segunda-feira, 7 de julho de 2025

NO LUGAR DE UMA ESTÁTUA DE MONLEVADE O BUSTO DE PARENTE DO CHEFE DE GABINETE DO PREFEITO


 

Recentemente foi inaugurado um busto de bronze na Praça Sete de Setembro, a mais movimentada do Município. A cerimônia contou com a presença do prefeito, logo a instalação do busto em plena praça pública foi autorizada pelo chefe do Executivo.

Não vou citar o nome do homenageado nem da família dele que, é bom que se esclareça, pagou pela feitura do busto de bronze. Tanto é que optei por ilustrar esta postagem com uma foto do busto de costas. O objetivo desta matéria é demonstrar a incapacidade político-científica do gabinete do prefeito que, ao invés de se mover imbuído por causas públicas o faz com base em questões pessoais e domésticas.  

Logo que vi o busto instalado na praça e soube de que se tratava, entrei em contato com o chefe de gabinete do prefeito, Gentil Bicalho, que tem parentesco ascendente direto com o homenageado pelo busto, e perguntei o que motivava a homenagem na praça pública. Ele então me disse: “pessoas que tiveram participação efetiva na construção de nossa cidade, deveriam ser lembrados (sic) para sempre”. Então perguntei: desculpe minha ignorância, mas quais foram as participações ou realizações efetivas do homenageado na construção de João Monlevade? Ele não soube me responder, disse que verificaria com outro parente e não me retornou. Posteriormente, voltei a entrar em contato com ele que ainda hoje não me respondeu.

Acredito que o homenageado deva ter sido um pai maravilhoso, um avô excepcional e merecedor do busto. Contudo, relações domésticas de parentesco não podem autorizar a instalação de um busto na praça pública mais movimentada do Município. Monlevade foi construída por muitas famílias. A pergunta que não se cala é a seguinte: o busto foi instalado na praça porque o homenageado foi uma grande personalidade pública do Município ou ele foi instalado porque se trata de um parente do chefe de gabinete do prefeito? E agora, diante deste precedente e considerando que o povo monlevadense é constituído por muitas outras famílias, será que todas elas também estão autorizadas a instalar um busto de seu patriarca na praça pública?

Enquanto isso, no ano de 2027, ainda no mandato de Laércio, completar-se-ão os 200 anos da fixação de engenheiro e metalúrgico francês João Monlevade na sesmaria que daria origem ao Município;  200 anos do início da Expedição Monlevade pelos rios Doce e Piracicaba que transportou para cá as máquinas para sua pioneira Fábrica de Ferro e 200 anos do início da construção do Solar Monlevade. O João Monlevade foi a maior autoridade metalúrgica de Minas Gerais durante o século XIX e sua bem sucedida experiência industrial de produção do ferro a partir do carvão vegetal foi determinante para a instalação da Belgo-Mineria um século mais tarde. Não é por menos que o Município leva o seu nome. E não há nenhum busto ou estátua do francês João Monlevade instalada na Praça Sete ou em qualquer outro ponto da cidade. Quis o destino que Laércio fosse prefeito na data de comemoração dos 200 anos da fixação de Monlevade no Município.  Contudo, a depender do gabinete de Laércio, já é possível antever que diante deste marco histórico que se aproxima, não haverá homenagem nenhuma ao patrono do município. Não haverá estátua de Monlevade; o Museu e o Solar homônimos não serão entregues para o povo monlevadense e transformados num museu turístico; os ramos da Estrada Real local não serão reconhecidos; o Cemitério dos Escravos não será objeto de pesquisa; o parque histórico da Companhia Nacional de Forjas e Estaleiros também não será reconhecido; a batata-doce, principal produto agrícola da Fazenda Carvoeira e Fábrica de Ferro Monlevade também não será objeto do festival gastronômico; etc.

É o que eu sempre digo, o PT local não faz política científica, apenas política doméstica de compadres e comadres.             

 

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