quinta-feira, 21 de outubro de 2021

Fabricismo de Laércio no Abandono da Escola Santana: o desenvolvimento está muito além do asfalto e do mutirão da catarata


Foto Diló
 
O resultado das últimas eleições municipais, com derrota acachapante da ex-prefeita Simone, deixou claro o desejo das urnas pela mudança. Mas, não foi qualquer por mudança. Depois do fracos resultados administrativos dos últimos três prefeitos, todos eles relativamente jovens e supostamente promissores, o eleitor monlevadense não quis mais apostar em algo novo e, portanto, incerto, então elegeu Laércio com a esperança de mudança para algo que já havia ocorrido, isto é, o primeiro mandato do atual prefeito, exercido a partir de 1996, que foi de fato um bom governo se comparado com aqueles que o sucederam. Mas, infelizmente, depois de eleito prefeito em 2020, é visível que Laércio optou por não reestruturar atual administração nos moldes básicos de seu governo de 1996. Ao contrário, toda a maneira estrutura por Laércio em relação ao governo, mantendo velhos esqueletos de poder da direita, uma maioria de moreiristas em cargos estratégicos, etc, revela que a atual Prefeitura foi montada com apenas um objetivo: o de eleger o vice Fabrício Lopes prefeito do Município em 2024. O grande problema é que Fabrício é “político” de centro-direita, afeto ao fisiologismo típico do Centrão, ou seja, um conservador, detentor de perfil bolsonarista e originado da cozinha de ninguém menos do que Carlos Moreira. No próximo ano, por exemplo, 20% dos petistas do governo estarão a pedir votos para Lula, enquanto 80% dos fabricistas pedirão voto para Bolsonaro, ou seja, um fratricídio geral

E este conservadorismo fisiologista voltado para a candidatura de Fabrício em 2024 já pode ser notado nas poucas ações concretas de governo ou em suas muitas inações. Em sentido genérico, todas as estruturas fisiologistas de poder dos setores conservadores da política local seguem de pé no atual governo do PT. Não houve, por exemplo, mudança significativa no modelo terceirizado de limpeza pública da cidade que fatura milhões e não entrega o serviço; no Rotativo que também segue inalterado, faturando outros milhões; no Hospital Margarida que segue administrado pela entidade que deu o golpe do Bingo, perseguiu médicos, etc; a Encon, concessionária do serviço do transporte coletivo, foi autorizada a pedido do prefeito a receber milhões em subsídio do Município, sem revelar sua contabilidade, seguindo-se imune à fiscalização dos órgãos competentes, já que posar para foto na garagem da empresa para divulgação no órgão de comunicação do governo, sem apresentar autuação, não é fiscalização, é lorota de marketing interno provocado pelo desgaste do caso Enscon. As inações estruturais foram muitas. De outro lado, em sentido estrito, apesar das numerosas divulgações abstratas da secretaria de comunicação, o que se tem de concreto é aquilo de eleitoreiro que se viu no governo passado, como o anúncio da realização de cirurgia de catarata em regime de mutirão, e o asfaltamento de ruas com calçamento de pedra ou bloquete, tudo sempre levado à cabo com indispensável presença eleitoreira de Fabrício. 

Como visto, muitos podem ser os exemplos de que nada mudou no governo municipal do PT em João Monlevade, mas entre eles o que mais me chamou a atenção foi o recente asfaltamento de parte do acesso à abandonada Escola Santana, que é marco histórico e arquitetônico do modernismo local, tombado pelo artigo 150 da Lei Orgânica para fins de preservação e sua restauração foi promessa de campanha de Laércio. Primeiro, porque é preciso se pensar várias vezes antes de se asfaltar o entorno de um sítio histórico. Segundo, porque o asfaltamento se deu a poucos metros do leito do Rio Piracicaba, o que, sob a ótica ambiental, deve ser evitado. Ainda sob o ponto de vista ambiental, é cediço que a vias secundárias devem preferir o calçamento com bloquetes ou paralelepípedos, que permitem a infiltração da água da chuva e esquentam muito menos o ambiente. Monlevade é, geograficamente, constituída por vários vales, o que significa que o asfaltamento sem critério será sempre fator favorecedor de enchentes e de inundações, muito comuns, justamente, perto dali. E não é correto o cidadão ser vítima de inundação dentro de casa, apenas porque Fabrício que ser prefeito em 2024. Terceiro, porque o acesso recentemente asfaltado da Escola Santana só foi aberto ao trânsito local, depois de uma forte chuva que comprometeu o talude da Avenida Santa Cruz, logo abaixo, o que impediu o trânsito em mão dupla naquele ponto da via. Assim, caso não se tratasse de obra meramente eleitoreira, o que a administração deveria ter feito era reparar o talude da Avenida Santa Cruz, reabilitando o trânsito em mão dupla no local. Jogar asfalto sobre barranco cedente, Moreira também fez muito. Não é a mudança. E quarto, porque a foto do prefeito e do vice, no momento daquele asfaltamento, rapidamente, circulou as redes sociais, mas ninguém viu foto de pose de Laércio, mais Fabrício no Colégio Santana, a poucos passos dali, que se encontra em estado de completo abandono, degradação e cuja restauração foi promessa de campanha do PT. Volto a repetir, fosse para Laércio entregar o governo para Fabrício, como é evidente, ele deveria ter sido o vice de Raílton. Os setores políticos desenvolvimentistas do Município estariam muito mais bem representados e teríamos de fato um prefeito eleito a governar o Município, com resultados mais satisfatórios para o verdadeiro desenvolvimento. A preservação dos monumentos arquitetônicos e o domínio da história são fundamentais para a formação da identidade local e para determinar a forma como o cidadão lidará com o Município. Apesar de desconhecida, fustigada e abandonada, Monlevade tem uma história grandiosa, sem paralelo no Brasil, tendo vivenciado todos os ciclos da siderurgia industrial, desde os Marteletes Hidráulicos e o Carretões puxados por muitas juntas de bois de João Monlevade, passando pelo Martelo-Vapor de Francisco Monlevade, até a instalação da Companhia Siderúrgica Belgo Mineira, da Vila Operária de Louis Ensch e além. O desenvolvimento somente será retomado quando a história do Município for desestigmatizada, recontada e quando todos tiverem confidencia dela. Não há como mudar pensando sempre da mesma forma ou agindo sempre do mesmo modo.   

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