terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

O que Lula fará com o monopólio da Rede Globo?


Foto/Montagem: https://pleno.news/brasil/politica-nacional/lula-critica-globo-e-emissora-responde-o-ex-presidente-esta-errado.html

Lula aparece nas pesquisas como favorito dentre as candidaturas apresentadas para as eleições presidenciais de 2022. Mas, e se ele for eleito presidente, o que será do monopólio de mídia da Rede Globo? Pois ficou muito claro que foi a Rede Globo quem conduziu todo o processo que levou o Brasil para a beira do abismo em que ele se encontra hoje. Foi a Globo que inventou o herói Sergio Moro. Foi a Globo que projetou a Lava Jato. E foi a Globo que conduziu o impeachment da Dilma e fomentou pela prisão de Lula, que resultaram na eleição de Bolsonaro e na ascensão do fascismo tupiniquim. Porque, se nada for feito, mais cedo ou mais tarde, a Globo fará tudo de novo.

O assunto é pouquíssimo debatido no Brasil, mas o modelo de mídia televisivo brasileiro é um monopólio dissimulado da Rede Globo. É o que explica, por exemplo, o vencedor de um “reality show” se transformar, instantaneamente, numa celebridade. Nos modelos de mídia democráticos, isto não acontece. O telespectador costuma achar que, dentro do sistema de mídia televisivo brasileiro formado, basicamente, por quatro televisões, Globo, SBT, Record e Bandeirantes, existe concorrência entre elas. Não é verdade. O sistema brasileiro é formado por uma grande TV, que é a Rede Globo, e por outras três TVs de médio porte, o SBT, a Record e a Bandeirantes. As médias até chegam a concorrer entre si, mas nenhuma delas concorre com a Rede Globo, que sem fazer esforço, detém 70% do faturamento da TV brasileira. E isto ocorre não porque a Globo seja mais competente ou tenha mais qualidade, mas sim porque o sistema foi desenhado desta forma. Nos EUA, por exemplo, são quatro as grandes TVs e não apenas uma como no Brasil. Na verdade, as outras três TVs, SBT, Record e Bandeirantes apenas existem para enriquecer as famílias que as controlam e para dissimular que o sistema não é, de fato, um monopólio da Rede Globo, porque se a Globo figurasse sozinha como a única TV do país, o monopólio ficaria muito explicito. Veja, por exemplo, que o proprietário do SBT também é banqueiro, comerciante, etc, e utiliza, descaradamente, sua concessão de TV para vender seus produtos financeiros, etc. Situação que é completamente antiética porque quem recebe uma concessão pública de teledifusão não pode utilizá-la em benefício próprio para se enriquecer no comércio ou no setor financeiro.  E o telespectador, iludido, ainda reconhece nele grande mérito empresarial. Ora, se você tiver um canal de TV para vender os produtos de suas empresas, você também se tornará um multimilionário. A Record, por sua vez, é de propriedade de pastores que a utilizam para cobrar o dízimo e para vender uma série de objetos ungidos. A Bandeirantes é muito focada no futebol. E não se engane, o Brasil só é o país do futebol porque o futebol é o tema mais pautado pela TV.  Veja ainda que das quatro TVs brasileiras, nenhuma tem em sua grade de exibição um programa sério para discutir política, o que demonstra o quão conservador é o atual modelo. E o Brasil precisa mudar. Se a Globo, por exemplo, tivesse um programa sério para discutir as questões políticas do Brasil, certamente, já teríamos resolvidos muitos de nossos problemas, assim como nos tornamos o país do futebol. Aliás, das quatro maiores TVs do mundo – as três maiores são estadunidenses - a Globo é a única que, vergonhosamente, não discute política em sua programação.  Uma analise da grade de programação da Rede Globo, enquanto grande mídia nacional, revela que o projeto de nação que ela tem para o Brasil é apenas o de ser um grande produtor de alimentos, pois o Globo Rural é o único programa da emissora em que conceitos técnicos e filosóficos circulam, quase todos os demais ou alienam ou distorcem a verdade.     

Outra questão grave do atual modelo de mídia televisiva do Brasil é que ele é, exatamente, o mesmo que foi instituído e vigorou durante a ditadura militar instaurada a partir de 1964. A Rede Globo foi fundada em 1965, um ano após o golpe militar, em plena ditadura e em conseqüência do golpe. Todas as demais também foram fundadas durante a ditadura militar que vigorou até 1988. Ora, será que existe alguma dúvida que, se o Brasil se pretende um país democrático de fato, ele não pode conviver com um modelo de mídia fundado por uma ditadura?                           

Como se trata de um monopólio de fato, falar da TV Brasileira nos últimos 55 anos, é falar da Rede Globo. Até se diz que “se não está na Globo, não está na TV brasileira”. Então, não é necessário acabar com a Rede Globo, até porque ninguém quer deixar de ver o Globo Rural.  O ideal é dividir o monopólio que a Globo detém entre outras três grandes emissoras, que sejam representativas dos diversos setores da sociedade brasileira, inclusive os setores progressistas, e não apenas os conservadores como ocorre desde a ditadura. Assim, teríamos um sistema de mídia televisiva representativo e composto por quatro grandes TVs, a exemplo do que ocorre nos EUA, e assim seria muito mais difícil para apenas uma emissora conduzir o país à situação em que o Brasil se encontra atualmente, como fez a Rede Globo.

E isto se faz através da reforma dos meios de comunicação, que Lula não fez quando foi presidente da República. A pergunta é a seguinte: Se Lula for eleito novamente, ele vai fazer a reforma dos meios de comunicação? Porque, do contrário, depois de 8 anos, a Globo repete tudo de novo e o Brasil não sai do lugar.  

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