Vejo-me impelido a seguir discorrendo
sobre o editorial do jornal A Notícia, não apenas pelo antecipado e descarado engajamento do mesmo no fronte eleitoral de 2016, como também pela manchete,“Crise pode
parar laminador da Arcelor”, estampada na capa da última edição do
ex-bi-semanário .
Voltemos, então, a um passado não muito distante, 1984, quando
foi fundado o Jornal A Notícia. 1984 foi ano de ditadura, em que ainda havia
muita censura e somente circulavam impressos avalizados pelo regime do generais. Naquele ano, foram co-fundadores do Jornal A Notícia, Márcio Passos e João
Carlos Guimarães. Pouco tempo depois e não mais que de repente,
o segundo co-fundador do jornal se tornou assessor de comunicação do que ainda sobrava da saudosa Belgo-Mineira.
A partir daí, passou a vigorar no meio de comunicação local
um triste binômio em que o jornal A Notícia fazia circular conteúdo cuja conclusão era a de que o setor siderúrgico não podia ser questionado, no Município, colocando a Usina dentro de uma
redoma de cristal, que ela nunca coube. Com isso, a
assessoria de comunicação da poderosa Siderúrgica passou a se ver em céu de brigadeiro, pois num contexto em que não podia ser questionada, a Usina não tinha o que comunicar. E dessa forma, sem comunicar, sem debater com a comunidade, ela fazia
o que queria, como queria, na hora que queria.
Foi assim, por exemplo, com a maior destruição de patrimônio
histórico-arquitetônico do história de João Monlevade, a demolição do casario
neo-clássico da Praça Ayres Quaresma. A Usina mandou murar o arco do viaduto no
Morro do Geo, fechou a via pública, demoliu tudo, com exceção do Colégio Estadual o ex-bi-semanário se fez de cego e mudo, afastando-se do dever de estimular o debate sobre a questão.
Acontece, que não é por coincidência que a Usina tenha se fechado tando para o Município, após a entrada em vigor do dito binômio. Monlevade tem perdido muito com isso, assim como a imagem de Mittal. Não é por menos que o nome do indiano tem sido evitado nas manchetes do jornal A Notícia.
É preciso sensibilidade para perceber que mudanças são demandadas, país afora, não apenas no capo da política. Aliás, o que o brasileiro quer é qualidade de vida. E não há como Monlevade dar um salto na qualidade de vida, enquanto perdurar um binômio que visa afastar dos debates as ações do grande capital, que repercutem, diretamente, nos monumentos históricos, na paisagem, no meio ambiente, na infraestrutura e em vários outros setores do Município.
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