quarta-feira, 26 de maio de 2021

A Última e Escondida Fábrica de Ferro ainda de pé em João Monlevade




Quem visita ainda hoje a paisagem do Monlevade Antigo pode se deparar com a imponência do Solar Monlevade, construção assobradada em estilo colonial que foi sede administrativa da fábrica de ferro homônima e morada da respectiva família por quase um século, em torno da qual, muito posteriormente, se instalou o Museu.

No entanto, não se vê sinal ou vestígio do edifício onde funcionou o estabelecimento metalúrgico, reconhecido, historicamente, como o maior e mais importante a funcionar durante o Império Brasileiro. Hoje, o que resta de pé da Fábrica de Ferro Monlevade, instalada a partir de 1828, é o estigma que se convencionou em designá-la como “uma pequena forja catalã” e nada mais. Sera? A resposta é um definitivo não. A pequena forja catalã jamais existiu. A Fábrica de Ferro Monlevade não era catalã, não era pequena e não foi apenas uma (farei um vídeo sobre o tema). Sob o ponto de vista da estrutura física do estabelecimento, existiram um total três fábricas de ferro da Família Monlevade. A primeira foi a Fábrica Velha, que funcionou de 1828 a 1853, tendo sido instalado seu edifício, abaixo do Solar Monlevade, onde hoje se localiza a Rua dos Contratados. A segunda foi a Fábrica Nova, que funcionou de 1853 a 1891, instalada pouco abaixo do local em que funcionou a primeira. A terceira foi a Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade, instalada na margem esquerda do Rio Piracicaba, onde hoje é o Bairro Jacuí. E o mais interessante é que o histórico e sólido edifício da Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade segue de pé e em funcionamento, apesar de não se dedicar, diretamente, ao ramo metalúrgico.  Trata-se do belo edifício da foto, construído a partir de 1891,quando o engenheiro Francisco Monlevade, neto do patrono do Município, associou-se à Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, a fim de reequipar o estabelecimento consagrado pelo avô.

A Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade funcionou de 1891 a 1897, quando encerrou suas atividade em função da falência da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros, e era, extraordinariamente, equipada com maquinário moderno, destacando-se o incrível Martelo-Vapor estadunidense, com 1,5 tonelada de malho e a potente turbina hidráulica francesa de 600 cavalos, que aproveitava o potencial hidráulico do Rio Piracicaba para mover uma série de outros maquinismos, tais como o laminador, o ventilador e máquinas de fazer machados, enxadas, pregos, ferraduras, cravos, etc. Grande parte do atual acervo do Museu Monlevade é oriundo da Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade.  

O edifício da Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade era tão sólido e moderno que a Belgo-Mineira o aproveitou para instalar nele a casa de máquinas da hidrelétrica do Jacuí. Certamente, é um dos edifícios industriais mais antigos em funcionamento no Brasil. Foi o segredo mais bem guardado e escondido por mais de 85 anos pela Belgo-Mineira que você só descobriu aqui, no Blog Monlewood. Aquela conversa de que, quando o grupo Arbed chegou a Monlevade para instalar a moderna siderúrgica a partir de 1935, só se encontrava de pé o Solar Monlevade não é verdadeira. O magnífico edifício da Fábrica de Ferro de Francisco Monlevade também se encontrava de pé.  Então, sorria, monlevadense, ainda existe uma Fábrica de Ferro de pé em João Monlevade (fotos recentes), apesar de mantida, literalmente, escondida e de não aberta à visitação!        

terça-feira, 25 de maio de 2021

Fabrício no Jornal


“Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique, todo o resto é publicidade”, George Orwell. E é claro que o alguém mencionado por George Orwell são, sobretudo, os mandatários do poder. Significa dizer que, em se tratando de política, somente estaremos diante de uma matéria jornalística, quando ela for crítica, questionadora ou reveladora daquilo que não está correto. Todo o restante é publicidade, marketing. Infelizmente, marketing é o enganoso ofício de se atribuir determinada qualidade a alguém ou a algo que não a possui, até porque se aquele atributo existisse de fato, todos o notariam, naturalmente, não havendo necessidade do emprego do marketing para fabricá-lo. 
Foi o que se viu novamente na matéria intitulada “Fabrício Lopes fala sobre o desenvolvimento de João Monlevade”, veiculada na página 3 da última edição do jornal A Notícia, uma peça de marketing. Tanto foi assim que, muito embora tenha abordado o tema “desenvolvimento”, em nenhum momento a matéria especifica como Fabrício vai fazer para aumentar o desenvolvimento do Município. Sabe-se que o desenvolvimento dos municípios é medido pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que é formado a partir de dados como a expectativa de vida, investimento em educação e renda per capita. Na mencionada matéria, Fabrício não aborda nenhum desses assuntos, especificamente. 
Há décadas, Monlevade convive com um tipo de “imprensa” em que o jornalista que cobre o campo político local também é o marqueteiro daqueles mesmos políticos. Você acha que o jornalista vai publicar alguma verdade desfavorável do político de quem ele também é marqueteiro? Claro que não. Daí a incompatibilidade ética entre o jornalismo e o marketing. E não adianta dizer que o marqueteiro já não é mais jornalista, porque ele sempre se apresenta como tal. Também não aceitável o argumento de que o marqueteiro passou a propriedade do jornal para parente, não tendo mais relação com o órgão de “imprensa”, pois se tal alegação fosse mesmo verdade o jornal não estaria tão cheio de peças de marketing de diferentes políticos da região. Aliás, passar a titularidade do jornal para parente apenas piora a situação, porque a falta de ética passa a se somar à dissimulação, ou seja, o cara sabe e tem consciência de que está errado, mas dissimula o contrário. E para arrebentar a boca do balão, o marqueteiro que também é jornalista assumiu, recentemente, cargo de secretário de governo no município de Itabira, onde o jornal dele também circula. Coitada de Itabira!
Fique atento e não se deixe enganar. Se determinado político fez alguma coisa para o Município, ele terá a oportunidade de divulgar na propaganda eleitoral. Diga não à figura do jornalista/marqueteiro e não se deixe formar a opinião por meio de peças de marketing travestidas de jornalismo.Seja crítico, se a matéria é favorável a político, não é jornalismo, é marketing.

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Um Outdoor, Meia Verdade e Muito Dinheiro Público


 

Outdoor da ampla campanha publicitária do governo Laércio/2024/Fabrício/Candidato anuncia “mudança no trânsito” como realização dos 120 dias de mandato.

De fato, a restauração da configuração do trânsito no centro comercial, alterado de maneira desastrosa pela última prefeita, foi um dos compromissos de campanha do PT. Contudo, não se pode utilizar dinheiro público para anunciá-la como ação de governo quando a mesma se encontra realizada pela metade.  Ponto chave da alteração realizada no trânsito de Carneirinhos pela última prefeita foi a malfada supressão do retorno que existia no Cabritinho. Aquele retorno era super importante para a fluência do trafego de veículos na região central, pois possibilitava que os motoristas evitassem as avenidas Getúlio Vargas e Wilson Alvarenga, que sofrem muitas contenções naquele ponto. Possibilitava o mesmo até para quem vinha dos bairros, eventualmente, passando pelo beco do hotel. Naquele ponto complicado, toda evasão de tráfego é bem vinda.

O que não é mais possível. Apesar de prometida a restauração de toda a configuração anterior do trânsito na região comercial da cidade, o governo municipal não restabeleceu o retorno que lá existia, muito embora a venha anunciado como realização de governo. Trata-se de uma meia verdade. E quem sempre se utilizou de meio de comunicação para veicular  meias verdades e manipular o eleitorado foi o ex-prefeito inelegível Carlos Moreira. A diferença é que agora fazem isto com dinheiro público.           

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Poluição Visual



Para assinalar a marca dos primeiros 120 dias de mandato, a atual administração espalhou pela cidade uma série de "outdoors", expondo uma prematura campanha publicitária, com a qual fez divulgar aquilo que anunciou como realizações governamentais. 
O problema é que as avenidas de João Monlevade já se encontram entupidas de outdoors, que, sem critério, geram significativa poluição visual, além da ocultação das silhuetas das montanhas e da paisagem local. De um governo, verdadeiramente, comprometido com a mudança, o que se esperava era mais sensibilidade com o meio ambiente e maior regulamentação e restrição de um meio de poluição visual. Nunca, a adoção massiva dele como instrumento oficial de propaganda. 
Contudo, campanha publicitária tão prematura se explica: Fabrício já é candidato.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Dois Pontos de Partida Desconsiderados por Laércio



O eleitor que passou pela esculhambação do moreirismo, pelo fracasso do prandinismo, pela esterilidade do governo Teófilo e pelo esgotamento do moreirismo, representado pelo governo Simone, certamente, buscou por algo que considerava mais seguro e muito menos errático nas eleições passadas. Daí, a eleição de Laércio, um voto de memória. 
Neste sentido, deveriam ter sido dois os pontos de partida para a implementação de um governo municipal desenvolvimentista. O primeiro, certamente, seria o mandato de Laércio (PT) como prefeito exercido a partir de 1996, afinal, aquele foi um bom governo, muito melhor do que os que o sucederam. O outro ponto de partida seria o retumbante fracasso do prandinismo, do qual o PT foi copartícipe, ninguém pode negar. O PT deveria ter aprendido com toda a desventura prandinista, de modo a não repetir aqueles erros nunca mais. 
Mas, infelizmente, não foi o que aconteceu. À vista da composição do governo, se vê muito pouca memória do mandato de Laércio em 1996, assim como se percebe nitidamente que o PT de João Monlevade não aprendeu nada com a desventura prandinista. Ao contrário, na questão do trato na composição da base do governo, o que se vê é muito mais grave, como por exemplo, a tentativa de tomada de assalto de partido aliado, para entregá-lo à candidatura de Fabrício, tudo com a conivência do gabinete do prefeito. Outra coisa muito prandinista que se vê é a desconsideração da política enquanto ciência e a adoção de enredo de novela da Globo como parâmetro de ação de governo. Aliás, já estão presentes no governo todos os elementos de uma verdadeira novela da Rede Globo, do horário das 21 horas, que certamente virão à tona no decorrer do mandado de Laércio/2024/Fabrício/Candidato. Infelizmente, o único ponto de partida que se vê na atual administração é a candidatura de Fabrício Lopes a prefeito em 2024.