O verdadeiro apocalipse que se verificou após o rompimento
de duas barragens de rejeitos da mineração do ferro no município de Mariana – a
primeira Capital de Minas Gerais – nada mais é do que o resultado direto do
mais selvagem modelo minerário vigente no mundo, num país onde as relações
pessoais e institucionais replicam o contexto de patifaria, desonestidade,
tramas e esperteza, no oba-oba nacional transmitido, diariamente, pela Grande Mídia
Brasileira: as novelas da Globo. O resultado não poderia ser outro num Brasil
em que a Lei de Gerson é a única a circular pelos meios de comunicação
tradicionais e, assim, o dinheiro cala, compra e corrompe a uma imensa maioria.
As barragens se romperam porque as imensas somas de dinheiro,
que rende o Ciclo da Mineração do Ferro, compraram a todos. Compraram bancadas
inteiras de deputados e senadores no Congresso. Compraram a mídia. Compraram a
fiscalização. E todos se venderam porque a grande mídia é a novela da Globo e a poderosa emissora dos Marinhos conduz o imaginário nacional para a desonestidade geral.
A escola também não faz formação ética e o modelo tradicional de família é cada
vez mais flexibilizado por esta mesma mídia.
Digam o que for de Portugal, mas na época do Brasil-Colônia
havia formação moral. Minas se fundou em meio a maus costumes, selvageria, ganância
e a Guerra dos Emboabas. E dentro daquele contexto de violência, Dom João V,
imediatamente, ordenou que a Igreja se instalasse “para moralizar as Minas”. Não
faço aqui defesa da Igreja, mas foi ela a responsável pela formação moral do
mineiro durante quase 3 séculos. E hoje, onde o cidadão comum faz sua formação ética?
Em lugar nenhum! Ao contrário, a mídia conduz no sentido oposto.
Durante a colonização portuguesa, o sistema minerário
vigente também era muito mais democrático, justo e producente do que o atual.
Segundo o Regimento das Minas, quem descobrisse a jazida de ouro tinha o
direito de minerá-la. Até mesmo aos escravos era concedido o direito de minerar
o ouro aos sábados e nos dias santos e, assim, milhares compram sua alforria. Nada
alforriou mais escravos no Brasil do que o Ouro Mineiro!
Hoje, em Minas, se mineiro se dirigir ao aluvião e apurar
algum ouro, mesmo utilizando métodos artesanais, ele é imediatamente preso pela
Polícia Ambiental. Mas, a Vale e outras grandes mineradoras, muitas delas
multinacionais, todas podem minerar à vontade. Também se pagava muito mais
imposto sobre a mineração naquela época. O Quinto era de 20% sobre a produção
bruta do ouro. Atualmente, as grandes mineradoras não pagam mais que 3% de seu
lucro em royalties da mineração.
Em Minas, o ouro criou tudo! Foi o metal precioso que delimitou
as fronteiras mineiras, com exceção da região do Triangulo que seria anexada
posteriormente. Foi o ouro que amalgamou a fabulosa civilização que aqui se
formou, urbana, riquíssima em diversidade, cultura e sofisticada nos meios,
modos e costumes. O ouro pagou por tudo que era conhecido e disponível no
mundo, naquela época, as artes, as letras, a religião e até pensamentos de
liberdade, impelindo a queda de barreiras, dinamizando as relações e criando o
que, até então, era considerado o improvável na Américas. Aliás, Minas é
reconhecida por historiadores como o terceiro grande movimento civilizatório do
continente Americano, ficando atrás apenas dos Astecas e Incas.
E hoje, o que o Ciclo do Ferro produz para Minas, além de
cada vez menores postos de trabalho e catástrofes colossais? Qual é a civilização
mineradora que temos? A Civilização da lama ferruginosa?
Levanta da lama, Minas Gerais. Por muito menos seus patronos promoveram insurreições históricas. Honra a memória de Felipe dos Santos, Cláudio Manoel e Tiradentes. A lama não é lugar para Minas Gerais!
Levanta da lama, Minas Gerais. Por muito menos seus patronos promoveram insurreições históricas. Honra a memória de Felipe dos Santos, Cláudio Manoel e Tiradentes. A lama não é lugar para Minas Gerais!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Ofensas e denúncias infundadas serão riscadas ou excluídas a critério do autor do Blog. Obrigado pelo comentário.