam o sigla, horrorizados com o que ocorre internamente na agremiação.. Daí a dificuldade do partido em, por exemplo, preencher as vagas para candidatos a vereadores, como aconteceu na última eleição municipal.  Ou seja, só fica quem tem disposição para noveleiro. Assim, o partido também não soma e faz cair muito o nível político da agremiação.

Votei em Lula, mas não acredito no PT de Monlevade. Não é por menos que me desfilei. Não aceito ver minha militância ser barganhada conforme interesses pessoais. Também não aceito ser inserido em roteiro de novela, porque acredito que a política se faz com ética e com o manejo dos institutos científicos. Quero ver mais cientistas políticos no PT de Monlevade e menos noveleiros. Só volto a acreditar no PT de Monlevade quando houver uma grande renovação no partido. Portanto,   será preciso urgentemente, substituir o PT local como alternativa de um grupo político desenvolvimentista e coerente com seu conteúdo programático.  A falta de coerência do governo Laércio, a vitória local de Bolsonaro no segundo turno e a situação de abandono em que se encontra a cidade demonstram que o PT monlevadense perdeu a capacidade técnica para efetivar a transformação que tanto almejamos.  Aliás, depois de eleito Lula, já circula um murmurinho sobre uma possível intervenção de instância superior no diretório do PT monlevadense, justamente, por incapacidade de execução do conteúdo programático do partido no governo Municipal .      

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

Vitória de Bolsonaro em João Monlevade é Produto do Gabinete e Derrota para Laércio


 Imagem: https://www.band.uol.com.br/eleicoes/noticias/apuracao/joao-monlevade-mg-veja-quem-sao-os-candidatos-mais-votados-eleicoes-2022-2-turno


Em João Monlevade, município mineiro administrado pelo Partido dos Trabalhadores, Lula venceu o primeiro turno das eleições presidenciais com 47,72% dos votos válidos, contra 43,08 de Bolsonaro. Já no segundo turno, houve uma reversão, Bolsonaro venceu com 50,44% dos votos, contra 49,56 de Lula. Uma derrota emblemática que enfraquece o governo do prefeito petista Laércio Ribeiro. E mais do que isso, a vitória de Bolsonaro no segundo turno em João Monlevade é o mais direto produto da articulação política esquizofrênica do PT local e mais uma triste mostra da grande dificuldade do partido em implementar seu conteúdo programático no Município. 
Infelizmente, depois de eleito, Laércio traiu seu eleitorado e compôs um governo, majoritariamente, moreirista de modo que na última eleição mais de 80% dos cargos comissionados da Prefeitura estavam engajados na candidatura de Bolsonaro, capitaneados pelo vice-prefeito Fabrício Lopes. 
Em outras palavras, o projeto político apresentado pela administração Laércio Ribeiro para João Monlevade até o momento foi o de compor um governo majoritariamente conservador, no qual mais de 80% da Prefeitura estava pedindo voto para Bolsonaro, favorecendo-lhe a vitória, ou seja, o inverso do que se espera do PT. O resultado não poderia ser outro: a vitória de Bolsonaro no Município. 
Quando se está no poder e não se implementa o conteúdo programático para o qual foi eleito, de duas uma: ou é mamata - e o prefeito fez a opção errada por se cercar de mamíferos históricos do PT local - ou é barganha. Neste caso, vejo que é um pouco das duas coisas. Aliás, este fenômeno bizarro, em que uma prefeitura petista deu vitória ao Bolsonaro no Município tem nome e sobrenome: Gentil Bicalho e Geraldo Giovani, os assessores de gabinete, responsáveis pela articulação política do prefeito.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Responsável pelo "Golpe do Bingo" no Hospital Margarida é candidato a deputado


O ex-provedor do Hospital Margarida, José Roberto Fernandes, responsável pelo “golpe do Bingo”, agora é candidato a deputado federal, pelo Avante, partido de Fabrício.

Para quem não se lembra, entre outras muitas coisas, José Roberto Fernandes foi o provedor responsável por fazer o até então tradicional Bingo do Hospital Margarida perder seu caráter beneficente, segundo o Ministério Público, ocasionando na suspensão judicial do evento. Ocorre que, após a suspensão do evento pela Justiça, a requerimento do Mistério Público, o Bingo, que já havia se tornado acontecimento concorrido do calendário monlevadense e importante fonte de receita para o Hospital Margarida, jamais ocorreu e o valor arrecadado com a venda das cartelas, orçado em torno de um milhão de reais, jamais caiu na conta da casa de saúde, como também jamais foi devidamente devolvido aos adquirentes das cartelas.    E o Bingo do Hospital, diante do arrasamento de sua reputação, jamais pode ser realizado novamente, porque depois de Zé Roberto Fernandes, ninguém mais teria coragem de adquirir uma cartela para participar do evento. Assim, o Hospital perdeu uma importante fonte de receita e os adquirentes das cartelas ficaram a ver navios.  

Agora, por incrível que possa parecer, o responsável pelo “golpe do Bingo” é candidato a deputado, como se nada tivesse acontecido. Então, estamos aqui mais uma vez para rememorar os fatos, que são gravíssimos, e subsidiar o voto consciente. Não vote em candidatos com histórico de golpe milionário na praça local. Vote consciente!   


 

quinta-feira, 7 de julho de 2022

Fabrício e a Política do Mexido e Circo

Foto/Divulgação
 


O homem não é um ser racional. O homem é um ser cultural. E há culturas que conseguem inserir o homem num ambiente de racionalidade. Quando isso acontece, o desenvolvimento deslancha. João Monlevade já foi, sem dúvida, uma cidade muito mais rica, culturalmente. Isso ocorreu quando a Belgo-Mineira era a locomotiva cultural do município que fomentava toda uma sistemática cultural local que ia desde a implantação de uma arquitetura identitária, passando pela instituição de um calendário de festas, eventos e indo muito além, até uma criação de uma cultura de planejamento e ordenamento urbano, por exemplo.   Afinal, a cultura é muito mais do que festas, aulas de pintura e de dança. Para se ter uma ideia, naqueles tempos havia até cinema, coisa que não existe mais há muito tempo. Mas, infelizmente, com o fechamento do viaduto do Morro do Geo e a demolição da arquitetura da Praça Ayres Quaresma ocorrido em 1987, a Belgo-Mineira acabou e com ela se foi a grande locomotiva cultural do município. Desde então, Monlevade nunca mais viveu aquela pujança cultural dos áureos tempos da Belgo-Mineira. Ao contrário, sob o ponto de vista cultural, a cidade se mostrou muito pouco conservadora, deixando se perder boa parte de sua arquitetura, o cinema, muitas tradições, a urbanidade, a cordialidade, o padrão educacional, os grandes carnavais, os festivais, os eventos esportistas, etc, etc.    

Recentemente, tem se visto a Casa de Cultura de João Monlevade realizando muitas festas no Município. Mas, nenhuma delas é, autenticamente, monlevadense. A Casa de Cultura, infelizmente, não tem conseguido realizar o resgate da cultura local. Foi o caso, por exemplo, do Festival Gastronômico Mistura, realizado no último fim de semana na Praça do Povo, com a co-participação luxemburguesa, a mesma nacionalidade que fundou a Belgo-Mineira a partir de 1935.  Quando o evento foi anunciado com o nome de “Mistura”, ficou a impressão de que o carro chefe do festival gastronômico seria o mexido. Afinal, um bom mexido de arroz, feijão, sobras do almoço e pimenta malagueta pode ser bem gastronômico e bastante monlevadense, sobretudo, no jantar. Contudo, não foi o que aconteceu. Não se viu nenhum prato tipicamente monlevadense no festival. Nada de vaca atolada, feijão tropeiro, galo-pé, joelho de porco, frango com quiabo, etc, etc, no festival. Também não se viu nenhum prato original daqueles que eram servidos, por exemplo, no Cassino Monlevade, nem nada de bata-doce que era o principal produto agrícola consumido na Fazenda Carvoeira e Fábrica de Ferro Monlevade, fundada a partir de 1828. Um feijão tropeiro feito com farinha de batata-doce teria sido muito gastronômico e, autenticamente, monlevadense.  Em outras palavras, foi um festival gastronômico nada autêntico diante da cultura monlevadense. Nem mesmo os ingredientes dos pratos premiados no festival foram divulgados.  Nova Era, por exemplo, realizará um Festival Gastronômico nos próximos dias na Fazenda da Vargem, cujo ingrediente principal será um produto local, a mandioca. Já em Monlevade, ninguém sabe do que eram feitos os pratos que venceram o festival.

O festival gastronômico “Mistura” foi mais uma mostra da dificuldade existente em João Monlevade de se resgatar a cultura local e, de outro lado, da aptidão da Prefeitura do PT em realizar festas, enquanto a cidade se encontra imunda, mal cuidada, com recorrentes cortes no abastecimento de água, falta de atendimento adequado no Hospital Margarida, etc. Infelizmente, não destoou da política de pão e circo vigente com vistas a eleger Fabrício prefeito em 2024. Tivesse sido mexido e circo, teria sido mais autêntico.  

  

quinta-feira, 9 de junho de 2022

O Óbito do Bebê de 9 meses no Hospital Margarida


 

Segundo denúncia, amplamente, circulada nas redes sociais no ultimo fim de semana, um bebê de 9 meses chegou a óbito no Hospital Margarida, depois de uma espera de 12 horas dentro da unidade de saúde por atendimento pediátrico. Ainda conforme o denunciado, não havia pediatra no hospital no momento do óbito.

A Associação São Vicente de Paulo (ASVP), criada pelo ex-prefeito inelegível Carlos Moreira para administrar o Hospital Margarida é uma verdadeira caixa preta. Apesar dos valores milionários em recursos públicos da saúde repassados pelo Município, etc, e das muitas doações realizadas pelos munícipes, a ASVP não presta conta à sociedade do que anda fazendo com tanto dinheiro. Outro problema é que a ASVP não é uma entidade representativa da sociedade civil organizada de João Monlevade. Ela é hermética e representa apenas os interesses da patota do ex-prefeito inelegível Carlos Moreira. Veja na imagem anexa, que no Pronto Socorro do Hospital Margarida existe uma placa, homenageado um político, cuja elegibilidade foi caçada pela Justiça em função da prática de inúmeros atos de improbidade administrativa. A ASVP não é uma entidade especialista em gestão hospitalar, ela é uma entidade política.       

Algum vereador mais responsável deveria propor projeto de lei, obrigando qualquer entidade subvencionada pelo Município, a prestar contas de tais valores em audiência pública na Câmara, inclusive das doações dos munícipes. Assim, ficaríamos sabendo quanto da subvenção a ASVP tem gastado, por exemplo, com sucessivas obras de construção civil ou com a contratação de médicos para atender a população. Aliás, se tem uma coisa que a ASVP se tornou especialista é em realizar obra de construção civil no Hospital Margarida. A ASVP está sempre reformando ou construindo no Margarida. E advinha, as empreiteiras que realizam as obras no Margarida são exatamente as mesmas que faturaram aqueles absurdos mais de 22 milhões de reais na tentativa fracassada de se adaptar um hospital de 100 leitos no prédio do antigo terminal rodoviário. O pretenso hospital Santa Madalena jamais saiu do papel, apesar da evaporação de muito mais de 22 milhões de reais em recursos públicos, contudo o Pronto Socorro do HM não deixou de ser batizado de Madalena (foto) em homenagem ao maior escândalo político-administrativo ainda não resolvido em João Monlevade.

A meu ver, a tragédia que se abateu sobre a família do bebê que faleceu, recentemente, no HM tem relação direta com essa especialização da ASVP em executar obra de construção civil. Ou se constrói ad infinitum no Hospital Margarida ou se contrata médico para atendimento da população. O que adianta construir grandes instalações, se elas não são preenchidas com médicos contratados para atender a população? No momento da morte do bebê, não houve atendimento pediátrico, mas as obras de construção civil para mais uma ampliação do Hospital estão em ritmo acelerado e não podem parar. E os recursos para o custeio destes novos setores que estão sendo construídos, já estão garantidos? A verdade é que o recurso com o qual o pediatra deveria ter sido, previamente, contratado para o pronto atendimento daquele bebê, cuja família tem minha solidariedade, foi parar no bolso dos mesmos empreiteiros que tantos prejuízos já causaram ao Município no caso do absurdo Hospital Santa Madalena, por exemplo. Imagina se fosse seu filho!

O povo de João Monlevade precisa escolher se o Hospital Margarida assumirá sua função de prestar atendimento médico adequado à população ou se seguirá enriquecendo empreiteiros de obra de construção civil. As duas coisas a tragédia do bebê de 9 meses já demonstrou que não são possíveis.  

quarta-feira, 8 de junho de 2022

O Melhor Momento de Railton

 

Dr. Railton vem subindo com firmeza a escada da cura pela provação por que tem passado. Será mais uma experiência pessoal que o qualifica ao cargo de prefeito de João Monlevade, já que se o médico encontra dificuldade na liberação de tratamento junto ao plano privado de saúde do qual é cooperado, imagina-se o que acontece com o cidadão médio na rede pública.

Dr. Railton está em seu melhor momento político. Depois de uma longa trajetória política como vereador e vice-prefeito, por muitos mandatos, Dr. Railton demonstrou na última eleição, quando alcançou a vice-liderança da disputa, à frente da candidata do governo,  que segue como um candidato competitivo, sem precisar se relacionar com os setores da velha política monlevadense.  Significa dizer que na última eleição, Dr. Railton não se elegeu prefeito por muito pouco, sem ter que se vender à turma de Machadão, livrando-se dos enredos novelescos do PT local, livrando-se da turma do inelegível Carlos Moreira e bem longe da turma do Fabrício. 

Tudo do que um prefeito deve se livrar, se pretende realmente empreender a verdadeira mudança de que Monlevade precisa e merece.       

terça-feira, 24 de maio de 2022

Do Compromisso de Auditoria do PT ao Assentimento do Santa Madalena

Durante a campanha eleitoral, o atual prefeito Laércio Ribeiro assumiu o compromisso de realizar uma ampla auditoria no Município, buscando esclarecer os indícios claros de irregularidade que saltam os olhos. O mais gritante deles é sem dúvida o chamado Hospital Santa Madalena, que consistiu na tentativa absurda e fracassada do ex-prefeito inelegível Carlos Moreira de improvisar um hospital de 100 leitos no prédio do antigo terminal rodoviário, ao custo de muito mais de 22 milhões de reais de recursos públicos da saúde. E a perda para o povo monlevadense não se limitou apenas aos mais de 22 milhões de reais que evaporaram na obra. Além do pretenso hospital de 100 leitos que jamais saiu do papel, Monlevade também perdeu um Terminal Rodoviário centralizado e muito bem estruturado e o Pronto Atendimento, que depois de instalado naquele local, também se tornou inviável.
Mas depois de eleito o atual prefeito, não foi o que aconteceu. Ao contrário da prometida auditoria, o que se tem visto é o assentimento do governo do PT de Laércio Ribeiro em relação ao Santa Madalena. Exemplo disso é que no mês passado, a Farmácia Municipal foi transferida para o prédio do famigerado Santa Madalena. Recentemente, o governo municipal também anunciou que demolirá o prédio da antiga Policlínica e o reconstruirá, mais amplo, para abrigar um centro odontológico e uma unidade básica de saúde. Em outras palavras, depois de reconstruído o prédio onde funcionou por décadas, a Policlínica não retornará para o mesmo, seguindo a funcionar no Santa Madalena, para onde foi transferida a fim de arranjarem alguma destinação para aquele custoso trambolho de concreto, depois de o funcionamento do PA se revelar inviável naquele local imundo que não é passível de alvará sanitário.
Assim, o governo do PT vai abraçando devagarzinho o Santa Madalena, descumprindo seu compromisso de campanha. Resta muito claro que a auditoria do PT esbarrou na figura do vice-prefeito, Fabrício Lopes, que, nos bastidores, já é candidato a chefe do executivo em 2024, tem sido governo nos últimos 15 anos e, portanto, não tem interesse em revelar os “malfeitos” dos quais participou, nem de comprometer a imagem daquele com quem ele pode se realinhar, politicamente, num futuro próximo.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

"Farra do Lixo": Rejeitado Recurso que Impedia Remessa do Processo para o Tribunal de Justiça


 

Ontem, os desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais rejeitaram mais um recurso interposto por um dos envolvidos naquele  que foi  o maior escândalo de corrupção já descoberto no Município e que ficou conhecido, popularmente, como a Farra do Lixo, depois de desbaratado pelo advogado Fernando Garcia, isto é, euzinho, mediante representação documentada junto ao Ministério Público local.  

A Farra do Lixo consistiu numa série de irregularidades administrativas verificadas durante a gestão do ex-prefeito inelegível, Carlos Moreira (foto de campana), na contratação por parte do Município de empresa para a prestação do serviço de coleta do lixo urbano. Durante a execução do contrato, que superou o limite legal de 60 meses de vigência, era realizada por Carlos Moreira e companhia uma média de dois termos aditivos anuais, sem justificativas plausíveis, sempre majorando o valor do mesmo, o que rapidamente extrapolou  o limite legal da licitação que foi realizada na modalidade tomada de preços. O valor do prejuízo causado aos cofres públicos de João Monlevade pela Farra do Lixo e calculado pelo Ministério Público no ano de 2010 foi da ordem de 3,9 milhões de reais.  Se reajustado, este valor, que deverá ser restituído ao erário, deve superar os 5 milhões de reais.

Ontem, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais rejeitou o último recurso que suspendeu a tramitação do processo da Farra do Lixo, impedindo-o de ser remetido para apreciação em segunda instância. Caso seja confirmada a sentença condenatória da Farra do Lixo no Tribunal de Justiça, o ex-prefeito inelegível, Carlos Moreira, ficará novamente inelegível por mais 8 anos.     

quinta-feira, 19 de maio de 2022

Segue a Destruição do Legado Arquitetônico de Louis Ensch


É estarrecedor como o monlevadense, no geral, não tem tido capacidade nem sensibilidade para preservar a arquitetura legada por Louis Ensch. O que não foi demolido, tem sido descaracterizado, dia a dia.

Falo do outrora belíssimo conjunto arquitetônico da Avenida Aeroporto e da Rua Dr. Geraldo Soares de Sá (foto), na Vila Tanque, que já foi tão representativo da Cidade Industrial de Louis Ensch. A arquitetura é uma das mais primordiais formas de arte da civilização.  Aquelas casas são imensamente amplas e possuem construção muito sólida, demandando pouquíssima alteração. O máximo seria alguma reforma para atualizar os banheiros, a cozinha e nada mais. No entanto, não é o que se tem visto Em vez, de um consenso para conservarem a arte, ou seja, a arquitetura das casas e a homogeneidade do casario, depois de vendidas pela Belgo Mineira, os atuais proprietários se engajaram numa disputa de puro exibicionismo para, supostamente, apontar quem tem mais capacidade econômica de modificá-las. Um ergue um puxadinho no telhado, o vizinho ergue um maior. O outro desfigura parte da fachada, o vizinho desfigura a fachada inteira.  E o resultado tem sido a descaracterização sistemática da arquitetura e, por conseguinte, a destruição da arte e, portanto, de um insubstituível elemento da identidade local. Prova de que a capacidade econômica, por si só, não é sinônimo de alto nível cultural.  Lembro-me de quando era criança, descia aquelas ladeiras em disparada a bordo de meu carrinho de rolimã fechado, de dois metros de comprimento e, na volta, quando tinha de rebocar todo aquele peso morro acima com o auxílio de uma corda, parava várias vezes para retomar o fôlego, tendo a grata oportunidade de apreciar a beleza arquitetônica daquele casario homogêneo. No início, achava que todas as casas eram iguais. Mas, depois, percebi que apesar de muito parecidas, não havia nenhuma casa igual a outra. Cada uma tinha algum elemento arquitetônico diferente da outra. O gradil das casas era baixo e, em virtude das muitas amizades de infância, tínhamos acesso aos quintais delas, por onde passávamos para chegar à mata, onde colhíamos morangos silvestres e atravessávamos o riacho dependurados no cipó. Hoje tudo acabou, não há mais a beleza arquitetônica do casario, carrinhos de rolimã, até porque os passeios também foram modificados, impedindo o trânsito deles, nem acesso à mata. Definitivamente, não estamos evoluindo.      

E tudo isso vem ocorrendo ao arrepio da Casa de Cultura, do Conselho de Patrimônio Cultural e da Prefeitura, cujo mandatário é, justamente, morador da Vila Tanque. É muito triste ver tudo se acabando e sendo destruído.  De outro lado, também houve aqueles que reformaram as casas, conservando a sua originalidade. Estes estão de parabéns pela sensibilidade artística. Hoje, o casario mais bem conservado e representativo da arquitetura monlevadense é o conjunto arquitetônico da Rua Imbé, também no Bairro Vila Tanque, com aquelas belíssimas casas suspensas.     

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Núcleos da Fundação Crê-Ser na Estruturação Política de Fabrício

Imagem: Comunicação da Prefeitura
 

Política se faz com pessoas. A verificar-se a forma como foi estruturado o atual governo do prefeito Laércio Ribeiro (PT), resta claro que o mesmo não se trata de uma repetição de seu mandato de 1996. Politicamente, a atual administração se encontra composta por cerca de 80% de cargos comissionados indicados por Fabrício, muitos deles, gente de confiança do ex-prefeito inelegível Carlos Moreira, pois Fabrício não apenas é egresso do moreirismo, como hoje é seu maior herdeiro. Nos bastidores do governo é, perfeitamente, visível que a prefeitura e a administração pública indireta se encontram aparelhadas, quase que exclusivamente, para eleger Fabrício prefeito em 2024, o que é muito lamentável, já que o Município precisa se desenvolver e Fabrício, na verdade, é um apolítico, pois tem sido governo nos últimos 15 anos. Fabrício foi, Simone e agora também o é no governo do PT. Ou seja, Fabrício representa o chamado “centrão”, que é aquele espectro que não tem projeto político para Monlevade, a não ser o de se alinhar ao governo de situação, seja ele qual for, em troca de cargos na Prefeitura e nas fundações e autarquias municipais.  

Amostra disso é o que vem se desenrolando na Fundação Crê-ser. Recentemente, foram inaugurados mais dois núcleos da Fundação Crê-ser, um no Bairro Amazonas, outro no Nova Monlevade, num total de oito. Adivinha quem é a diretora executiva da Fundação Crê-ser! Helenita Melo Lopes, ninguém menos do que a mãe de Fabrício, cujo salário, entre janeiro e abril de 2022, variou de R$ 9.018,11 à R$ 15.030,17, conforme se fez constar do Portal da Transparência do Município.

Agora, eu te pergunto: esses núcleos da fundação Crê-ser que estão sendo rapidamente inaugurados, um atrás do outro, serão utilizados para complementar os estudos dos alunos da rede pública municipal de ensino, ou se transformarão comitês políticos de Fabrício em 2024?      

quinta-feira, 5 de maio de 2022

Sistema de TV brasileiro foi quase todo montado durante a ditadura





Então vamos lá, vamos parar de repetir as coisas como papagaios e vamos pensar, que é o que deveria distinguir o ser humano dos animais irracionais.

O atual sistema de televisão brasileiro composto pela Rede Globo, SBT, Bandeirantes e Record foi quase todo montado durante a Ditadura Militar que perdurou de 1964 a 1988. A Globo foi fundada em 1965, em função do Golpe de 1964, pelo poderoso grupo de mídia estadunidense Time-Life, houve até uma CPI na época, que obviamente, acabou em pizza. SBT e Bandeirantes foram fundados em 1981 e 1967, respectivamente, ou seja, em plena vigência da ditadura. A única que não foi fundada na ditadura foi a Record, que é de 1953. Contudo, a emissora passou por vários donos e fazes, de tal modo que a Record que existe hoje foi re-fundada em 1989, logo após a redemocratização, mas ainda dentro de um sistema concebido pela ditadura. Só por este motivo, ou seja, por ter sido fundado durante um regime ditatorial, o sistema de televisão brasileiro deveria ter passado por uma reformulação completa, após redemocratização do país em 1988, coisa que nunca aconteceu. Se o Brasil se pretende uma democracia de fato, ele jamais poderia conviver um sistema de mídia fundado sob os ditames de uma ditadura.        

Mas, infelizmente, não pára por aí. Além de fundado pela ditadura, o sistema de televisão aberto brasileiro também é um monopólio dissimulado. Muito embora seja constituído por 4 canais de TV, não há ampla concorrência no sistema, pois ele é formado por apenas uma grande emissora, a Rede Globo, e outras 3 emissoras médias, o SBT, a Band e a Record, situação que, por exemplo, não acontece nos EUA, onde o sistema comporta 4 grandes emissoras, dezenas de médias e centenas de pequenas.

E a Rede Globo é a maior emissora não porque ela seja competente, etc, mas sim porque o sistema fundado pela ditadura lhe concedeu de mão beijada o monopólio de 70% do faturamento do setor.  Na prática, nenhuma outra emissora concorre com a Rede Globo, a não ser pontualmente. Se há alguma concorrência, ela ocorre apenas entre as médias emissoras: SBT, Band e Record. Aliás, as outras emissoras apenas existem para dissimular que o sistema não é um monopólio da Globo.

Outra característica indesejável do sistema é que ele é extremamente conservador por não contar com um programa sério para se debater política. Não se engane, o Brasil só é o país do futebol, porque o futebol é o tema mais pautado pela grande mídia brasileira que ainda é a televisão. Se tivéssemos programas sérios para se debater política na TV, já poderíamos ter resolvido muitos de nossos problemas. Ainda há outras questões problemáticas. A Globo, por exemplo, é uma mídia sem ética, o que é um erro grave civilizatório. A função da mídia é sempre a de influenciar o comportamento das massas. Ela informa, enquanto influencia comportamento. Ela entretém enquanto influencia comportamento. Os enredos das novelas da Rede Globo são pautados pela “lei de Gerson” e exibem todos os expedientes de desonestidade possíveis. Quem assiste é testemunha disso! Não tenha dúvida, todo esse comportamento reprovável exibido nas novelas da Globo são replicados na sociedade brasileira, pois é essa a função da mídia. A problemática ainda atinge o SBT que é utilizado pelo seu proprietário para vender os produtos financeiros e os bens de consumo que suas empresas comercializam, o que é completamente antiético. Se você tiver à disposição um canal de TV para fazer publicidade dos produtos comerciais ou financeiros de suas empresas, você também ficará imensamente rico. E o cara ainda é idolatrado!  A Bandeirantes, historicamente, é muito voltada para o futebol. E como já dito, o Brasil só é o país do futebol porque o esporte é um dos temas mais pautados pela TV brasileira. Se amanhã, o futebol for banido da programação da TV e substituído pelo críquete, em menos de uma década o Brasil se transforma no país do críquete.  A Record é utilizada para cobrar dízimo e vender coisa ungidas, situação ainda pior do que a do SBT.

O que o Brasil precisa é de uma grande reformulação no seu sistema de grande mídia que ainda é a TV. Se o Brasil se pretende uma democracia de fato, não pode mais conviver com um modelo de mídia fundado e estruturado por um regime ditatorial, nem com o monopólio de apenas uma emissora. Precisamos, urgentemente, de concorrência, pluralidade e, portanto, de realizar a reforma dos meios de comunicação.     

       

 

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Ex-prevedor condenado por falsa acusação de segregação racial vai palestrar em Encontro Afro



  

O ex-provedor do HM, José Roberto Fernandes, multi-condenado pela Justiça em função da prática de uma série de atos ilícitos quando “administrou” aquela casa de saúde, entre eles, por acusar, falsamente, médico do Corpo Clínico de cometer segregação racial no Hospital Margarida, vai palestrar em Encontro Afro, segundo anuncia “outdoor” instalado em avenida da cidade (fotos).            

Pertinente se faz relembrar que enquanto esteve à frente do hospital, José Roberto Fernandes, foi responsável pela consecução do maior golpe já realizado na praça monlevadense, quando inúmeras cartelas do então tradicional Bingo do Margarida foram vendidas, o evento foi suspenso pela Justiça, por ter perdido seu caráter beneficente como fundamentou o Ministério Público, e o valor arrecadado evaporou, sem deixar rastro.   

Agora, o autor do golpe do Bingo, que mentiu e utilizou uma questão tão séria como a racial para prosseguir o Corpo Clínico do HM, vai palestrar em Encontro Afro. Monlevade está virada de ponta-cabeça!  

quarta-feira, 27 de abril de 2022

Derrota para Fabrício: Heineken vai para Passos


 Foto: divulgação

Recentemente, depois de a Heineken desistir de se instalar em Pedro Leopoldo, a prefeitura de João Monlevade entrou no páreo para o Município sediar a fábrica da cervejaria. O investimento previsto seria de 1,8 bilhão de reais, com a criação de centenas de postos de trabalho diretos e indiretos.

A disputa foi encabeçada, localmente, pelo secretário municipal de planejamento e desenvolvimento econômico e vice-prefeito Fabrício Lopes (Avante). Na ocasião o prefeito Laércio Ribeiro chegou a argumentar que o município possuía recursos hídricos em abundância, o que, segundo ele, era um diferencial em relação às outras cidades que também pleiteavam a fábrica. Contudo, a tentativa não avançou - desculpe o trocadilho. Hoje a imprensa mineira divulgou que a fábrica da cervejaria será instalada no município de Passos, no sul do estado.     

“Recursos hídricos em abundância”, por si só, jamais serão são suficientes para atrair a instalação de uma grande cervejaria, se o Departamento de Água e Esgotos (DAE) não tem a capacidade de fornecê-los a seus consumidores de forma continuada e segura. Certamente, as constantes interrupções no abastecimento de água tratada anunciados pelo DAE, semanalmente, pesaram para a derrota do município na disputa.           


domingo, 24 de abril de 2022

"Rolé nas Gerais" da Rede Globo


Imagem/divulgação: https://globoplay.globo.com/role-nas-gerais/t/wLvCcPHZhh/detalhes/

 Para se fazer uma análise sobre o programa “Rolê Nas Gerais”, exibido aos sábados na Globo Minas é preciso voltar aos protestos de  2013. Como todos podem se lembrar, a Rede Globo também foi alvo dos protestos de 2013. "Fora Globo, o povo não é bobo”, é o que também se gritava nas ruas. Naquela ocasião, o povo foi às ruas para protestar contra o sistema, o que incluiu a Rede Globo, porque, apesar de deter o monopólio da grande mídia nacional, ela, visivelmente, não divulga para o Brasil suas diversas realidades, sejam elas, sociais, políticas, históricas, econômicas, geográficas, antropológicas, etc.

Então, para se enquadrar aos anseios manifestados pelo povo brasileiro nos protestos de 2013, a Globo Minas incluiu em sua grade de exibição o programa “Rolê nas Gerais”, que hoje é aquele que se propôs a pautar a maior e mais grave questão social brasileira: os guetos de exclusão a que se chamam favelas.  Quando vi, não acreditei. A Globo pautando favela!!? Achei muito estranho porque a Globo tem um histórico conservador e será somente quando as muitas realidades das favelas passarem a ser pautadas pela grande mídia que as coisas poderão mudar no Brasil. A Rede Globo foi fundada em função do Golpe de 64, que como todos, foi um golpe conservador, destinado a conservar os status quo e, portanto, a impedir que um governo progressista promovesse as várias reformas institucionais, anunciadas naquela ocasião. A Globo também não tem um programa sério para discutir política, o que reafirma o quão conservadora ela é.  Aliás, o Brasil, hoje, só é o país do futebol porque o futebol é um dos temas mais pautados pela Globo.   Se o Brasil pudesse contar com um programa na grande mídia para discutir política, certamente, já poderia estar muito mais adiantado em todas as áreas.  Mas, há atrasados 57 anos, isso não ocorre.    

Então, diante de um inédito programa na Globo que se propunha a pautar as favelas de Minas Gerais, eu não podia fazer outra coisa, senão assistir. Assisti e, como suspeitado, o resultado não foi um tremendo engodo. Infelizmente, programa “Rolé nas Gerais” não pauta as diversas realidades das favelas mineiras, mas apenas o aspecto cultural das mesmas. Tudo que distingue o Brasil e estabelece a identidade nacional é em grande medida afro-brasileiro. Há cultura na favela. Isso é inegável e uma amostra da imensa capacidade desdobramento do povo brasileiro, porque produzir cultura naquele ambiente de exclusão social por si só já é um ato de heroísmo. Contudo, não é pautando, dissimuladamente, apenas a cultura das favelas que tal realidade será superada. É preciso, mais do que isso, pautar a situação de exclusão completa que define as favelas brasileiras. E isso, o programa “Rolé nas Gerais” não faz. A favela vai muito além da pobreza!  É preciso pautar as favelas como os guetos de exclusão que elas são. É preciso pautar a ausência de acesso aos serviços públicos essenciais que vigora e define as favelas, como o arruamento, o ordenamento urbano, as condições das moradias, o abastecimento de água, a coleta de lixo, o fornecimento de eletricidade e serviços de comunicação,  a coleta do esgoto, a saúde, a educação, a segurança, o direito de ir e vir, etc, etc. É preciso mostrar como a ausência de acesso, sobretudo, ao serviço de educação faz com que as pessoas excluídas nas favelas ocupem postos de trabalho, nos quais trabalharão toda uma vida sem jamais aferirem o suficiente para adquirem dignidade e terem acesso aos bens e serviços do Brasil. É preciso pautar a infância nas favelas e mostrar como é difícil para as crianças o acesso a uma educação de qualidade, pois por definição não há escolas nas favelas, salvo raras exceções. É preciso mostrar a dificuldade de estudar, a falta de estrutura para tal e como as crianças ficam, completamente, desassistidas naquele ambiente de exclusão social. É isso que queremos ver no programa “Rolé nas Gerais”, a realidade nua e crua das favelas. Para quem se deixa influenciar pela Rede Globo é muito difícil pensar, mas o Brasil apenas se tornará um país desenvolvido e rico quando as massas forem integradas à sociedade brasileira e, portanto, quando não existirem mais favelas, como os guetos de exclusão que são. E de engodo, já basta a ditadura monocromática do futebol.  Na próxima, vou escrever sobre o "Globo Esporte", que deveria se chamar "Globo Futebol". 

 

quarta-feira, 20 de abril de 2022

O Programa "Tô Indo" da Globo na Alienação Cultural do Mineiro



O programa “Tô Indo”, exibido nas manhãs de domingo pela Globo Minas, é mais uma tentativa fracassada e intencional da Rede Globo de fazer circular os verdadeiros alicerces identitários e culturais do povo mineiro.
Mas, por que é fracassada? É fracassada porque sempre associa o mineiro ao já batido, cansativo e enganoso estereótipo de caipira. Segundo, o conteúdo veiculado pelo programa televisivo, Minas Gerais é, invariavelmente, uma roça, coisa que o mineiro autêntico e conhecedor de sua identidade não pode admitir calado. O apresentador do programa encarna com muita propriedade aquele estereótipo de caipira e até fala como tal, incorporando um sotaque que não é o mineiro, mas sim aquele das divisas com São Paulo. Na da contra o estado vizinho. Mas, é porque Minas surgiu de um violento processo de separação, justamente, da Capitania de São Paulo, a que se denominou de Guerra dos Emboabas. Apesar de comportar vários sotaques, já que se trata de um estado-nação do tamanho da Franca, a verdadeira mineiridade não pode ser apresentada, senão pelo muito característico e autêntico jeito mineiro de falar que é aquele da Serra do Espinhaço e não os das divisas do estado. O também é muito jocoso, indiscreto, grita muito e muitas das vezes parece fugido de um sanatório. Tudo o que é incompatível com o jeito mineiro de ser. É inegável que Minas tem sim sua cultura agro-pastoril, pois é um estado grande produtor de alimentos, com muito orgulho. Além dos ciclos do Ouro e do Diamante, Minas viveu o ciclo das fazendas de café e, desde sua fundação, também sempre criou gado de corte e leiteiro, etc. Contudo, a fundação de Minas Gerais não está na roça. Na verdade, Minas Gerais foi o primeiro grande processo de urbanização do Brasil. As Minas de Ouro jamais ocorreram na roça. Basta ver Ouro Preto, a capital histórica de Minas. Ouro Preto nasceu de um processo de conurbação, rigorosamente imposto pelo Código de Posturas, isto é, nasceu da junção de várias urbes mineradoras ordenadas e padronizadas que cresciam na medida do povoamento das Minas de Ouro – uma exigência legal do Regimento de Minas. Veja a foto anexa de Ouro Preto. Veja como Ouro Preto é 100% urbanizada. Veja como o mineiro é, urbanamente, cerimonioso. 
Então, por que a televisão, invariavelmente, associa Minas à roça e o mineiro ao estereótipo de caipira? Porque se trata de um processo intencional de alienação cultural. Primeiro, que é pra domar o espírito revoltoso do mineiro. O mineiro foi, politicamente, sempre muito indomável, promotor de revoltas e sedições. Associando Minas à Roça, a televisão afasta o mineiro da política, porque na roça não há polis, no sentido grego do termo. A política só existe nas cidades, onde os cidadãos compartilham vários interesses em comum. Já na roça, o único interesse que se tem em comum com o vizinho é a via de acesso. Segundo, que é para afastar o mineiro da mineração. Você vê algum mineiro minerando hoje em dia? Não. Alguém, minera ouro em Ouro Preto, apesar do grande desemprego e dos R$300,00 o grama? Só se for escondido! Se alguém se aventurar a tirar um ourinho no Rio Tripuí, abaixo da Casa dos Contos, a polícia aparece e ele é, imediatamente, preso. Hoje o mineiro é convencido pela televisão que é caipira e não minera mais, a não ser como empregado das grandes mineradoras, muitas delas estrangeiras. E não minera porque mineração não é para caipiras. Hoje, na prática, o mineiro se encontra proibido de minerar e a alienação cultural é tão grande que ele nem se dá conta disso. Imagina o tamanho da revolta se o mineiro fosse proibido de minerar naqueles tempos do Brasil - colônia! Hoje, não! Além de proibido de minerar, o mineiro assiste a imensos desastres humanos e ambientais, sem qualquer reação a altura, porque, como caipira, acredita que a mineração é um assunto no qual não deve se meter. Aliás, pode-se dizer que as tragédias da Samarco, em Mariana, e da Vale, em Brumadinho, são produtos direitos da alienação cultural imposta a Minas porque elas são resultado de uma omissão que teve seu início no fato de o mineiro se encontrar de costas para a mineração, acreditando, erroneamente, que é caipira.

terça-feira, 29 de março de 2022

Retórica da Arcelormittal diminui a História de João Monlevade

Este quase bordão de “uma pequena forja catalã, fabriqueta de enxadas”, seguramente, foi cunhado dentro da Usina. Infelizmente, é o que se ouve e o que se aprende, erroneamente, nas escolas locais sobre a história do minerálogo e metalurgista francês João Antonio de Monlevade (retrato). Na verdade, sob o ponto de vista da estrutura do estabelecimento, não existiu apenas uma, mas sim três as fábricas de ferro da Família Monlevade: a Fábrica Velha, que funcionou de 1828 a 1853, a Fábrica Nova, que funcionou de 1853 a 1888 e a fábrica a cargo de Francisco Monlevade, neto do patrono do Município, que funcionou a partir de 1891, mediante investimento da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros. Elas também não eram pequenas. A mais consagrada, a Fábrica Velha, por exemplo, rendia cerca de meia tonelada de ferro por dia e foi a primeira a fabricar o dito metal e o carvão em escala industrial. Também foi pioneira em produzir as maiores peças de ferro ate então já fabricadas no Brasil, com peso aproximado de uma tonelada. Os equipamentos de forja da Fábrica Velha, como os marteletes hidráulicos, o laminador e o grande massame, também não eram catalães, mas sim ingleses. Catalão era apenas o método de se obtenção do ferro. E seu principal produto jamais foi a enxada, como propõe o discurso da Arcelormittal, mas sim as mãos de pilão, que eram blocos de 80 quilos de peso em ferro forjado, empregados no Engenho Mineiro de Pilões (foto) que eram muito utilizados nas Minas de Ouro do sec. XIX para o processamento do quartzito aurífero. 


Monlevade já foi muito estudado por diversos historiadores que são unânimes em caracterizar seu empreendimento metalúrgico como a maior e mais importante Fábrica de Ferro a Funcionar durante o Brasil-Império, fornecedora preferencial de artefatos de ferro paras as Minas de Ouro, sobretudo as das companhias inglesas, como o Gongo Soco, o Morro Velho, Pari, etc.

Recentemente, assistindo o excelente documentário A Colônia Luxemburguesa, no capítulo dedicado a João Monlevade, vi e ouvi o representante a Arcelormittal dizendo que “...nessa forja, ele (Monlevade) produzia, a partir do minério de ferro, pequenos produtos a base dessa matéria prima. Arados, pás, enxadas, foices, ferramentas que eram utilizados muito na região, na áreas rurais para agricultura...” Veja que, muito diferente do que revelam os registros históricos, o discurso da Arcelormittal é sempre no sentido de diminuir a obra de Monlevade, associando-a agricultura. Veja que o representante da Usina falou em “pequenos produtos”, “pás, enxadas e foices”, “utilizados” “nas áreas rurais para agricultura”. É sempre assim!

Mas, então, por que a Arcelormittal tem adotado tal discurso há décadas, se na verdade, Monlevade foi o único a produzir peças de ferro de até uma tonelada de peso, tendo a Mineração do Ouro e não a agricultura como cliente preferencial? Já pensei muito sobre isso! As conclusões que cheguei são as seguintes. Primeiro, que é para não se despertar o interesse local sobre a história de Monlevade. Quando se diz que Monlevade produzia apenas pequenos artefatos de ferro para a agricultura, como foices, pás e enxadas, diminui-se o interesse por sua obra, já que, por exemplo, qualquer fazenda cafeeira do mesmo período também possuía uma pequena forja para o fabrico de tais ferramentas. E sem o interesse pela obra de Monlevade, haverá menos turistas e gente para serem recebidos no Museu, em torno do qual se encontra instalada a Usina da Arcelormittal. Considerando ainda que a Arcelormittal demoliu grande quantidade de patrimônio histórico, como a Praça Ayres Quaresma, a Cidade Alta, o casario da Rua dos Contratados, os sobrados do Social Clube, etc, a impressão que se tem é que a siderúrgica não quer mesmo gente transitando no seu entorno. Deve ser também para não testemunharem a imensa poluição do lugar, que se encontra muito acinzentado, tomado por particulado siderúrgico. Outra razão possível para a diminuição da obra de Monlevade por parte da Arcelormittal é o desejo de liberalidade na utilização do patrimônio histórico, sem a imposição de qualquer tipo de restrição que possa ser ocasionado pelo tombamento para fins de preservação. O Solar/Museu Monlevade, por exemplo, apesar de tombado pela Lei Orgânica, não é um museu turístico e, ultimamente, tem ficado mais fechado do que aberto. E não é só ele. Lembre-se bem de que as fábricas de ferro da Família Monlevade foram três e não apenas uma. Das duas primeiras existem, atualmente, ruínas super interessantes, que merecem tombamento. Mas, o edifício da terceira Fábrica de Ferro Monlevade, onde funcionou a Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, a partir de 1891, ainda se encontra de pé e é utilizado, industrialmente, pela Arcelormittal. Trata-se do edifício das fotos, localizado no Bairro Jacuí. A Arcelormittal se apoderou daquele edifício para instalar nele os geradores da Hidrelétrica do Jacuí, sem jamais revelar que se tratava de um bem histórico único para o Município, pois se trata da Fábrica de Ferro Monlevade ainda de pé, apesar de não tombado por lei. Dessa forma, ela nunca teve de mantê-lo aberto à visitação, assim como jamais teve qualquer de restrição na utilização do bem. Há alguns anos, a Arcelormittal realizou uma “reforma” no edifício da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros que suprimiu uma série de belíssimas arcadas neoclássicas que existiam em sua base suspensa, sobre o leito do Rio Piracicaba. Aliás, a Arcelormittal parece ter grande aversão a arcadas neoclássicas, pois além de demolir a arcada da Praça Ayres Quaresma, também suprimiu a do edifício da Companhia de Forjas e Estaleiros.

Então é por isso que a história de Monlevade é tão diminuída e tão deturpada pela própria Arcelormittal, para que não haja turistas em seu entorno a testemunhar a imensa poluição que afeta o local e para que a siderúrgica possa utilizar os bens históricos locais, sem qualquer restrição. Porque quem por ventura estudar a história verdadeira de João Monlevade, in loco, como foi o meu caso, invariavelmente vai chegar rapidinho até o edifício da Companhia Nacional de Forja e Estaleiros e, então, também vai querer visitá-lo, abri-lo ao turismo e preservá-lo. Tudo o que a Arcelormittal não quer porque representa custo para a empresa, mesmo que ínfimo, se comparado à sua lucratividade.