segunda-feira, 5 de novembro de 2018

De Pimentel à Zema



Pimentel pagou o alto preço da apolítica. Pimentel assumiu o governo de Minas e não foi nada político, não marcou posição, ficou em cima do muro, foi diplomático com o tucanato. Pimentel foi eleito governador de Minas e não cuidou de desmontar as estruturas tucanas aparelhadas no governo de Minas há décadas. Aqui em Monlevade, por exemplo, podemos citar as estruturas tucanas montadas no Hospital Margarida que, apesar dos gordos repasses do fundo estadual de saúde, foram mantidas vigentes durante o governo Pimentel. Foram tais estruturas que, por exemplo, elegeram Aécio Neves deputado. Pimentel aprendeu às duras penas que a diplomacia deve ser reservada apenas à relações exteriores, na política deve-se ter posição e coerência. 
Não votei em Anastasia, por motivos óbvios. Também não votei no Zema. Pela primeira, vez anulei meu voto para governador. Zema descobrirá em breve que pouco daquilo que funciona num negócio privado pode ser aplicado à administração pública. Zema fala, por exemplo, em cortar 80% dos cargos comissionados no governo de Minas. Ora, no presidencialismo de coalizão brasileiro, que também se aplica aos governos estaduais, o chefe do Executivo só consegue maioria para aprovação de seus projetos junto ao parlamento mediante o loteamento de cargos nas secretarias e nas estatais entre os quase 40 partidos da base aliada. Significa dizer que, caso Zema corte de fato 80% dos cargos comissionados em Minas, sem que se realize uma profunda reforma política no modelo presidencialista brasileiro, a qual sou totalmente favorável, o governador eleito perderá 80% de seu apoio na Assembléia, o que pode levá-lo até ao impeachment, como ocorreu com Collor e de Dilma. E Bolsonaro não fará a reforma política, pois governos conservadores, como o próprio nome diz, tendem a conservar o status quo. 
Contudo, ninguém é tão ruim que não possa se aproveitar alguma coisa. Dos últimos governadores que assumiram o governo de Minas, Zema é o que possui melhor perfil para desmontar as estruturas tucanas vigentes, que tanto neutralizam as instituições. E se ele fizer só isso, já será alguma coisa. Só não se sabe a que custo.

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