Não
sou daqueles que subestimam a cultura rural, como se ela fosse um subproduto ou
algo menor. Afinal, todo povo realmente independente e soberano é capaz de
produzir os próprios alimentos que consome.
Aqui
em Minas, por exemplo, enquanto não se tratou de instalar uma cultura rural,
apta a produzir alimentos, o que se viu foi a marcante fome do
início dos setecentos. O descobrimento de abundância de ouro sem precedentes na
história da humanidade atraiu, rapidamente, contingente imenso de pessoas, que
em 1705 já contavam 30 mil indivíduos. E como ainda não havia produção de
alimentos, uma terrível fome se instalou, sendo comum, naqueles idos, encontrar mineiros
mortos pelos caminhos das Minas, segurando uma espiga de milho na mão e uma considerável pepita de ouro na outra. Somente depois da instalação de uma cultura rural,
pelas margens do Rio das Velhas e São Francisco, criando gado na região que
ficaria conhecida como Curralaria Mineira, e a partir da abertura das rotas de
tropeiros, que as Minas se viabilizaram, sob o ponto de vista os abastecimento
de víveres.
Certamente,
não há como se negar a importância da cultura rural para os povos. No entanto,
uma coisa é valorizar o rural, o agrário... outra é importar essa monocultura
alienante, pseudo-sertaneja e maçante dos canaviais de São Paulo e pretender
acreditar que nós, mineiros-monlevadenses, temos alguma identidade com isso.
Monlevade
é um município que possui índice de urbanização superior a 95%. Nasceu urbana,
a partir do planejamento e da construção da primeira Vila Operária da América-Latina e, contraditoriamente,
a única festa de grande repercussão na cidade é a Cavalgada.
É
obvio que não se trata de uma coincidência. Aliás, toda essa monocultura
sertaneja que compõe o pano de fundo da Cavalgada e se alastra pelas urbes
brasileiras é um produto proposital da mídia conservadora. A intensiva caipirazação da juventude brasileira, faixa etária, naturalmente, mais propensa a promover as mudanças pelas quais o país clama, visa a alienação política do jovem, uma vez que o engajamento político não é próprio ao caipira. O caipira, por natureza e via de regra não se envolve com a política, não debate os
problemas da cidade e não contesta o status quo. No campo, não há “Polis”, no
conceito grego da palavra e, raramente, existe uma assunto comum a ser debatido. Quem
conhece a verdadeira Minas Gerais sabe que o mineiro é, essencialmente, urbano,
que Ouro Preto, por exemplo, no auge da mineração foi uma metrópole ordenada de mais de 150
mil habitantes, que o Barroco é a expressão máxima de arte de uma sociedade, eminentemente, urbana. E sabe também que Minas possui sim uma forte cultura rural,
mas não é essa que se vê na cavalgada de João Monlevade.
A cultura rural de nossa região é das Cavalhadas, como a de Brumal, do Tropeirismo, como o de Ipoema, das Fazendas do Vale do Rio Doce, do Sertão do São Francisco e outras mais... não isso que se vê nessas cavalgadas,em João Monlevade , e
que apenas contraria a complexa urbanidade do Município,
alienando o jovem como o gado, para manter o coronelismo aqui instalado com a dinastia dos Torres .
A cultura rural de nossa região é das Cavalhadas, como a de Brumal, do Tropeirismo, como o de Ipoema, das Fazendas do Vale do Rio Doce, do Sertão do São Francisco e outras mais... não isso que se vê nessas cavalgadas,
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