sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Leviandade Política no Margarida



O bem estimado Hospital Margarida, abrigado por aquele belíssimo prédio construído em arquitetura predominantemente neoclássica, com frontispício caracterizado por elementos barrocos, no qual se destaca o frontão curvilíneo encimado por um concha longitudinal e decorado por um medalhão vazio com estreitas e suaves cimalhas onduladas, foi inaugurado em 1952 pelo então governador de Minas, Juscelino Kubitscheck, que na ocasião chamou a atenção de seu secretário de saúde e disse:"construa um desses em Belo Horizonte, que seja a quarta parte deste...".
Durante Décadas, mantido pela Usina, o Hospital Margarida foi tido como referência regional em excelência de atendimento, até que há alguns anos a Usina resolveu, de uma hora pra outra, transferir sua responsabilidade para com o hospital e o Margarida ingressou num ciclo de decadência.
Talvez seja compreensível o fato da Usina ter se abstido em relação ao hospital, já que se dedica ao ramo da siderurgia e não ao hospitalar, apesar de sua atividade ser considerada como de alto potencial poluidor, o que afeta a saúde das pessoas, demandando atividade hospitalar. Todavia, me pareceu imprudente a forma como a coisa foi resolvida, principalmente em se tratando do único hospital da cidade. A Usina não poderia ter deixado o hospital do modo como o fez, ou seja, repentinamente e sem planejamento. Deveria ter havido um programa de desligamento do hospital a ser implementado, gradativamente, num período mínimo de 5 anos. Mas, o fato é que após o desligamento da Usina, o hospital se viu na condição de órfão e passou por inúmeras situações de desmando, negligencia e politicagem.
O Município, então governado por Carlos Moreira foi por muito tempo, totalmente, negligente com o Margarida, até enxergar nele a oportunidade de usá-lo como plataforma política para a construção de um candidato a prefeito: Lucien Marques. Antes de Lucien assumir a cadeira de provedor do hospital, nada ou quase nada foi feito pelo Margarida por parte do governo Moreira ou pelo governo do estado. A estratégia era colocar Lucien como o messias que salvaria o Hospital Margarida e, com isso, legitimá-lo a concorrer às eleições municipais de 2008. Contudo, apesar de todo o esforço de Moreira e de todo o dinheiro gasto no hospital, por questões próprias do processo eleitoral, o provedor do hospital não se posicionou, satisfatoriamente, nas pesquisas eleitorais e Moreira teve de apelar para Dr. Raílton Franklin, o terceiro nas pesquisas, atrás de Dona Conceição e Prandini. Com Lucien no comando do hospital, o deputado Mauri Torres passou a articular vultosas somas de dinheiro advindas do orçamento do governo Aécio Neves que, somadas aos investimentos do próprio governo Moreira, tiraram o Margarida da penúria que se encontrava. A Gervásio Engenharia, empresa que se tornou especialista em vencer licitações no governo Moreira, assumiu a obra do novo CTI e, então com recursos, o Margarida passou a prospera. E a novela politiqueira envolvendo o hospital está longe de acabar. Só que a disputa agora é pra ver quem é o administrador mais eficiente no setor da saúde municipal: Prandini ou Lucien? O Hospital Margarida é interesse de todos e essencial para o Município e região. Não podemos permitir que o Margarida seja usado como plataforma político eleitoral de pretensos candidatos a prefeito.Assim, as questões relativas à gestão do Margarida devem ser discutidas nos foros adequados, de maneira politicamente oportuna. Do contrário, é contribuir para as ambições da oposição de usar o hospital como plataforma eleitoral para as próximas eleições municipais.

2 comentários:

  1. Fernando,

    Você é quase perfeito em tua abordagem. Percebo um deslize quando você menciona que a antiga mantenedora, hoje ArcelorMittal, deixou a entidade repentinamente. Não concordo.
    Este processo foi quase perfeito. Foi um processo longo, demorado, que iniciou nos anos 60 ou 70, não sei, com a criação da AMSS - Associação Monlevade de Serviços Sociais. E mesmo após ao desligamento da direção da empresa das entidades, bem como do hospital ela continuou e continua contribuindo, claro que de forma diferente para o hospital. A empresa fez a parte dela, o problema a meu ver é meramente político. Visitei o hospital semana passada e percebi que enquanto obras acontecem de um lado, a enfermaria feminina está em condição precária. Rede de oxigênio com vazamento, ou seja, desperdício, não tem banheiro exclusivo, além dos problemas que foram a público recentemente.

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  2. Vi a reportagem no dia 21 Janeiro 2014 na Globo Minas da secr. de saúde do município falando que o Hospital Margarida tem total capacidade de atender. Gostaria que ela visitasse o hospital principalmente nos finais de semana para ver o péssimo atendimento. Falta de médicos, funcionários , despreparados,falta de respeito...etc... Tive que levar minha filha e fiquei aguardando mais de 2 horas para ser atendido .Pois não tinha medico pediatra disponível .Aproveitei e fiz a reclamação e até hoje não tive e não vou ter a resposta.
    Afinal para onde vai o dinheiro ?Existe politica de atendimento continuo onde uma auditoria faça um trabalho transparente e independente junto a sociedade de todo orçamento e prioridade dos projetos? O que vejo é que Monlevade parou no tempo sem futuro,perspectiva,vida..

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