Alguém se lembra de quando o litro da gasolina custava 1
real? Fernando Henrique Cardoso não privatizou a Petrobrás, mas foi quase.
Em 1997, FHC promoveu a abertura do capital da Petrobrás. E
como forma de proteger e garantir altas rentabilidades para o investidor
estrangeiro – isso mesmo: não foi para proteger a empresa, o consumidor
brasileiro ou as reservas da Petrobrás – FHC vinculou a venda do produto bruto
da Petrobrás, ou seja, o petróleo, ao preço da commodity, negociando em dólar
na bolsa de Mercadoria e Futuros de Nova Iorque.
Assim, a Petrobrás passou a produzir em real e a vender seu
petróleo pelo preço em dólar fixado pelos mercados externos. Significa dizer
que, pouco importa se para produzir um barril de petróleo no Brasil a empresa
tenha um custo de 70 ou 100 reais, o preço vai ser sempre determinado pela
variação do dólar e do preço da commodity nos mercados internacionais. É mais
ou menos como se o cidadão brasileiro trabalhasse no Brasil, recebendo em reais
e tivesse que pagar o aluguel em dólar, pelo preço do metro quadrado de Nova
Iorque.
Com isso, FHC não só criou um perigoso gatilho inflacionário,
já que em havendo aumento do preço do dólar, o petróleo e seus derivados como o
diesel e a gasolina passaram, automaticamente, a subir de preço; como também
criou a gasolina mais cara do mundo.
Enquanto que na Venezuela é possível encher o tanque de um
carro pequeno (45 litros )
por 5 dólares, ou seja, 11 reais; no
Brasil isso não se faz por menos de 130 reais.
E a gasolina só não está ainda mais cara, atualmente, porque
o atual governo não tem repassado essas variações do dólar e do preço
internacional do petróleo para as bombas. E é por isso que, apesar dos aumentos
sucessivos de produção e de fenômenos extraordinários como o Pré-Sal, a
Petrobrás tem tido suas posições rebaixadas junto as agências de risco
internacionais: trata-se de uma forma de o investidor estrangeiro punir a
empresa pelo fato dele não estar sendo super-remunerado, em dólar, como
definido por FHC. E convenhamos: só coloca preço na Petrobrás quem tem
interesse em sua venda.
Alguém deveria esclarecer ao FHC que o povo brasileiro
empenhou o grande esforço de empreender uma das maiores petroleiras do mundo
para, essencialmente, prover o país de energia a preços razoáveis e não para
ficar remunerando de forma exorbitante o investidor estrangeiro ao custo da
gasolina mais cara do mundo.
Quanto as graves denúncias de corrupção que pairam sobre a
Petrobrás o caminho é a Justiça. É assim que deve acontecer na Democracia:
errou, pagou. Ocorre que, infelizmente, a Justiça brasileira não atinge a todos.
Prova disso é que no caso do Mensalão de Brasília, por exemplo, os envolvidos
foram todos julgados e os culpados tiveram sua pena, de acordo com a lei
brasileira, encontrando-se os mesmos, inclusive, inelegíveis, fora da disputa
eleitoral, coisa até então inédita neste país. Já os mensaleiros do PSDB estão
todos livres, impunes, aptos a reincidir e muitos foram reeleitos no domingo
passado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ofensas e denúncias infundadas serão riscadas ou excluídas a critério do autor do Blog. Obrigado pelo comentário.