A data de hoje marca os 51
anos do Golpe de Estado que instalou a Ditadura Militar no Brasil. Foram mais
de duas décadas de um regime violento e despótico que não apenas atrasou
sobremaneira o desenvolvimento deste país, como também revelou o quanto a
elite brasileira é mesquinha, míope, retrograda e, umbilicalmente, atrelada a
interesses que não são os nacionais.
Ao contrário do que povoa o
imaginário nacional, o Golpe de 64 não foi concebido pelos militares.
Eles se prestaram apenas a instrumento da barbárie. O golpe foi engendrado pela
chamada Elite Brasileira, composta pelos latifundiários, oligarcas, pelos donos
dos grandes meios de comunicação e de produção, banqueiros, etc, que,
articuladamente, se insurgiram contra as Reformas de Base pretendidas pelo
governo do presidente, então, deposto João Goulart.
As alegadas indisciplina e
quebra de patente foram apenas um pretexto utilizado pelos militares para o
desfecho daquele 1° de abril, dia da mentira. Na verdade, quem perpetrou o
golpe contra a nação, como se deve frisar, foi a, historicamente, “favorecida”
elite brasileira, que naquele momento se encontrava aterrorizada diante
da perspectiva de um país, integralmente, moderno, mais justo e afastado dos
ranços do Brasil-Colônia, das Capitanias Hereditárias e dos coronéis.
Foi a elite que, naquele
momento, não aceitou a reforma agrária, a reforma política, a reforma
educacional, a reforma tributária e tantas outras pretendidas naquele momento e
que, 50 anos depois, ainda são, justamente, a mesmas demandas por esse país.
Ora, se hoje, nada data de 1°
de abril de 2015, o Brasil ainda demanda, fundamentalmente, por todas aquelas
reformas que não foram implementadas em 1964,
a lição objetiva que fica da Ditadura Militar só
pode ser uma: que aquele golpe atrasou este país em, pelo menos 51 anos.
Tivéssemos efetivado aquelas reformas naqueles idos, hoje, certamente,
estaríamos muitíssimo mais perto do desenvolvimento que tanto almejamos e que
nunca chega. Certamente, sob o ponto de vista econômico, o Brasil poderia hoje
ocupar no mundo o lugar que é da China. Mas, a elite assim não o quis...
E nesta amarga e salgada conta
deixada por mais de duas décadas de ditadura, além dos mortos, dos perseguidos,
dos desaparecidos e de todas as violações contra a condição humana que
ocorreram, também deve ser contabilizado talvez o mais pesado legado
daqueles anos de trevas a reverberar nos dias atuais: uma classe política
corrupta e descompromissada com a responsabilidade de administrar a Coisa
Pública.
Ocorre que durante a Ditadura
Militar, os políticos brasileiros foram forçados a entregar a gestão do país
aos militares, criando-se, assim, durante os mais de 20 anos que se seguiram,
toda uma geração de políticos “desabituados” das questões administrativas
nacionais e protegida por um sistema em que não havia independência entre os
poderes, liberdade de imprensa, de comunicação e de opinião, ou seja, um
ambiente perfeito para propagação da corrupção generalizada, que se verifica
até hoje. Com o fim da ditadura, essa mesma classe política de
“desabituados” voltou ao governo da nação, no entanto, já inserida dentro de
uma cultura política, completamente, avessa às questões administrativas do
país. Significa dizer que esses políticos incompetentes e corruptos de hoje
são, em grande medida, filhos e netos dessa ditadura que alguns desavisados
ainda têm a coragem de defender.
E não é só isso. O atual sistema político não representativo e o modelo esquizofrênico de Presidencialismo de Coalizão Brasileiro, além do sistema tributário e do sistema de grande mídia vigentes, ainda são aqueles instituídos pelos militares nos anos de chumbo.
E não é só isso. O atual sistema político não representativo e o modelo esquizofrênico de Presidencialismo de Coalizão Brasileiro, além do sistema tributário e do sistema de grande mídia vigentes, ainda são aqueles instituídos pelos militares nos anos de chumbo.
Como se vê,
apesar de passados 51 anos do Golpe Militar de 64, o Brasil ainda vive as
conseqüências diretas e indiretas da ditadura. E neste sentido o que o Brasil
precisa é de antídoto contra a ditadura e não de sua restauração como alguns
andam proclamando. Daí, a necessidade urgente das reformas.
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