terça-feira, 25 de maio de 2021

Fabrício no Jornal


“Jornalismo é publicar aquilo que alguém não quer que se publique, todo o resto é publicidade”, George Orwell. E é claro que o alguém mencionado por George Orwell são, sobretudo, os mandatários do poder. Significa dizer que, em se tratando de política, somente estaremos diante de uma matéria jornalística, quando ela for crítica, questionadora ou reveladora daquilo que não está correto. Todo o restante é publicidade, marketing. Infelizmente, marketing é o enganoso ofício de se atribuir determinada qualidade a alguém ou a algo que não a possui, até porque se aquele atributo existisse de fato, todos o notariam, naturalmente, não havendo necessidade do emprego do marketing para fabricá-lo. 
Foi o que se viu novamente na matéria intitulada “Fabrício Lopes fala sobre o desenvolvimento de João Monlevade”, veiculada na página 3 da última edição do jornal A Notícia, uma peça de marketing. Tanto foi assim que, muito embora tenha abordado o tema “desenvolvimento”, em nenhum momento a matéria especifica como Fabrício vai fazer para aumentar o desenvolvimento do Município. Sabe-se que o desenvolvimento dos municípios é medido pelo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que é formado a partir de dados como a expectativa de vida, investimento em educação e renda per capita. Na mencionada matéria, Fabrício não aborda nenhum desses assuntos, especificamente. 
Há décadas, Monlevade convive com um tipo de “imprensa” em que o jornalista que cobre o campo político local também é o marqueteiro daqueles mesmos políticos. Você acha que o jornalista vai publicar alguma verdade desfavorável do político de quem ele também é marqueteiro? Claro que não. Daí a incompatibilidade ética entre o jornalismo e o marketing. E não adianta dizer que o marqueteiro já não é mais jornalista, porque ele sempre se apresenta como tal. Também não aceitável o argumento de que o marqueteiro passou a propriedade do jornal para parente, não tendo mais relação com o órgão de “imprensa”, pois se tal alegação fosse mesmo verdade o jornal não estaria tão cheio de peças de marketing de diferentes políticos da região. Aliás, passar a titularidade do jornal para parente apenas piora a situação, porque a falta de ética passa a se somar à dissimulação, ou seja, o cara sabe e tem consciência de que está errado, mas dissimula o contrário. E para arrebentar a boca do balão, o marqueteiro que também é jornalista assumiu, recentemente, cargo de secretário de governo no município de Itabira, onde o jornal dele também circula. Coitada de Itabira!
Fique atento e não se deixe enganar. Se determinado político fez alguma coisa para o Município, ele terá a oportunidade de divulgar na propaganda eleitoral. Diga não à figura do jornalista/marqueteiro e não se deixe formar a opinião por meio de peças de marketing travestidas de jornalismo.Seja crítico, se a matéria é favorável a político, não é jornalismo, é marketing.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ofensas e denúncias infundadas serão riscadas ou excluídas a critério do autor do Blog. Obrigado pelo comentário.