terça-feira, 8 de julho de 2025

DIGA NÃO À MILITARIZAÇÃO DAS ESCOLAS EM JOÃO MONLEVADE


 

O governador Zema pretende transformar quatro escolas estaduais de João Monlevade em escolas cívico-militares. São elas as escolas Manuel Loureiro, Luiz Prisco, Geraldo Parreiras e Alberto Pereira Lima.

Primeiramente, é preciso chamar a atenção para a forma enganosa com que este modelo de escola é tratado, ou seja, escola cívico-militar. Não existe escola cívico-militar, ou ela é civil ou ela é militar. Então, o que verdadeiramente pretende o governador Zema é militarizar quatro escolas civis no Município.

Resta muito claro que a escola pública brasileira necessita de profundas reformas. Ela é visivelmente uma escola insuficiente, podendo ser chamada até de meia escola, já que funciona apenas em meio período e não é uma escola filosófica, isto é, aquela que ensina a pensar. Ao contrário, é uma escola excludente, historicamente muito voltada para a decoreba de conteúdos que não serão utilizados na vida do aluno, mas que são exigidos nos vestibulares, que são aqueles mecanismos que existem para impedir que os excluídos tenham acesso à universidade pública. Hoje o Enem substituiu os vestibulares.  No Brasil, 1 a cada 3 brasileiros é analfabeto funcional, que é aquele aluno que cursa a escola pública e, apesar disso, sai dela sem a capacidade de compreender o que lê. Poucas instituições sofreram tantas reformas degradantes e sabotadoras  quanto a escola pública brasileira nas últimas décadas. E os políticos sabotadores da escola são os mesmos que agora propõem a militarização delas. O Brasil tem hoje, disparado, a pior escola da América Latina.

Mas não será militarizando a escola pública que os profundos problemas da escola pública brasileira serão solucionados. Basta copiar as boas experiências dos outros países. Nenhum país desenvolvido do mundo tem um modelo de meia escola que funciona em apenas um turno como o Brasil. Também não há nenhum país desenvolvido no mundo que tenha um modelo de escola militarizado. Aliás, a destruição do modelo de escola pública brasileira se iniciou, justamente, durante a ditadura militar instalada a partir de 1964, quando, em 1966, os militares extirparam dos currículos escolares a matéria filosofia, que é a disciplina que ensina a pensar e passaram a deturpar a história lecionada nos bancos escolares. Na disciplina OSPB, por exemplo, muito marcante nas escolas durante o regime militar, ensinava-se que o verde e amarelo da bandeira brasileira representava, respectivamente, as matas e o ouro do Brasil. Quando na verdade, o verde tem origem no brasão da casa real des Orleans e Bragança, da qual descende Dom Pedro I e o amarelo, da casa real dos Habsburgo, da qual descende Dona Leopoldina.   O analfabetismo funcional brasileiro, cada dia maior, não é produto apenas da ineficiência para ensinar, ele também é resultado de uma escola não filosófica onde não se ensina a pensar.

Em relação a um modelo de escola de excelência para Minas, não é necessário ir muito longe. Minas tem modelo histórico de escola de excelência que foi o consagrado Colégio do Caraça, nada menos do que a maior Escola de Filosofia do Brasil, mascado ainda por sua incrível disciplina. Não é por menos que o Caraça ardeu em chamas em maio de 1968, ano mais conturbado da ditadura militar. Ditaduras militares não convivem com escolas de filosofia, que ensinam a pensar.

E este é o problema central, militarizar escolas é encomendar para o ensino público tudo aquilo que o Brasil viveu, tragicamente, durante a ditadura militar, como a censura, a truculência, a doutrinação, deturpação de conteúdo  e sobretudo a ausência da filosofia, tudo o que o Brasil não necessita para solucionar seu modelo de escola pública.  Na verdade o que o Brasil precisa é de uma modelo de escola de ensino integral que prepare o aluno para a vida e o habilite a pensar. E não matar de vez a disciplina filosofia, que é o que acontece quando as coisas são militarizadas, conforme é o histórico da ditadura pós 1964.  

Ademais, militar é aquele que faz o emprego da letalidade, ou seja, é aquele treinado para matar. E matar é algo completamente incompatível com o ensino que liberta.  Lugar de militar é no quartel.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ofensas e denúncias infundadas serão riscadas ou excluídas a critério do autor do Blog. Obrigado pelo comentário.