quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

Roberto Marinho, o Palácio Monroe, a Rede Globo e o Brasil


O Palácio Monroe (imagens) foi concebido para abrigar o Pavilhão de Exposição do Brasil na Feira Universal de 1904, realizada em Saint Louis, no estado do Missouri, EUA, com a condição de que, após o evento, fosse reconstruído no Brasil. Durante a feira, a imprensa estadunidense não poupou elogios ao Palácio, destacando-o por sua incrível beleza, harmonia de linhas e qualidade do espaço. Na ocasião, o Palácio Monroe recebeu a medalha de ouro no Grande Prêmio Mundial de Arquitetura.
Após o sucesso em Saint Loius, o palácio foi desmontado, trazido para o Brasil e remontado na Avenida Rio Branco, Rio de Janeiro, onde abrigou instituições importantes, como o Senado da República, além de outras.
Em Março de 1976, após uma ferrenha campanha patrocinada pelo jornal O Globo, em que o próprio Doutor Roberto Marinho se engajou, apaixonadamente, o Palácio Monroe foi demolido pelo Regime Militar. No lugar, foi construído um edifício moderno? Uma obra icônica de Niemeyer? Nada! Nada foi construído no lugar. Hoje, no vazio deixado pela demolição do Monroe existem uma praça mal cuidada e um chafariz seco.


O que Roberto Marinho fez com o Palácio Monroe é muito parecido com o que a Rede Globo tem feito com o Brasil, há mais de meio século. 
A Globo, no papel de grande mídia nacional, dentro do modelo constituído como um monopólio que lhe confere, livre, 75 % do faturamento do setor televisivo, vem, incessantemente, destruindo vários elementos que, ao longo da história, serviram de alicerce para a construção do Brasil  e, como com o Monroe, não da nada em troca. A Globo flexibiliza os costumes, desmonta o modelo tradicional de família, desconstrói valores, etc. Faz tudo isso quando embute, propositalmente, conteúdo liberalizante ao extremo em seus produtos de mídia, em tudo é permitido e não existem limites para a conduta,  principalmente, nas novelas, notadamente, a das 21:00 horas. Ocorre que, no Brasil, a grande mídia é a novela. E é na grande mídia que o país se vê. É o espelho nacional que se relaciona com a ideia de vivência imediata do telespectador.  
Ora, se pretendesse ter legitimidade para ocupar o importantíssimo papel de grande mídia nacional, ao desconstruir, por exemplo, o modelo tradicional de família brasileira, como tem feito desde que fundada, a Globo deveria apresentar um novo modelo de formação ética e moral ao país, já que, desde períodos colônias, eram essas umas das funções da família tradicional. Neste caso específico, o esperado seria que a Globo pautasse um modelo de escola de ensino integral  para contrabalançar a flexibilização do modelo de família na questão da formação ética. Afinal ética é disciplina escolar obrigatória nas escolas dos países mais desenvolvidos do mundo. Mas, a Globo não faz isso. Ela flexibiliza o modelo de família e não dá nada em troca. Fica um vazio, como o da Avenida Rio Branco. E na questão ética a Globo é ainda pior, pois também faz circular conceitos como a “lei de Gerson”, etc. Não é este o papel da grande mídia.   
No caso da demolição do Palácio Monroe resta evidente que aquele inestimável monumento histórico e arquitetônico veio abaixo porque toda a grandiosidade de seus elementos arquitetônicos, como as grandiosas colunas, os imensos vitrais em arcos, as cúpulas e tudo mais transmitiam um ideia de grandiosidade e, sobretudo, de civilidade. Aliás, o Palácio Monroe era muito romano e evocava Roma com muita intensidade. E esse tipo de coisa, certamente, deveria incomodar muito o Doutor Roberto, já que a sina da Globo, que foi fundada com 49% de capital estadunidense, além da destruição, também é fazer circular no Brasil o chamado “Complexo de Vira-Latas”, coisa que, definitivamente, não podia dialogar com o Monroe.   

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