Então vamos lá, vamos parar de repetir as coisas como papagaios e vamos pensar, que é o que deveria distinguir o ser humano dos animais irracionais.
O atual sistema de televisão brasileiro composto pela Rede
Globo, SBT, Bandeirantes e Record foi quase todo montado durante a Ditadura
Militar que perdurou de 1964 a 1988. A Globo foi fundada em 1965, em função do
Golpe de 1964, pelo poderoso grupo de mídia estadunidense Time-Life, houve até
uma CPI na época, que obviamente, acabou em pizza. SBT e Bandeirantes foram fundados
em 1981 e 1967, respectivamente, ou seja, em plena vigência da ditadura. A
única que não foi fundada na ditadura foi a Record, que é de 1953. Contudo, a
emissora passou por vários donos e fazes, de tal modo que a Record que existe
hoje foi re-fundada em 1989, logo após a redemocratização, mas ainda dentro de
um sistema concebido pela ditadura. Só por este motivo, ou seja, por ter sido
fundado durante um regime ditatorial, o sistema de televisão brasileiro deveria
ter passado por uma reformulação completa, após redemocratização do país em
1988, coisa que nunca aconteceu. Se o Brasil se pretende uma democracia de
fato, ele jamais poderia conviver um sistema de mídia fundado sob os ditames de
uma ditadura.
Mas,
infelizmente, não pára por aí. Além de fundado pela ditadura, o sistema de
televisão aberto brasileiro também é um monopólio dissimulado. Muito embora
seja constituído por 4 canais de TV, não há ampla concorrência no sistema, pois
ele é formado por apenas uma grande emissora, a Rede Globo, e outras 3
emissoras médias, o SBT, a Band e a Record, situação que, por exemplo, não
acontece nos EUA, onde o sistema comporta 4 grandes emissoras, dezenas de
médias e centenas de pequenas.
E a Rede
Globo é a maior emissora não porque ela seja competente, etc, mas sim porque o
sistema fundado pela ditadura lhe concedeu de mão beijada o monopólio de 70% do
faturamento do setor. Na prática, nenhuma
outra emissora concorre com a Rede Globo, a não ser pontualmente. Se há alguma concorrência,
ela ocorre apenas entre as médias emissoras: SBT, Band e Record. Aliás, as
outras emissoras apenas existem para dissimular que o sistema não é um
monopólio da Globo.
Outra característica
indesejável do sistema é que ele é extremamente conservador por não contar com
um programa sério para se debater política. Não se engane, o Brasil só é o país
do futebol, porque o futebol é o tema mais pautado pela grande mídia brasileira
que ainda é a televisão. Se tivéssemos programas sérios para se debater
política na TV, já poderíamos ter resolvido muitos de nossos problemas. Ainda
há outras questões problemáticas. A Globo, por exemplo, é uma mídia sem ética,
o que é um erro grave civilizatório. A função da mídia é sempre a de
influenciar o comportamento das massas. Ela informa, enquanto influencia comportamento.
Ela entretém enquanto influencia comportamento. Os enredos das novelas da Rede
Globo são pautados pela “lei de Gerson” e exibem todos os expedientes de
desonestidade possíveis. Quem assiste é testemunha disso! Não tenha dúvida,
todo esse comportamento reprovável exibido nas novelas da Globo são replicados
na sociedade brasileira, pois é essa a função da mídia. A problemática ainda
atinge o SBT que é utilizado pelo seu proprietário para vender os produtos
financeiros e os bens de consumo que suas empresas comercializam, o que é
completamente antiético. Se você tiver à disposição um canal de TV para fazer
publicidade dos produtos comerciais ou financeiros de suas empresas, você também
ficará imensamente rico. E o cara ainda é idolatrado! A Bandeirantes, historicamente, é muito
voltada para o futebol. E como já dito, o Brasil só é o país do futebol porque
o esporte é um dos temas mais pautados pela TV brasileira. Se amanhã, o futebol
for banido da programação da TV e substituído pelo críquete, em menos de uma
década o Brasil se transforma no país do críquete. A Record é utilizada para cobrar dízimo e
vender coisa ungidas, situação ainda pior do que a do SBT.
O que o
Brasil precisa é de uma grande reformulação no seu sistema de grande mídia que ainda
é a TV. Se o Brasil se pretende uma democracia de fato, não pode mais conviver
com um modelo de mídia fundado e estruturado por um regime ditatorial, nem com
o monopólio de apenas uma emissora. Precisamos, urgentemente, de concorrência,
pluralidade e, portanto, de realizar a reforma dos meios de comunicação.
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