O que não se sustenta, naturalmente, é artificial e toda artificialidade
está fadada ao fracasso. A matéria de capa do Caderno Variedades, veiculado
junto da edição da ultima sexta-feira do Jornal A Notícia é caso desses.
Com o título “Os caminhos da nossa história: circuito da
Arcelormittal é patrimônio da memória” e em clima de comemoração pelos 51 anos
de João Monlevade, o impresso trouxe matéria extensa sobre o projeto “Visitas
da Arcelormittal Monlevade”, através do qual o cidadão monlevadense poderia, em
tese, ter acesso a roteiros de visitação aos prédios históricos que se
encontram sob o domínio da Arcelormittal.
Sem dúvidas que o parque histórico monlevadense é de imensa
importância memorial, cultural e identitária para o povo de João Monlevade,
pois compreende edifícios, monumentos e sítios que vão deste a Forja Catalã
Industrial de Jean de Monlevade, instalada a partir de 1825, até o início da
construção dos edifícios neoclássicos e da Vila Operária, a partir de 1935. É
bom lembrar que parte do rico casario neoclássico já foi demolida pela própria
siderúrgica (Praça Ayres Quaresma) para dar lugar a um estacionamento de
carretas dentro da Usina.
Agora, apresentar todo um roteiro de visitação aos sítios
históricos de João Monlevade e, ao final da matéria, dizer que o projeto está suspenso é muito
pedante, artificial e um erro passional de conclusão. Natural seria se o título
do caderno tivesse sido: Monlevade completa 51 anos sem poder visitar os sítios
históricos.
Pior ainda é a tentativa de embutir nos corações e mentes do
monlevadense a informação de que Mittal preserva alguma história em João Monlevade.
Além da suspensão das visitas, o Centro Histórico se
encontra, completamente, imundo. Prédios históricos, como o Cassino, se
encontram em estado de semi-abandono. A Matriz de São José demanda pintura
externa para que seja restaurada sua cor original e, até o momento, Mittal não
contribuiu com apenas um centavo. A respeito dos objetos e documento históricos
em posse da Mittal, não existem catálogos, inventário, nem nada parecido, ou
seja, além de não se ter acesso ao acervo também não existe controle sob o
mesmo, o que favorece os extravios e outras coisas mais.
Ninguém questiona a importância histórica e econômica da
siderurgia em João Monlevade. No
entanto, é preciso que as informações relativas ao setor circulem no município,
despidas das passionalidades que a conveniência ou o poder econômico tende a
exercer sobre determinados meios de comunicação. Pois, só assim, diante da
verdade nua e crua, a população poderá contar com subsídios realistas para
decidir, corretamente, as questões envolvendo a siderurgia local.
E neste tema particular, ou seja, na preservação da história
de João Monlevade, cabe destacar que essa relação passional existente entre o
poder econômico e meios de comunicação
locais já conduziram a população a erro no passado, que foi a demolição da
Praça Ayres Quaresma.
Certamente, que, naquela época, se os órgãos de imprensa locais tivessem promovido um debate verdadeiro sobre o destino daquele casario neoclássico, a Praça não teria dado espaço a um estacionamento de carretas, tão facilmente, como foi.
Certamente, que, naquela época, se os órgãos de imprensa locais tivessem promovido um debate verdadeiro sobre o destino daquele casario neoclássico, a Praça não teria dado espaço a um estacionamento de carretas, tão facilmente, como foi.
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